Eleições
Orlando Silva promete defensoria para casos de racismo em SP, leia entrevista na íntegra
Quinto entrevistado do SBT News com os candidatos à Prefeitura de São Paulo detalhou seu plano de governo
Mariana Zylberkan
• Atualizado em
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Quinto entrevistado da série do SBT News com os candidatos à Prefeitura de São Paulo, Orlando Silva (PCdoB), prometeu criar uma Defensoria Municipal para que casos de racismo não fiquem impunes. "Para que o chamado ?auto de resistência? não oculte a violência policial e até exigir que estabelecimentos comerciais se responsabilizem solidariamente por crime de racismo", disse.
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Na entrevista, o candidato citou sua origem negra e periférica para responder às acusações de que teria recebido propina durante seu mandato como ministro dos Esportes do governo Lula. "Eu era ministro dos Esportes, nós tínhamos conquistado o direito de fazer Jogos Olímpicos, Olimpíadas, a Copa do Mundo. O Ministério dos Esportes era no auge da sua produção; e estava lá Orlando Silva, uma pessoa simples, como muitos que vivem no Brasil. Aliás: um homem negro em uma posição de grande destaque. Eu não tenho a menor dúvida de que tenham feito uma armação para me deslocar do cargo de poder. Não aconteceu nada, foi uma farsa, uma montagem", disse.
Leia abaixo a entrevista do candidato ao SBT News na íntegra aos jornalistas Simone Queiroz e Fábio Diamante - ou, se preferir, assista em vídeo.
SBT News: Essa é a primeira vez, na verdade, que o seu partido, PCdoB, lança uma candidatura própria para prefeitura de São Paulo. Em todas as vezes anteriores o seu partido se aliou ao PT, praticamente, ao partido de esquerda com chance de vitória. Por que a candidatura própria neste momento? Principalmente no momento em que se critica muito a divisão da esquerda, nesse momento em que a direita avança pelo país. Por que a candidatura própria?
ORLANDO SILVA: Veja, há uma mudança no ciclo da vida política do país. Ao nosso ver, aquele processo que começou com a luta pela redemocratização do país, a Constituinte, esse processo chegou ao final com a eleição de Bolsonaro em 2018. É uma hora que os partidos, as várias forças políticas, devem se apresentar para a sociedade. Um momento de transição no mundo, de muitas mudanças no mundo. E o PCdoB tomou a decisão de se colocar como alternativa na cidade de São Paulo.
Eu, inclusive, acho um pouco estranho esse diagnóstico de divisão de esquerda. Nós temos hoje, por exemplo, na disputa por São Paulo, o mesmo número de candidaturas de esquerda que havia em 2018 na disputa para presidente. Então é mais narrativa do que fato, a divisão da esquerda.
SIMONE QUEIROZ: Agora, candidato, vamos pensar bem. Quando o partido lança a candidatura a prefeito, consegue também dar mais atenção, mais destaque à candidatura dos vereadores. Pergunto ao senhor: no fundo, o PCdoB também não tem medo de cair na cláusula de barreira?
ORLANDO SILVA: Olha: eleger vereador, eleger deputado, eleger senador é um objetivo de todos os partidos. Ter representação no Poder Legislativo é algo muito importante, porque a Câmara de Vereadores é o lugar que nós damos voz à população. Apresentamos a reivindicação do povo, para que o poder público possa dar atenção a minha bancada de vereadores. Aliás, o PCdoB tem chapa completa de vereadores, eu peço para que nos acompanhem para votar 65 para vereador, que não tiver um nome, escolhido antecipadamente... É evidente que é parte da nossa estratégia para eleger bancada, e é mais que legítimo. Nós precisamos qualificar a política, qualificar o Poder Legislativo, e ter uma candidatura própria, sim, abre caminho para escolha de nomes, homens e mulheres, para representar o povo na Câmara de Vereadores, isso é muito legítimo e muito importante.
Candidato, queria falar um pouquinho da sua trajetória até aqui. O senhor, quando era ministro dos Esportes, o senhor deixou o cargo em 2011, depois de uma série de denúncias de corrupção, inclusive de pagamento de propina, que, segundo os acusadores, teriam sido feitos pessoalmente para o senhor na garagem do ministério. O senhor sai do ministério logo depois disso. Na sequência, o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) quebrou o seu sigilo bancário fiscal. O senhor não quer aproveitar e explicar para o eleitor o que houve?
