Entidades criticam medalha de mérito indigenista a Bolsonaro
Após Sydney Possuelo, que comandou Funai, devolver medalha recebida há 35 anos, Apib pedirá anulação do ato
Horas depois do presidente Jair Bolsonaro (PL) ter recebido a medalha de mérito indigenista, entidades que atuam em defesa das causas do grupo divulgaram críticas ao ato. A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) chegou a anunciar, nesta 6ª feira (18.mar), que houve desvio de finalidade e que a articulação entrará na Justiça com o pedido de anulação da homenagem.
"Estamos trabalhando para que essa medalha não seja usada como moeda de troca ou como título concedido a pessoas que não desempenham nenhum tipo de serviço relevante para nós, povos indígenas", disse o coordenador jurídico da Apib, Eloy Terena.
O indígena também destaca declarações de Bolsonaro contra a demarcação de territórios e incentivos ao garimpo. A ação veio um dia após Sydney Possuelo, ex-presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai) e uma das referências sobre o indigenismo no país, ter devolvido a medalha que recebeu há 35 anos, como forma de protesto contra o governo.
Junto à medalha, Possuelo entregou uma carta em protesto ao ato do ministro da Justiça, Anderson Torres. O sertanista disse estar ofendido e declarou que a honraria perdeu a razão. "Entendo, senhor ministro, que a concessão do Mérito Indigenista ao senhor Jair Bolsonaro é um flagrante, descomunal, ostensiva contradição em relação a tudo que vivi e a todas as convicções cultivadas por homens da estatura dos irmãos Villas Boas", escreveu.
A decisão em dar a medalha ao presidente partiu do próprio governo. O ministro da Justiça condecorou também outros oito ministros: Braga Netto (Defesa), Tereza Cristina (Agricultura), Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos), Augusto Heleno (GSI), Luiz Eduardo Ramos (Secretária-Geral), Tarcísio de Freitas (Infraestrutura), João Roma (Cidadania) e Marcelo Queiroga (Saúde).