'Barata-voa' na campanha petista depois do Datafolha
Crescimento de Bolsonaro e manutenção de Lula elevam tensão no PT
Leonardo Cavalcanti
A manutenção do índice de votos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é tão preocupante quanto o crescimento eleitoral do presidente Jair Bolsonaro (PL). A avaliação é da própria campanha do PT, que considera que o candidato petista atingiu o teto de votos. O núcleo estratégico elenca cinco pontos que mostram desencontros eleitorais.
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A pesquisa Datafolha divulgada no início da noite desta 6ª feira (9.set) mostra que Lula não consegue ultrapassar os 45% dos votos. Ele chegou à melhor performance (48%) ainda em maio e, desde junho (47%), tem oscilado dentro da margem de erro. Bolsonaro, por sua vez, tem o melhor percentual (34%) justamente neste mais recente levantamento.
Com o barata-voa, sobrou para todos, incluindo a mulher de Lula, Janja, que mordeu a isca de Bolsonaro e respondeu a uma comparação com Michelle Bolsonaro. "Não tem princesa aqui, só tem mulher de luta", disse a petista, numa frase que foi considerada como uma relação infeliz num momento em que parte do eleitorado brasileiro lamenta a morte de uma rainha, mesmo que da Inglaterra.
As críticas a Janja são o melhor exemplo do desacordo dentro do PT, afinal não há ainda qualquer indício de que Lula possa perder ou ganhar votos por causa da mulher. A leitura de parte dos petistas, no entanto, é que ela, por estar próxima de Lula, pode estar influenciando o ex-presidente. Outro grupo acredita que isso é apenas uma desculpa de parte dos estrategistas para a estagnação do petista nas pesquisas.
A seguir os principais nós da campanha petista, elencados pelo próprio PT:
- Existe um certo desespero com o cenário de estagnação. Lula não consegue romper o teto dos últimos três meses, como mostram as pesquisas;
- Há uma incapacidade de criar estratégias para que Lula ganhe e aumente o apoio dos eleitores evangélicos, base religiosa de Bolsonaro;
- A distância inicial de Lula em relação a Bolsonaro levou a campanha a um 'salto alto' provocando descuidos que podem atrapalhar o petista na reta final;
- Os estrategistas de campanha agora se ressentem de nunca terem definido coordenadores para as eleições do Senado e da Câmara;
- O PT não consegue fazer reunir apoiadores nas ruas. Tal dificuldade vem até da desorganização nas convocações, sem datas acertadas previamente entre partido, movimentos sociais e centrais sindicais.
A tentativa dos petistas agora é reagrupar as forças e remontar estratégias para os últimos 20 dias até o primeiro turno.