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Eleições

Institutos insistiram em amostragem errada, diz diretor da Paraná Pesquisas

Em entrevista ao SBT News, Murilo Hidalgo rechaçou má-fé, mas defendeu aprimoramentos

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Murilo Hidalgo
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Depois de uma semana marcada por críticas e questionamentos sobre a metodolgia das pesquisas eleitorais, que entraram na mira de eleitores e partidos políticos por errarem o desempenho de Jair Bolsonaro (PL) no primeiro turno das eleições, o diretor do Instituto Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo, afirmou que os institutos erraram na escolha da amostragem em algumas regiões do país. Também rachaçou a hipótese de má-fé, mas defendeu um aprimoramento dos levantamentos.

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Hidalgo chamou atenção para o cenário de polarização, voto envergonhado e o chamado voto útil, que estiveram presentes no pleito do último domingo (2.out), mas além de admitir que faltou autocrítica, avalia que as empresas insistiram numa amostragem questionável. "Insistiram numa amostragem errada numa proporção de renda ou escolaridade errada em determinadas regiões do país", afirmou.

As declarações foram dadas nesta 6ª feira (7.out), durante participação no programa Poder Expresso, com a jornalista Roseann Kennedy, no SBT News

O Paraná Pesquisas foi o instituto o que chegou mais perto do resultado oficial do primeiro turno das eleições presidenciais. O último levantamento projetou que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teria 47% dos votos válidos no primeiro turno, contra 41% de Jair Bolsonaro. O resultado oficial foi 48,43% para o petista e 43,2% para o atual presidente. Apesar do bom desempenho o executivo acredita que as criticas atingem o mercado das empresas de pesquisa como um todo. 

"A maior falha dessas empresas de não conseguirem captar o resultado da urna de domingo se deu principalmente pelos resultados regionais. Algumas utilizam alguns critérios de escolaridade, entrevistam mais pessoas do ensino fundamental ou menos, e a mesma coisa em relação à renda familiar do entrevistado. Eu acho que a diferença entre os institutos de pesquisa está aí, nessa calibragem", explica Hidalgo.

O diretor não crê em má-fé das empresas, ao contrário, defende o mercado e todos os institutos. Acredita que estão tentando acertar e ajustar o método para a novas pesquisas. E afirma que não é necessário ficar justificando os erros.

"Ao nosso ver, as empresas estão se justificando muito. Eu acho que deveriam dizer 'erramos', vida que segue. Tem as outras pesquisas, já acertamos muito mais, muito mais do que erramos e vida que segue. Quanto mais essas empresas estão se justificando, pior fica", avaliou. "Errou, errou. É vida que segue. Quanto mais explica, pior fica", acrescentou.

Investigação

Indagado sobre a iniciativa do ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, que, na última 3ª feira (04.out), anunciou ter encaminhado à Polícia Federal (PF) um pedido de investigação sobre a atuação de institutos de pesquisas eleitorais, o diretor afirmou que considera a medida exagerada. 

No Congresso, parlamentares aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) também se articulam para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigue os institutos de pesquisas eleitorais. Alguns chegaram a propor a criação de um projeto para criminalizar os institutos. 

"Eu acho que a criminalização passa a ser uma coisa muito perigosa. Eu acho que é uma coisa muito complexa. Eu acho que precisa provar a má fé de uma empresa de pesquisa para poder prender. Agora, simplesmente, se errou leva preso, aí eu acho que estão acabando com o mercado. Eu acho que é uma coisa muito perigosa. Não acredito que isso prospere", adiantou Hidalgo.

O diretor da Paraná Pesquisa ressaltou, porém, que, se qualquer avaliação for feita no âmbito do parlamento ou da PF, ficará claro que as empresas são idôneas. Afirmou ainda que todos os levantamentos são registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com acesso amplo aos envolvidos.

"Estão exagerando um pouco, né. Todas as pesquisas são registradas na Justiça Eleitoral, os partidos políticos têm acesso ao banco de dados, e eles têm acesso a tudo. Agora, quanto à CPI o que a gente vê? É o momento em que os políticos veem que é o momento que está dando click", frisou, em referência à repercussão do assunto nas redes sociais. 

"Então para nós, o material que seria entregue à uma CPI é o material que é entregue ao Tribunal Superior Eleitoral. Eles já têm acesso. Por isso que a gente não está entendendo muito onde querem chegar. É um mercado transparente. As empresas estão há muitos e muitos anos no meracdo. Nós não temos nada a esconder", repetiu.

Aperfeiçoamento

O diretor, no entanto, reconheceu a necessidade do aperfeiçoamento da legislação que regulamenta as pesquisas. Defendeu clareza nas regras vigentes para os institutos, os políticos e principalmente para as empresas contratantes.

"A forma como as pesquisas são divulgadas precisa ser mudada. Isso sim, a meu ver. A grande mudança seria a forma de divulgação das pesquisas e não propriamente os institutos de pesquisa", afirmou.  

Na avaliação de Murilo Hidalgo, o veículo que divulga o levantamento dos candidatos é muito mais forte que o instituto de pesquisa. Portanto, mostrar aos eleitores os resultados de todas as empresas seria uma forma de fortalecimento da democracia, segundo o diretor. 

"Eu acho que os veículos de comunicação deviam ter o compromisso muito maior em divulgar todas as pesquisas. Todas as pesquisas que estão sendo divulgadas no dia, elas teriam que estar sendo divulgadas. Porque daí está deixando claro para o eleitor que o veículo não tem preferência por esse ou aquele, ou propriamente por esse ou aquele resultado. Insistem em um ou dois institutos que estão dando o resultado e fazem daquilo uma verdade. Isso eu acho que tem que mudar." 

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