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Eleições

Institutos de pesquisa erraram metodologia, explica cientista político

Para Leonardo Barreto, é preciso obter dados em todos os estados para levantamentos mais precisos

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Depois do resultado do primeiro turno no domingo (2.out), dúvidas têm sido levantadas sobre as pesquisas eleitorais. Os levantamentos, apesar de terem acertado no desempenho do ex-presidente Lula (PT), erraram ao mostrar o candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), muito abaixo do que foi demonstrado nas urnas. 

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Para o cientista político Leonardo Barreto, da Universidade de Brasília, o que se observa agora é uma crise das pesquisas de amostra única nacional, ou seja, de usar apesar uma amostra para pesquisar o Brasil inteiro num único estudo. "Acredita-se que para a pesquisa ser confiável ela precisa ser grande, isso não é verdade", diz. 

"Para a pesquisa ser boa, a amostra precisa espelhar aquilo que é a sociedade, e o fato é que a sociedade brasileira é muito desigual. Está muito difícil fazer esse espelhamento", explica Barreto. 

Em entrevista ao Agenda do Poder desta 3ª feira (4.out), ele disse que uma pesquisa eleitoral mais precisa consiste em fazer levantamentos estado por estado, e só então agregar os dados para chegar ao resultado nacional. "Existia uma dificuldade técnica de captar o voto do Bolsonaro, e essas questões que o pessoal está falando de espiral do silêncio, sobre voto envergonhado, indecisos, abstenção, tudo isso influencia nesse processo", pontua. 

Na corrida ao Planalto, o presidente Jair Bolsonaro, que oscilava na faixa dos 35% nas pesquisas eleitorais, obteve 43% dos votos válidos, contra 47% de Lula - que aparecia com 50%. Para Barreto, a expectativa agora é que os candidatos busquem estratégias para conquistarem os votos que lhes faltaram para definir a disputa logo no primeiro turno. 

"Lula só tem essa condição de favorito por causa do Nordeste. Isso traz uma questão estratégica para Bolsonaro que não é simples. Ele deve se concentrar em focar no Nordeste para tentar reduzir essa diferença, sabendo que nessas regiões há muito voto de lealdade, que é um voto difícil de virar, ou ele deve se concentrar nos colégios eleitorais mais amigáveis para tentar abrir mais frente."

Neste cenário, o cientista político explica que o papel dos aliados é muito importante. Nesta 3ª feira (4.out), Bolsonaro se encontra com o governador reeleito do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL). Ele já declarou apoio ao presidente. Os dois e a equipe de campanha podem alinhar as estratégias daqui para frente. Depois da vitória em Minas, Romeu Zema, do Novo, falou que não vai apoiar o PT no 2º turno. Ele também teve reunião com Bolsonaro. 

"Essa questão com os governadores deve ser prioridade pra ele [Bolsonaro], e tem que achar uma estratégia para pelo menos reduzir o dano no Nordeste. Eu vejo que ele talvez deva colocar a Damares e a Michelle para fazer um tour pelo Nordeste, para tentar ajudá-lo nesse sentido", afirma Barreto. 

A ex-ministra da Mulher, Damares Alves, foi eleita senadora pelo Distrito Federal, com mais de 684 mil votos. Já a primeira-dama Michelle Bolsonaro tem sido a aposta do presidente para conquistar mais simpatia do eleitorado, sobretudo o feminino. 

"Olhando para esse cenário e olhando que o Brasil é mais conservador, Lula deve evitar temas mais progressistas, falar mais sobre economia, e ele tem até um certo conforto em virar votos em regiões onde o PT já foi muito forte", arremata o cientista político. Assista ao programa na íntegra:

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