Não houve nada. Houve uma farsa. Houve uma mentira. Fábio (Diamante, repórter do SBT), se você pesquisar nos jornais de 2011 - como a produção deve ter feito - e encontrar essas duas informações... eu vou acrescentar algumas novas informações. Dez anos depois, quase - dez anos depois, vou repetir - nunca fui convidado sequer para prestar um depoimento. Por quê? Porque era uma farsa, era uma grande armação.
Eu era ministro dos Esporte. Nós tínhamos conquistado o direito de fazer Jogos Olímpicos, Olimpíadas, a Copa do Mundo. O Ministério dos Esportes era no auge da sua produção - e estava lá Orlando Silva, uma pessoa simples, como muitos que vivem no Brasil. Aliás: um homem negro, em uma posição de grande destaque. Eu não tenho a menor dúvida de que tenham feito uma armação para me deslocar do cargo de poder. Não aconteceu nada, foi uma farsa, uma montagem. Infelizmente, teve grande eco. Ninguém falou depois que nada foi apresentado, que nada foi provado, que eu sequer fui ouvido. Essas são as coisas da política aqui no Brasil. Infelizmente, ainda existe esse tipo de fatos.
O senhor disse que dez anos depois dessa denúncia... Porém, mais recentemente, em 2017, o senhor foi citado na delação de Ricardo Saud, que era diretor financeiro do grupo J&F. Ele também disse que pagou propina para o senhor, que seria para o aproveitamento de campanha, sua campanha a Câmara dos Deputados em 2014. Essas investigações ainda não estão encerradas. Eu gostaria também, de ouvir o senhor sobre esse caso.
Eu não tenho nada a dizer. Porque, veja, a própria delação premiada, que ele fez, foi questionada pelo próprio Ministério Público, que havia validado a delação.
O problema é que no Brasil é assim que para fazer luta política o cara acusa o outro, sem responsabilidade. É por isso que uma série de processos, como o da Lava Jato, acaba caindo em descrédito, acaba sendo anulado, e isso faz com que a população se afaste da política, porque acha que todo mundo é igual.
Insisto: não tem nada que fique em pé, inclusive, nessa manifestação, o tempo vai mostrar. Infelizmente, enquanto não há o tempo para desmoralizar este acontecimento, fica como se fosse uma espada sobre a cabeça das pessoas. O tempo vai mostrar que eu tenho razão.
O senhor inclui, nesse grupo de acusações, o caso dos cartões corporativos quando o senhor era ministro? Só para relembrar para as pessoas, queria falar com isso com o senhor, tem 12 anos isso. O senhor usou ali o cartão corporativo como ministro dos Esportes para pagar uma tapioca, - foi um erro, o senhor mesmo disse que foi um engano. Mas isso puxou ali uma conta, que foi questionada, de mais de R$ 30 mil que foram pagos em hotel de luxo, com a presença de familiares do senhor e também em restaurante. Na época o senhor decidiu pagar, devolver esse dinheiro ao Tesouro, mesmo dizendo que não havia nenhuma ilegalidade ali. Por que o senhor pagou? Por que que o senhor devolveu o dinheiro se não havia nenhuma ilegalidade? Houve alguma imoralidade no episódio?
Olha, vou contar a história, já que é essa a pauta do SBT. Eu vou seguir a pauta de vocês.
Em fevereiro de 2008, foi feita uma matéria do jornal O Estado de S.Paulo, falando sobre um gasto indevido de R$ 7,80. Era acusação de corrupção, de uma compra de R$7,80. Detalhe: fevereiro de 2008. Esse gasto foi em agosto de 2007, e a minha assessoria identificou esse gasto em dezembro de 2007, antes da matéria. Não importa o valor, como era um gasto errado, eu confundi os cartões... de R$ 7,80, em dezembro de 2007, eu devolvi o dinheiro.
R$ 7,80: o Estadão fez uma matéria. Como era ridícula a acusação, eles foram investigar todos os gastos, chegaram ao ápice de dizer que eu tinha ido para um hotel com a minha família, no Copacabana Palace. Eu nunca tinha entrado no Copacabana Palace. Era um hotel chamado Plaza Copacabana. Aí disseram que era a família inteira, sabe por quê? Porque eu me hospedei com a minha mulher e uma criança de 6 meses, para ir até um evento onde eu fui premiado como Personalidade do Ano
O senhor usou o cartão [corporativo] para pagar a estadia da sua esposa?
