Governo anuncia construção de primeiro hospital indígena em Roraima
Unidade terá como objetivo apoiar o atendimento ao povo yanomami; obras devem começar neste ano
A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, anunciou, na quinta-feira (22), a construção do primeiro hospital exclusivo para indígenas em Boa Vista, Roraima. Segundo ela, a unidade terá como objetivo apoiar o atendimento ao povo yanomami, que continua enfrentando uma grande crise sanitária com casos de malária e desnutrição.
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A intenção de Guajajara é assinar um protocolo com a Universidade Federal de Roraima e a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) para iniciar as obras da unidade hospitalar ainda este ano. A ministra também pretende conversar com a população para assegurar as particularidades na assistência à população yanomami.
“Saímos do estado de ações emergenciais para ações permanentes a partir da instalação da Casa de Governo em Boa Vista. Serão 13 órgãos de governo que estarão presentes para garantir a implementação das ações necessárias pelo território”, disse a ministra.
Além da criação do hospital, a pasta planeja construir e reformar mais 22 unidades básicas de saúde indígena, reformar a Casa de Apoio à Saúde Indígena (Casai) de Boa Vista e inaugurar o centro de referência contra desnutrição na região do Surucucu. Uma portaria para regulamentar a nova Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas também deve ser apresentada ainda neste ano.
Crise no território yanomami
O anúncio do governo federal ocorre no momento em que os yanomamis enfrentam altos índices de morte por malária e desnutrição. Dados do Ministério da Saúde apontam para 363 mortos no território em 2023 e 343, em 2022. Para a pasta, o cenário é causado, sobretudo, devido à presença de garimpeiros ilegais na região.
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“Nós passamos a atuar em um território invadido por mais de 30 mil garimpeiros. Essa presença gera contaminação dos rios, afasta a caça, altera os modos de vida do povo yanomami, inclusive de produção de alimentos. Gera malária, desnutrição e tem afetado ações de saúde”, disse Weibe Tapeba, secretário de Saúde Indígena da pasta.