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EXCLUSIVO: Assista à íntegra da entrevista com o Ministro da Saúde

Eduardo Pazuello conversou com o SBT News sobre a pandemia de covid-19

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O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello
• Atualizado em
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SBT News - Como o senhor vê essa decisão do Supremo Tribunal Federal de permitir que estados e municípios façam sanções a quem não quiser se vacinar contra a Covid-19? 
Eduardo Pazuello
- É uma decisão que eu vejo com naturalidade porque é uma coisa que já estava prevista em lei e só está sendo ratificada. Define que o Ministério da Saúde ainda vai dizer, cabe a nós, em princípio, dizer quais serão essas restrições e onde seria restrito uma pessoa que não tem vacina, por exemplo, ir para um determinado país, ou evento, para ir a um cargo público, às vezes se exige algum tipo de vacina. São as cláusulas que já acontecem naturalmente. Isso é uma coisa natural. Será avaliado e, claro, nós achamos que isso aconteceu com muita naturalidade. Não é uma obrigação forçada. Ninguém vai tirar você da sua casa para vacinar. Isso ficou claro na posição do Supremo.

Acabou repercutindo como uma derrota do governo. O senhor não vê dessa maneira?
Eu acredito que continua sendo voluntária, mas aqueles que não tomarem a vacina, assim como todas as vacinas, algumas restrições poderá haver. E eu acho que está bem claro na decisão de forma unânime.

O presidente Jair Bolsonaro criticou essa decisão do Supremo e falou que não vai haver vacina para todo mundo. Qual é sua avaliação?
Existe um cronograma e, dentro dele, será disponibilizada para todos no nosso país. Claro que existem grupos prioritários. Chegando ao final de um cronograma, considerando as entregas dos laboratórios, as produções nacionais, os registros da Anvisa, a logística como um todo, então, ao final do cronograma, termos disponibilizado -- e é essa a palavra correta -- para todas as pessoas do nosso país. De forma grátis, universal, igualitária e dentro de uma sequência. 

Mas não para crianças e adolescentes, não é?
Nas fases de testes, nem todas as vacinas chegaram na testagem para garantir a segurança e eficácia em crianças e adolescentes, em alguns casos. É uma análise que precisa ser muito bem clara onde ela foi testada, onde ela deve ou não ser aplicada. Para cada grupo, cada momento, é um tipo de vacina. Quando tiver vacinas que foram testadas em crianças e adolescentes, sim, podem ser disponibilizadas.

Como o senhor vê a decisão do STF de permitir que estados e municípios possam comprar vacinas sem o aval da Anvisa, desde que elas tenham conseguido autorização de outras agências sanitárias internacionais?
Essa é uma decisão liminar, ainda vai a plenário, então vamos aguardar um pouco. Mas vamos fazer um exercício de que isso seja para valer. Fica claro na decisão que o PNI (Plano Nacional de Imunização) é a resposta nacional. E caso o PNI falhe, não atenda aquele estado, ele abre a exceção para o estado. Em princípio, o PNI vai atender a todos os estados. Com relação a não ouvir a Anvisa, nossa defesa em relação a segurança e eficácia é a Anvisa, essa é a defesa do povo brasileiro, se nós tirarmos essa defesa, estamos expostos ao que a gente não conhece. Decisão de justiça não se questiona, se cumpre. Mas, enquanto não temos a decisão em plenário, eu te coloco uma posição simples: esta é uma análise de como funciona. Se você simplesmente pega uma vacina com registro em uma agência internacional, ou com uma autorização emergencial em uma agência reguladora internacional, e replica no Brasil, nós temos que lembrar que temos grupos étnicos diferentes, os testes não foram feitos na nossa população, não há uma garantia que para o nosso povo, nosso bioma, clima funcione  da mesma forma para o anglo-saxão, ou asiático, ou africano. É muito importante a gente lembrar que isso tudo é visto na análise da Anvisa. Então, se você tirar isso tudo, a gente pode por em risco a nossa população.

O senhor vê essa decisão como uma consequência da pressão dos governadores?
Não vejo uma pressão dos governadores. Talvez de um grupo pequeno de governadores. Eu recebo aqui a maioria, a posição sempre é de apoio total do processo que está sendo feito, dizendo "olha, estou aguardando e vou continuar aguardando e confiando no trabalho do Ministério da Saúde, da Anvisa, porque não ou expor a população a nenhum tipo e risco". Podem ter governadores que tenha outras posições.

