"Não vejo guerra entre GSI e PF", diz comandante da segurança de Lula
Em breve, haverá transição entre policiais federais e os militares, afirma Amaro

SBT News
O ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Marcos Amaro, afirmou ao SBT News que a partir de 1º de julho os militares devem retomar as atividades para a segurança pessoal do presidente Lula.
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
Em 30 de junho vence o decreto que criou a Secretaria Extraordinária de Segurança Imediata da presidência, chefiada atualmente pelo delegado federal Alexsander Oliveira. O ministro negou que exista uma disputa entre o Gabinete de Segurança Institucional e a Polícia Federal.
"Não existe nenhuma guerra de minha parte, eu só entendo que existe um fundamento de unidade de comando que hoje não está sendo atendido e existe uma definição de prazo para a segurança completa retorno para o GSI" destacou o general.
O general também disse que deve ter uma agenda com o presidente Lula nos próximos dias para tratar do assunto e considera que a pauta do encontro vai ser como irá acontecer a transição entre os agentes federais e os militares.
Para o ministro do GSI, não existe necessidade de fazer a defesa da retomada dessas atividades porque o próprio decreto que criou a Secretaria Extraordinária tem o prazo do fim dessa "exceção" criada antes de Lula assumir na transição de governo ainda em 2022. "Eu vou conversar com o presidente para ver como vai acontecer essa transição de uma situação para outra".
O militar também disse que falou algumas vezes com o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, e que conta com o federal para fazer a transição. Rodrigues viajou com Lula para o Japão e tenta convencer o presidente a renovar o modelo usado desde o início do terceiro mandato, mantendo assim a segurança imediata do presidente com a PF.
Para garantir a retomada da interlocução entre Lula e os militares, o general Amaro afirmou que ainda está escolhendo os oficiais que irão ocupar cargos-chave no ministério, como a secretaria que monitora as questões cibernéticas.
Antes do ministro assumir a pasta no início de maio, Ricardo Cappelli, que ficou interinamente no cargo, fez mais de 100 exonerações no Gabinete de Segurança Institucional de militares no processo que foi chamado de "desbolsonarização" por causa da identificação política deles com que o ex-presidente Jair Bolsonaro.
O ministro disse que na escolha dos nomes está avaliando o currículo, mas também busca militares que já tenham tido funções em outros governos petistas. O coronel do Exército Laurence Alexandre Xavier Moreira foi nomeado na semana passada como diretor da Secretaria de Segurança e da coordenação presidencial do GSI. O militar já teve cargo no ministério em 2022 e também nos dois primeiros mandatos de Lula.
"Esse coronel já trabalhou aqui por quatro anos sendo coordenador e supervisor de segurança presidencial como oficial já realizando a segurança do próprio Presidente da República, então, é um fator a ser considerado logicamente. Nós queremos ganhar tempo para retomar essas atividades todas que estão de certa forma incompletas".
Amaro assumiu a pasta depois da crise provocada com a revelação de imagens que estavam sob sigilo e que mostraram o general Gonçalves Dias, que deixou o cargo em abril, na antessala do gabinete presidencial em 08 de janeiro sem ação diante da invasão de golpistas no Palácio do Planalto. O general Marcos Amaro evitou criticar o antecessor e disse que na semana que vem vai concluir a sindicância aberta para apurar a conduta de militares que por ação ou omissão podem ter contribuído com a depredação na sede do Executivo.
ABIN - Agência Brasileira de Inteligência
Na entrevista para o SBT News, o general Amaro também negou que tenha pressionado para que a Agência Brasileira de Inteligência, que por decreto passou a estar vinculada à Casa Civil no início deste ano, voltasse a ser responsabilidade do Gabinete de Segurança Institucional. Na quarta-feira (24.mai), os parlamentares votaram na comissão mista relatório da Medida Provisória que criou os 37 ministérios do terceiro mandato de Lula prevendo a retomada da ABIN no organograma do GSI.
"Eu nunca postulei o retorno da ABIN para o Gabinete de Segurança Institucional.O que importa para o nosso GSI é que os conhecimentos produzidos na ABIN aqueles dos quais necessitamos que nos permite gerenciar crise que esses conhecimentos continuem chegando aqui para o gabinete" ressaltou o ministro.
O general que trabalhou com a ex-presidente Dilma Rousseff evitou tratar das questões que envolvem o Ministério da Defesa e o envolvimento de militares com a política partidária. O ministro Múcio Monteiro quer que integrantes das forças que estão vinculados a partidos políticos sejam obrigados a ir para a reserva.
Ao ser questionado sobre o assunto, o general Marcos Amaro resumiu: "o governo já adotou uma posição, trabalhada com o Ministério da Defesa, essa é a posição do governo não vou comentar".
CACs x Exército
O ministro do GSI também afirmou que acredita que existe espaço atualmente para que o governo discuta mudanças nas regras para concessão dos Certificados de Registro das armas para colecionadores, atiradores desportivos e caçadores, os CACs.
O ministro da Justiça, Flávio Dino, está com a minuta para mudar as regras e tornar mais rígido o sistema de liberação pronta. O texto ainda não foi divulgado, no entanto, o Exército que faz o controle das armas de uso restrito como fuzil poderá perder atribuições. "Tem que se estudar a legislação e ver o que é melhor para o país. Mas existe margem para estudar uma mudança", concluiu o general Amaro.
Assista à íntegra da entrevista com o general Marco Amaro: