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Ao atacar STF, Bolsonaro oficializa chapa com Braga Netto pelo PL

Presidente faz convocação para 7 de Setembro e chama ministros de "surdos de capa preta"

Ao atacar STF, Bolsonaro oficializa chapa com Braga Netto pelo PL
Jair Bolsonaro e Braga Netto
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O PL oficializou o nome do presidente Jair Bolsonaro como candidato à reeleição, durante convenção, realizada neste domingo (24.jul), no Rio de Janeiro. O atual chefe do Executivo concorrerá em uma chapa puro-sangue, ao lado do ex-ministro da Defesa, general Braga Netto. No discurso de abertura, a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, ditou o tom religioso do evento e acenou às mulheres. O mandatário também fez uma série de críticas a Lula (PT) e aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), e convocou apoiadores para irem às ruas "pela última vez" em 7 de Setembro.

Logo no início do discurso, o mandatário chegou a instigar a plateia contra o STF, que respondeu com palavras de ordem contra a corte. "Supremo é o povo", ovacionou o público. "Esses poucos surdos de capa preta tem que entender a voz do povo. Tem que entender que quem faz a lei é o Executivo e o Legislativo", disparou.

Bolsonaro enalteceu o país e os símbolos da nação. "A bandeira não é símbolo meu, é símbolo nosso. Muito obrigado por essa comparação", disse em resposta à magistrada que proibiu o uso da bandeira com fins eleitorais. "Nós não queimamos a nossa bandeira, nós não pisoteamos essa bandeira, essa bandeira nos une, essa bandeira mostra que nós temos um governo, temos um povo, temos uma nação ao nosso lado. É o símbolo maior da nossa pátria", completou. 

Como em uma cerimônia militar, convocou os presentes a realizar um juramento de nunca deixar de lutar pela pátria. "Nós, militares, juramos  dar a vida pela pátria, todos vocês aqui juraram dar a vida por sua liberdade. Repitam aí: eu juro dar a vida pela minha liberdade", ordenou.

Braga Netto

A confirmação da chapa mostra que o que prevaleceu foi a vontade pessoal de Bolsonaro e não a articulação dos partidos aliados que queriam um nome político para a composição e não de novo um militar. Em junho, o próprio presidente chegou a dizer que poderia escolher a ex-ministra Tereza Cristina. "Eu escolhi, sim, um general do exército brasileiro, que vocês o conhecem muito bem por ocasião da intervenção aqui no Rio de Janeiro, que fez um trabalho fantástico no RJ". 

Ao agora candidato à vice na chapa, Bolsonaro disse que eles têm um exército, que são as pessoas que foram ao Maracanãzinho. "Esse é o exército que não admite fraude, esse é o exército que quer transparência, quer não, merece e vai ter", proclamou.

Mulheres e religião

O presidente Jair Bolsonaro entrou no ginásio do Maracanãzinho às 11h 22min da manhã - horário que fez alusão aos números do partido "22" - de mãos dadas com a primeira-dama Michelle, que a partir de agora deve assumir protagonismo na campanha à reeleição para maior aproximação ao eleitorado feminino, público que tem menor aceitação ao presidente.  Atrás de Bolsonaro, veio o general Braga Netto, também acompanhado da esposa. 

A entrada no ginásio veio logo depois do locutor de rodeio Carlos Rudinei, que conduziu o evento, anunciar que a chapa Bolsonaro e Braga Netto foi aprovada em votação on-line no site do PL. Antes de Bolsonaro discursar, o deputado Marco Feliciano (SP), que também é pastor, fez uma oração pedindo que o Brasil não caia em tentação e tratando os adversários de Bolsonaro como o lado do "mal". O pastor adiantou o que também foi reforçado no discurso do presidente, de que a eleição deste ano será uma disputa do "bem contra o mal". 

Às 11h 32min, com os apoiadores gritando "mito", Bolsonaro começou a falar, mas logo anunciou que iria quebrar o protocolo e, enaltecendo a esposa Michelle, passou o microfone para a primeira-dama, que discursou por 15 minutos. Ela usou um "tom profético" e citou Deus por diversas vezes. "Deus ama a sua nação. Essa nação é próspera, ela é rica, só foi mal administrada", afirmou Michelle, com a desenvoltura de quem consegue prender a atenção do público. Durante o discurso, a primeira-dama disse que todas as terças-feiras vai até o gabinete presidencial depois que Bolsonaro deixa o local para orar sentada na cadeira dele.

"Enquanto existir esse joelinho aqui as promessas de Deus irão se cumprir" ressaltou a primeira-dama que estava sendo pressionada a participar da campanha de forma mais incisiva. Michelle também disse que não é verdade que Bolsonaro não gosta de mulheres. A primeira-dama encerrou a fala seguindo a linha adotada pelo deputado Marco Feliciano sobre a luta do "bem contra o mal". "Sejam fortes e corajosos! Não negociem com o mal. Essa luta não é contra homens e mulheres, é contra o mal", finalizou.

Entre passagens bíblicas, Michelle também defendeu a candidatura de Bolsonaro como uma escolha divina. "A reeleição não é um projeto de poder como muitos pensam, não é por status. É por um propósito de libertação. Por um propósito de cura para o nosso Brasil. Nós declaramos que o Brasil é do Senhor. Feliz é a nação cujo Deus é o Senhor, e o Deus, é o Deus do nosso Brasil", afirmou. A primeira-dama entregou o microfone a Bolsonaro dando um beijo no rosto do marido antes do presidente iniciar o discurso.