Com mil mortos por dia, dá para dizer que vivemos a segunda onda? 
Antes e mais nada, quando a gente fala de mil mortes são mil pessoas. A gente não pode falar nunca de números sem definir claramente que isso é um choque emocional para todos nós. E é para evitar mortes que a gente continua trabalhando, temos que salvar vidas. As pessoas tratam com muita naturalidade os números, às vezes na televisão, na mídia, quando na realidade são pessoas. E é o que faz todo o sistema trabalhar 24 horas, para salvar vidas. Temos que lembrar que quando a gente conclui uma onda, um impacto, você pode ter uma nova onda. Nós não concluímos o primeiro impacto. Nós temos uma redução e uma oscilação no mesmo impacto. O nome correto para isso é uma nova oscilação. Sim, uma oscilação grave, subindo bastante o número de contaminação, mas tem um lado que precisa ser observado. A curva de óbitos não segue a mesma amplitude da curva de contaminação. Representa que o trabalho dos nossos profissionais de saúde, os protocolos que estão sendo utilizados, as estruturas que foram desdobradas têm dado um bom resultado no processo de salvar vidas. Essa é a primeira análise? Quando isso estará efetivamente controlado?  A vacina é peça fundamental no controle dessa subida par trazermos para um grau de normalidade? Sim, a vacina é peça fundamental para o controle da contaminação e é por isso que a gente trabalha nessa direção o tempo todo. Até onde vai subir? É uma doença completamente desconhecida. Na maioria das regiões do norte e do nordeste do país não houve uma oscilação forte, não houve segunda oscilação nenhuma. O sul e sudeste, que impactou depois e não teve uma curva muito acentuada, você nota duas curvas mais alongadas.

Pela avaliação do Ministério, por que isso acontece? É pela diminuição do distanciamento social?
Temos que observar o que aconteceu de diferente no ponto de inflexão da descida para a subida. Houve alguma coisa diferente. Nós tivemos o processo eleitoral. No pleito municipal, tivemos comícios, carreatas, comemorações dos vitoriosas em um vírus que se propaga pelo contato, temos que entender que isso impacta a curva. Eu coloco como um dos grandes fatores para termos o reinício da subida o processo eleitoral. Além e outros processos, como a diminuição das medidas preventivas, porque a queda radical faz com que as pessoas se cansem do álcool em gel, da máscara, do distanciamento social. E o afastamento social não tem nada a ver com isolamento. É distanciamento para estarmos em segurança. Ou no restaurante, ou no ônibus, ou na praia, na escola, no trabalho. Você evitar ficar próximo suficiente para contaminar as pessoas. O retorno das atividades, com o relaxamento das medidas preventivas mais as eleições fazem com que as curvas subam. 

Como o senhor falou da questão do distanciamento social, na semana passada, circulou uma foto sua na casa do governador Ibaneis Rocha, do Distrito Federal, sem máscara, abraçado com as pessoas. O senhor foi muito criticado por isso. Gostaria de saber qual é seu posicionamento?
Eu fui encontrar o Zezé Di Camargo. Combinamos um almoço na casa do governador, onde eu fui convidá-lo para participar da campanha de vacinação. Ele, como sendo uma figura pública, um ícone da canção sertaneja, uma pessoa íntegra e seria muito bacana ele participar, então eu convidei. Depois, ele ia estar analisando com os empresários se ele pode ou não fazer uma campanha por causa dos contratos dele. Mas ele foi muito compreensivo e na hora disse "estou à disposição para o que precisar". E, quando acabou isso aí, fomos tirar uma fotografia. Eu e ele. E, dali, as pessoas chegaram em volta. Então, às vezes você acaba não conseguindo fazer o que prescreve os afastamentos e os cuidados, né? Por isso que? acontece. Não é o correto. Então fico aqui, claro, o correto é manter o afastamento e estarem todos de máscaras. Foi no rompante de levantar e agradecer pela pronta resposta do Zezé e como ele é um ícone, as pessoas chegaram para tirar a foto. E acabou ali o evento, hein? Dalí eu estava levantando para ir embora. 

O senhor não participou da cantoria?
Não, nada. Infelizmente.

Alguns países já até começaram a vacinação. O Brasil ainda nem comprou as vacinas, ainda está em negociações. A gente está atrasado nessa corrida?
Essa informação precisa ficar mais clara. A primeira negociação de aquisição de vacinas ela foi feita pelo modelo de transferência de tecnologia. Usamos a Fiocruz e escolhemos a melhor parceria que nós vimos à época, a Astrazeneca com Oxford Fizemos reuniões aprofundadas, memorando de entendimento e fizemos a contratação da transferência da tecnologia da produção do insumo tecnológico, uma tecnologia nova, que o Brasil não domina. É uma tecnologia atual para vários tipos de vacina que o Brasil não fabrica. Nessa incorporação, já vêm 100 milhões de doses ainda com IFA (princípio ativo) importado. Mas já temos 100 milhões de doses pagas. A Fiocruz envasa esse IFA e está pronta a vacina. Serão 15 milhões de doses a partir de janeiro, mais 15 milhões em fevereiro, fechando 100 milhões em junho. Já com a tecnologia incorporada, a gente começa a produzir o IFA a partir de julho, em torno de 120 milhões de doses fabricados na Fiocruz. Então, quando se fala que não tem vacinas compradas e que estamos negociando, começa com 220 milhões de doses já compradas. Segundo, o Brasil se associou a um consórcio da OMS chamado Covax Facility, que engloba 10 laboratórios do mundo. Esses laboratórios foram bancados pelo consórcio para desenvolver as vacinas até o registro. E, a partir do registro, esses laboratórios entregam para os consorciados. O Brasil aderiu ao consórcio, já pagamos a adesão, já temos direito à produção dos dez laboratórios e já optamos por 42 milhões de doses, que seriam 10% da população (contando que são duas doses por paciente). O contrato está pronto de adesão ao Covax. Já temos 42 milhões de doses garantidas. Já são 262 milhões. Há dois meses e meio fizemos o memorando de entendimento com o Butantan. Isso nos deu 46 milhões de doses negociadas. Paralelo a isso, fizemos convênio para aumentar a capacidade de produção das vacinas do Butantan. É muito importante compreender e a gente separa muito a nossa relação com  Butantan da nossa relação com o governo do estado. Eu não tenho relação com o governo do estado. Claro que você fala com um secretário, claro que você atende uma ligação de um governador, mas a relação com o Butantan é técnica e ela é contínua. O Butantan fornece 70% das vacinas que a gente usa no país. Todo dia tem negociação com o Butantan. São 2,5 bilhões/ano de compras.


Na questão do Butantan, a questão acabou sendo politizada por ser vinculado ao governo de São Paulo e o governador João Doria ser adversário político declarado do presidente Jair Bolsonaro. E porque também a vacina é chinesa e, ideologicamente, o presidente já lançou dúvidas sobre a tecnologia chinesa.
Essa posição do presidente é dele. O nosso presidente tem posições, não é uma figura política que não se posiciona. Ele se posiciona. E cabe a ele se posicionar. E cabe a nós sermos técnicos. A produção do IFA, do Butantan, vem todo de uma fábrica na China. A tecnologia é toda brasileira, porque nós temos já a tecnologia, feita em parceria com o IFA chinês. Vem de uma fábrica na China, que está sendo avaliada pela Anvisa. A nossa Anvisa já foi à fabrica da China e vai emitir um relatório em breve sobre como está aquela fábrica e como ela está em segurança, higiene e qualidade. Da mesma forma, o IFA fabricado pela Astrazeneca, que está sendo usado na Fiocruz, vem de uma outra fábrica chinesa. Claro que a Astrazeneca tem outras fábricas no mundo. Por decisão empresarial, o IFA específico que vem para o Brasil está vindo dessa fábrica chinesa da Astrazeneca. E a Anvisa também foi a essa fábrica na China. Eu não vejo, de verdade, como misturar aí, ou me meter na discussão política. A nossa dicussão é técnica.

