Pazuello pode ser punido por participar de ato pró-Bolsonaro no Rio, diz Mourão
Vice-presidente já entrou em contato com comandante do Exército e "colocou a cabeça no cutelo"
André Anelli
O vice-presidente Hamilton Mourão disse que o ex-ministro da saúde general Eduardo Pazuello pode ser punido pelo Exército por ter participado da manifestação a favor do presidente Jair Bolsonaro, no Rio de Janeiro, no último domingo (23.mai). Mourão disse inclusive que o próprio Pazuello já entrou em contato com o comandante do Exército e "colocou a cabeça no cutelo", entendendo que cometeu um erro ao aparecer publicamente em um evento de cunho político.
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Segundo Mourão, o acontecimento será avaliado de acordo com o anexo 1 do regulamento disciplinar do Exército. As punições podem variar de advertência a prisão. "O regulamento prevê que o comandante do quadrante faça a entrega ao militar de uma ficha de apuração de transgressão disciplinar, onde tá descrito o fato. Ele [Pazuello] tem até 72 horas pra apresentar suas razões de defesa e a partir daí, o comandante analisa, à luz de fatores agravantes e atenuantes", explicou o vice-presidente.
O próprio Mourão, no entanto, disse que as punições previstas podem ser atenuadas, caso Pazuello peça transferência para a reserva do serviço militar.
A aparição de Pazuello em ato político pró-Bolsonaro aconteceu ao final de um passeio de moto do presidente, no Rio de Janeiro, no último dimingo. O evento reuniu milhares de apoiadores do governo e gerou aglomerações, que podem disseminar a Covid-19. Mourão não quis comentar o ato considerado impróprio por autoridades de saúde e disse que, por uma questão ética, não pode se posicionar a respeito de ações do presidente.
Leia os principais trechos da entrevista de Mourão:
Punição de Pazuello
"É uma questão interna do exército que tem que ser resolvida por ele, de acordo com os nosso regulamentos. O regulamento disciplinar do Exército prevê que se avalie o tipo de transgressão que eventualmente foi cometida e que consequentemente se aplica a punição prevista para o caso."
O regimento interno
"O regulamento disciplinar do Exército, no seu anexo 1, tem uma série de transgressões entre elas, pode ser enquadrada essa presença do general Pazuello nessa manifestação que é de cunho político. O regulamento prevê que o comandante do quadrante faça a entrega ao militar de uma ficha de apuração de transgressão disciplinar, onde tá descrito o fato, ele tem até 72 horas para apresentar suas razões de defesa, e a partir daí o comandante analisa à luz de fatores agravantes e atenuantes e aí as punições vão de advertência à prisão."
Transferência para a reserva
"É uma questão interna do Exército, mas ele também pode pedir transferência pra reserva e atenuar o problema."
Politizar dos quartéis
"Não. Acho que o episódio será conduzido à luz do regulamento e isso tem sido muito claro em todos os pronunciamentos dos comandantes militares e do próprio ministro da defesa. Eu já sei que o próprio Pazuello entrou em contato com o comandante informando ali, colocando a cabeça dele no cutelo, entendendo que ele cometeu um erro."