Críticas a Lula

Sem citar o adversário petista, o presidente manteve um discurso conservador e disse que "o cara" defende aborto e falta de liberdade; e que pode participar de debate. O presidente repetiu as falas sobre a pauta de costumes e disse que o ex-presidente Lula, se voltar ao poder, irá liberar o aborto e as drogas no Brasil.

Ele tratou o adversário como "bandido, cachaceiro" e justificou que não estava atacando o líder nas pesquisas, mas fazendo apenas uma constatação. As ilações sobre o ex-presidente Lula fizeram o público passar a gritar que o lugar do ex-presidente petista é na prisão. O presidente disse que não teria adjetivo para qualificar o adversário e que só faria isso caso Lula vá aos debates eleitorais. Um indicativo claro de que as decisões do presidente sobre a participação irão depender de qual estratégia será adotada pelo ex-presidente. "Não teria aqui adjetivo para qualificá-lo. Quem sabe no debate, caso ele esteja presente", antecipou Bolsonaro. 

Aceno a apoiadores

Bolsonaro manteve o tom religioso e conservador destacado por Michelle, reafirmando como lema "Deus, Pátria, Família e Liberdade". O presidente impulsionou candidaturas de aliados, como a de Tarcísio de Freitas (Republicanos), que estará na disputa ao governo de São Paulo, e a do correligionário Arthur Lira (PL), presidente da Câmara: "Se não é o Arthur Lira, esse cabra da peste de Alagoas, [eu] não teria chegado a esse ponto".

Ao longo do discurso, que durou mais de uma hora, o presidente fez questão de citar por duas vezes Lira, que estava no palco da convenção e que, segundo Bolsonaro, é o responsável por fazer o governo conseguir aprovar a PEC que autorizou o governo a gastar R$ 41 bilhões de reais para aumentar de R$ 400 para R$ 600 o Auxílio Brasil, que atende famílias de baixa renda. O presidente também atribui à Lira a aprovação do projeto que criou teto para a alíquota do ICMS dos combustíveis. Bolsonaro ressaltou, durante o discurso, que a proposta vai fazer o Brasil ter deflação já nas próximas semanas. 

"Ele é o dono da pauta da Câmara dos Deputados e é meu amigo", ressaltou o presidente sobre Lira. Bolsonaro também garantiu que o valor do Auxílio Brasil de R$600 vai continuar caso ele seja reeleito em outubro. 

Outros pontos do discurso

Bolsonaro fez um balanço da gestão, onde destacou a realização de obras de infraestrutura como a BR 163, concluída pelo Exército. A atuação durante a pandemia também foi abordada, com a criação do Auxílio Emergencial, como forma de ajudar a parcela mais vulnerável da população. Nesse sentido, anunciou a manutenção do benefício em 2023.

Na ocasião, criticou os adversários e os defensores do isolamento social durante os meses mais críticos da pandemia de covid-19. Além de rebater as críticas de que não govenra para a população mais vulnerável. "Fica em casa, que a economia a gente vê depois. Todos sofreram com isso, não o brasileiro apenas. O mundo todo sofreu com isso. Buscamos medidas para criar o Auxílio Emergencial, equivalente a 15 anos de Bolsa Família. Como o governo não pensa nos mais pobres?", indagou.

Bastidores da convenção

Enquanto aguardava o início do evento, o público acompanhou a passagem de som da dupla sertaneja Mateus e Cristiano, responsável pelo jingle de Bolsonaro que tem como mote "O Capitão do Povo". Além disso, Carlos Rudinei, locutor de rodeio que conduziu a cerimônia, indicou para os apoiadores onde eles poderiam fazer vídeos para a rede social "TikTok" - uma forma de chamar atenção dos jovens de quem Bolsonaro tenta reduzir a rejeição.
   
Parlamentares aliados e o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, candidato à reeleição, interagiram com o público que ocupava as arquibancadas do ginásio. O general Eduardo Pazuello - ex-ministro da Saúde que assumiu a cadeira após a demissão de Luiz Henrique Mandetta e foi desautorizado por Bolsonaro sobre a negociação para a compra da Coronavac em outubro de 2020 -, foi um dos mais saudados pelo público. Ele tenta uma vaga à Câmara Federal. 

Mas foi o deputado Daniel Silveira, condenado pelo Supremo a 8 anos de prisão e a perda do mandato, além da cassação dos direitos políticos, o mais ovacionado antes da chegada de Bolsonaro. Embora o futuro político do parlamentar dependa da chancela da Câmara dos Deputados, Daniel pretende concorrer ao Senado, na aliança pró-Bolsonaro, no Rio de Janeiro. Oficialmente, o candidato do PL no estado é o atual senador, e ex-jogador, Romário.

O presidente da Câmara, Arthur Lira, que ainda não se manifestou oficialmente sobre a reunião de Bolsonaro com embaixadores estrangeiros quando presidente colocou em xeque a segurança das urnas eletrônicas, chegou ao Maracanãzinho um pouco antes do presidente.

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