A cláusula que a Pfizer colocou se isentando de responsabilidade e jogando tudo para o colo do governo federal, acabou causando um efeito até sobre as outras vacinas também. Agora, qualquer pessoa que quiser tomar uma vacina em fase experimental, com registro emergencial, vai ter que assinar um termo de consentimento. Então vamos ver se é justo:  o governo brasileiro não gostou de ter que assumir essa responsabilidade e jogou para o colo do paciente, da população? A população vai ter discernimento para isso? É justo isso?
Deixa eu te colocar. Essa pergunta é muito importante, mas ela tem uma divisão muito clara. A primeira compreensão é a de que nós estamos falando de vacinas não registradas pela nossa Anvisa que não foi garantida segurança e eficácia e que foi dada uma autorização emergencial de uso antes da conclusão dos processos de testes. Se eu estou no meio das fases de testes de uma vacina que avaliam a segurança e eficácia, peço uma autorização emergencial, para o uso em um grupo reduzido, que tem que ser acompanhado, escolhido para aquele trabalho. As pessoas têm que compreender no termo essa responsabilidade. Essa não é uma vacina registrada, distribuída para uma vacinação. É participando de um processo de uso emergencial, então o termo tem que ser suficientemente claro para que a pessoa seja voluntária para aquele tipo de imunizante. É apenas para esse caso, que se repete para outros lugares do mundo. Temos na Inglaterra a mesma situação e lá existe o termo de consentimento. Igual. Igual para o uso emergencial. Nós temos nos Estados Unidos (o termo e consentimento) para uso emergencial. A Anvisa ainda não deu e se ela conceder o uso emergencial a alguma empresa, sim, quem participar desse processo, será voluntário, lerá o termo de uma forma clara e saberá os seus riscos. Ele está correndo ali dentro um risco calculado, que  é uma vacina que não está concluída a fase de testes e que não tem nem registro ainda. Então, é um experimento. Participar de uma linha experimental não é para qualquer um. Tem que ter o termo e a compreensão clara do que está fazendo. Já as vacinas registradas quem comprova a eficácia e a segurança é a Anvisa. Essa é nossa última linha de defesa. A partir daí, é nossa responsabilidade distribuir para todos. É por isso que eu coloquei na resposta da Pfizer que ela tem que compreender que tem um agência reguladora no Brasil, que a Anvisa não é um país que não tem um estrutura de fabricação de vacinas e de remédios. Maior parque farmacêutico da América Latina é brasileiro. Então, como a gente tem que ser tratado igual, como a gente tem que assinar um termo de isenção total de responsabilidade? É pelo menos uma responsabilidade dividida. Foi o que eu falei. Pelo menos, na hora que a Anvisa disser que é segura e eficaz, você tem um grau de defesa. Quando você tem a garantia da Anvisa, você não tem que assinar termo nenhum. 

O senhor tem sofrido bastante crítica da mídia. O senhor fica chateado?
Eu parei de ver televisão, ler jornal e ficar me preocupando com o que se escreve positivamente e negativamente. Eu acredito que o foco da missão é trabalhar. E se eu for ficar gastando energia ficando feliz ou ficando triste porque essa ou aquela mídia está colocando uma ideia que, na maioria das vezes, é completamente equivocada, com interpretações tendenciosas, descontextualizadas. Então você observa aquilo e é só para perder tempo.    

O presidente Rodrigo Maia chegou a dizer que seu trabalho um desastre. 
Aquilo foi, pelo que eu soube, um comentário no café. Você imagina. Eu não conheço o presidente da Câmara e fica claro aí que ele não me conhece também. Como é que eu vou fazer comentários sobre ele e ele sobre mim se nós não nos conhecemos, se nós não conhecemos nossos modos de pensar? O presidente nunca esteve aqui, nunca veio tratar nada de saúde. Durante toda essa pandemia, esse senhor nunca apareceu aqui para tratar nada. Eu não o conheço.

Sobe a portaria publicada ontem a noite pelo governo federal fazendo uma exigência de que o brasileiro ou estrangeiro para entrar no Brasil terá que apresentar um exame de PCR negativo para entrar no país. Qual sua avaliação?
Dentro do que a gente está vendo no mundo todo, enquanto não tivermos a pandemia sob controle, medidas de restrição de entrada ou de controle têm que ser trabalhadas, a gente não pode deixar nossas portas completamente abertas sem nenhum tipo de controle. Isso é um tipo de controle que está sendo colocado dentro do fato onde pode ser flexibilizado, onde não tem condição de ser feito. Então, o país é muito grande, tem muitas fronteiras. Mas quando você faz uma lei, você faz no macro de depois você detalha onde tem maior dificuldade de cumprir e busca outras alternativas. Mas, numa linha geral, eu acho justo nós termos medidas restritivas para pessoas que estejam contaminadas, sejam elas quais forem. Nós vamos chegar um dia que vai ser a vacina. Então, é normal. 

O senhor vai tomar alguma vacina?
Sim, quando chegar o meu momento, o meu grupo.

O senhor já tem mais de 60?
Não, 57.

O senhor não está em nenhum grupo prioritário?
Não. 

O senhor tomaria qualquer marca?
Olha, eu acho que sim. Desde que registrada pela Anvisa, garantida a eficácia e, da mesma forma como cada médico prescreve um medicamento para aquele paciente, as pessoas também podem observar as diferentes marcas e diferentes tecnologias que estão ali para aquilo que possa ser menos impactante e menos efeitos colaterais para essa ou aquela pessoa. A observação, ela faz parte.