Durante duas horas que eu fiquei, recebendo o prêmio, uma pessoa assistiu um bebê, um de seis anos [seis meses]. Eu voltei para lá e usei para pagar a minha estadia. Por que eu devolvi tudo? Porque eu fiquei tão indignado com a baixaria política que foi feita, que eu falei: "Sabe de uma coisa? Quanto que eu usei durante 5 anos?" R$ 36 mil, eu devolvi cada centavo. Para que não pairasse dúvida, não só sobre a minha honestidade, mas também sobre o meu compromisso com a bem utilização do dinheiro público.
Mas não é exatamente aí que levanta a dúvida? Quando o senhor pega algo que o senhor diz que é legal, que o senhor estava trabalhando, e o senhor devolve o dinheiro? Não é exatamente aí que fica a dúvida?
Não. É porque você não sabe, Fabio, como você fica indignado... A indignação de quem sofre injustiça, não sei se você já sofreu. Se um dia você sofrer, você vai ficar revoltado, você vai ficar indignado. R$7,80 deu causa à abertura de uma comissão parlamentar de inquérito no Congresso Nacional. É uma hipocrisia.
É uma vergonha você tratar temas e tratar histórias de pessoas nesse nível. Por isso que é lamentável. Eu sugiro que a produção investigue com calma cada detalhe da minha trajetória para saber de onde eu vim. Um menino que nasceu na periferia, que a vida inteira estudou em escola pública, que trabalhou aos 13 anos de idade como office boy, que foi criado por uma mãe solo, que é militante político em defesa da educação desde os 16 anos de idade, que já foi ministro de Estado, deputado federal e convidaria para visitar minha casa. Saber nas condições que eu vivo com muita dignidade, com muito orgulho. Porque eu sempre estive no lado do povo pobre, preto, da periferia e continuo lutando.
Incomoda muita gente quando vê um cara com a minha cara, que tem a cara do povo simples, trabalhador, ocupando espaço de poder. Eu sei que incomoda muita gente. Mas não tem jeito, tem que tolerar. E tem que tolerar um cara corajoso e que defende um projeto popular na cidade de São Paulo para governar para quem precisa, para dar chance a quem não tem chance.
Candidato, o senhor afirma no seu plano de governo que o senhor vai ter duas prioridades muito importantes: a retomada do emprego e a luta antirracista. Queria falar um pouco dessa luta antirracista. O senhor propõe que projetos e iniciativas estejam ligadas a várias secretarias. Como é que vai ser isso?
Primeiro é importante que a gente compreenda que você não pode ter democracia numa sociedade com racismo, assim como não pode ter uma democracia com machismo. Nós temos que respeitar o lugar das mulheres, dos negros e de todos que constroem a vida no país.
Tem gente que se incomoda com isso. Falam assim: "Não, pra que isso? Por que essa diferença?" Eu respondo com um dado que saiu hoje no UOL, do Anuário da Segurança Pública do Brasil. De cada dez pessoas mortas pela polícia, oito são pessoas negras. É um exemplo. Poderia falar do emprego, do acesso ao mercado de trabalho, da renda média, que há uma diferença com relação à população negra. Eu falo de atravessar todo os programas é porque nós temos, por exemplo, na educação que é efetivado o ensino da História da África, da cultura afro-brasileira, que é uma lei mas que na prática não é respeitada. Então, a gente tem que ter na educação, no mercado de trabalho, estimular a política de cotas, estimular o setor privado a fazer como é nos Estados Unidos. Lá você tem nas empresas privadas política de estímulo para incorporação, inclusão econômica da população negra.
Então eu creio que, quando eu falo de atravessar tudo, é porque eu creio que tem muitas faces para que nós possamos superar o racismo. O poder público pode ajudar. Nós vamos criar uma Defensoria Pública Municipal para não deixar que crimes de racismo fiquem impunes, para que o chamado "auto de resistência" não oculte a violência policial e até exigir que estabelecimentos comerciais se responsabilizem solidariamente por crime de racismo. Para mim isso é muito importante. Emprego é um tema que... Me perdoe, Fabio, quando você aparece na tela, eu imagino que já está na hora da gente finalizar. Emprego é um tema para nós muito importante porque a covid-19 vai deixar, infelizmente, um rastro de destruição na nossa economia.