O senhor já liderou a Operação Acolhida e agora assumiu essa missão de ir para o Ministério da Saúde. Como foi o convite?
Eu ainda era comandante de uma grande unidade, nós estávamos fazendo a preparação para o combate à covid-19, que era uma das missões da região militar. Eu não tinha nem ideia de que pudesse vir para o Ministério da Saúde. E, aí, uma convocação você tem que vir.

Mas o presidente te ligou, te chamou pessoalmente? 
Houve, digamos, um "cerca-lourenço" aqui da primeira linha e depois ele pegou o telefone e falou: "é pra vir". O presidente é muito direto. Não alonga nada. "É pra vir". "Sim, senhor", tem que vir.

Nesses meses que o senhor ficou à frente do Ministério da Saúde, qual foi o momento mais difícil?
O mais difícil é a gente não conseguir evitar que morram as pessoas. Isso é o que é mais difícil, o resto a gente consegue administrar. Você ver subir uma taxa, ou você, apesar de tudo o que se faz, e ainda ter um número grande de mortos pela pandemia, é muito difícil o tempo todo. Essa é a realidade. A gente fica tentando encontrar soluções para diminuir o óbito. Acho que conseguimos diminuir em relação a contaminação, as curvas. Não é o suficiente, a gente teria que chegar mais além. Isso é o que fica mais difícil. O que torna também o trabalho mais complicado é que você não consegue desligar mais por nada. Você passa a noite ou pensa que tá sonhando ou sonha que tá pensando. E você liga o dia seguinte com outro dia, com outro dia, é uma sequência.

O senhor dorme por quantas horas?
Agora, eu tomo um remedinho para dormir, então vai bem. 

Consegue dormir oito horas?
Não. Enquanto você tá pensando que está sonhando e sonhando que está pensando, nada.
 
O presidente Bolsonaro minimizou a pandemia?
Não, em hipótese alguma. Tem um presidente, é um país presidencialista. Tudo o que eu faço e ele me colocar aqui é pouco? Ele tirar um general do Comando de uma região militar e colocar aqui é pouco? Ele colocar R$ 178 bilhões na Saúde é pouco? Ele fazer todo trabalho com a Economia, com Paulo Guedes? "ah, mas não foi ele, foi o Paulo Guedes", não, é ele que faz. É ele que faz. É ele que faz. Ele senta com Paulo Guedes e dá a manobra. Paulo Guedes leva, aperta para cá, aperta para lá e quem fala é ele. Só que quem executa é o Paulo Guedes. Eu falo com ele, discuto, pá, quem executa sou eu, mas quem fala é ele. Então, é uma injustiça dizer que o presidente não se dedicou ao combate à pandemia. Ele foi o que mais brigou, que mais colocou meios e que mais deu liberdade para os ministros trabalharem, então tem uma maneira copo meio cheio meio vazio. Ele é o verdadeiro comandante da missão.

No começo, Jair Bolsonaro ficou criticando a vacina do Butantan. O senhor poderia dizer se nesse trabalho do Ministério da Saúde de hoje, existe alguma questão ideológica em jogo?
Zero. Nós não temos bandeira alguma. A posição do presidente e a de todos nós é uma posição que vai somando ideias. As nossas decisões em agosto, maio, talvez se você voltasse lá com o que você conheceu hoje, você já tem uma posição para cá ou para lá. É um somatório. Então, quando o presidente reagiu inicialmente, ele achava que eram apenas vacinas importadas, sem registro. Depois, ele declarou quantas vezes que as vacinas produzidas no Brasil, com registro da Anvisa, seriam compradas? Mas a partir daí, ninguém divulga mais isso.

Qual sua mensagem de Natal e Ano Novo?
Olha, 2020 ainda não acabou. Até o último dia nós vamos trabalhar. Precisamos que todas as pessoas que perderam seus entes sintam acolhidas e abraçadas por nos. Não são apenas palavras. Nós dividimos com vocês todo sofrimento. Quero deixar todo meu carinho ao pessoal que vai virar o Natal e o Ano Novo nos hospitais atendendo as pessoas doentes. O ano de 2021 será um ano de virada, nós vamos ter vacina para toda a população voluntária do país, vamos conseguir controlar isso e voltar a crescer, botar o país nos trilhos, voltar para as atividades normais, às escolas, fábricas, empresas. Esse é nosso desejo para 2021 e vamos trabalhar muito para isso.

Confira a íntegra da entrevista:

 
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