Vamos falar exatamente disso. O senhor fala também da questão do desemprego e o senhor faz uma meta de criar 300 mil empregos com frente de trabalho da construção civil, na área da limpeza, combate de vetores, reformas de calçadas. Quais setores mais? São Paulo também é muito forte na questão dos serviços, tecnologia. O senhor vai atacar esses setores especificamente ou o senhor pretende ampliar isso?
Então, frente de trabalho é uma linha própria na geração de emprego. Se você observar, Fabio, na história da humanidade, sempre que você tem tragédias como a Covid produziu aqui, o Estado tem um papel importante na retomada da atividade econômica. Frente de trabalho, eu chamo a atenção para ocupar jovens, porque desemprego é muito grave, mas entre jovens é sempre o dobro da população adulta. Por isso, frente de trabalho, ocupam-se jovens em muitas atividades. A construção civil é um capítulo à parte, porque é uma cadeia produtiva que gera muito emprego direto e emprego indireto. A ideia é infraestrutura urbana, equipamentos sociais como escolas, postos de saúde, pequenas obras nos bairros, como você se referiu aí nas calçadas, que têm impacto na mobilidade, tem impactos na acessibilidade e também tem impacto na geração de emprego.
Então, você tem muitas frentes para que nós possamos atacar. E a sua referência, Fabio, a São Paulo como um local em que há desenvolvimento científico e tecnológico, eu utilizo o meu plano de governo com a perspectiva de reindustrializar a cidade de São Paulo.Todo mundo olha pra São Paulo como a locomotiva do país, como o lugar da indústria. Mas se você anda na Vila Prudente, Santo Amaro, na Mooca, no Brás, no Ipiranga, você vê verdadeiros cemitérios de fábricas. E essa reindustrialização deve se basear na indústria 4.0. Porque nós temos aqui o maior polo científico da América Latina. Só que essa ciência está desconectada da produção econômica. E a prefeitura pode ser um mecanismo de encontro para que nós possamos aproximar a nossa produção científica das nossas necessidades econômicas. São Paulo tem que estar ligado em economia digital, tem que estar ligado em economia criativa, tem que estar ligado em indústria baseada em automação, assim nós podemos situar a nossa cidade entre aquelas que puxam o desenvolvimento econômico do país.
Candidato, existe alguma possibilidade de se formar uma frente ampla de esquerda em apoio ao candidato de esquerda que estiver em melhor posição nas pesquisas, ainda no primeiro turno?
Simone (Queiroz, repórter do SBT), ou a frente é ampla ou a frente é de esquerda. Frente ampla de esquerda é uma contradição em si mesma.
Quem defende frente ampla, e eu defendo frente ampla, defende uma frente ampla anti-Bolsonaro. Porque a nosso ver, o Bolsonaro é o mal maior que o Brasil vive hoje. Pela desorientação da sua política econômica. Não tem rumo. Quando eleito, a expectativa era crescer 2,5% da economia. Não cresceu nem 1% em 2019. O Paulo Guedes não tem a menor noção de como conduzir a economia do país. E o Bolsonaro é esse desastre político. Desmoraliza o país no mundo inteiro. A Amazônia em chamas, o Pantanal em chamas, e ele diz que está tudo bem. Então, o nosso problema é construir uma frente ampla política para derrotar esse viés conservador, reacionário, do Bolsonaro. Frente de esquerda é um outro assunto.
Quando o senhor está falando em frente ampla, por exemplo, que o senhor defende, o senhor inclui o PSDB? O senhor dá o abraço pro João Dória, por exemplo, para combater o Jair Bolsonaro?
Eu sou oposição ao João Doria. Eu votei contra o João Doria. Eu sou oposição ao Bruno Covas. O João Doria não é candidato. A eleição de governador será em 2022, mas eu farei de tudo para derrotar Celso Russomanno, que é o candidato de Jair Bolsonaro. Celso Russomanno, que é um pastel de vento. Ele deu uma entrevista ontem na Folha de S.Paulo, e o que ele mais falou foi: "Não sei. Não vou responder. Não é o meu assunto". Quer dizer, é ridículo. Ele quer fugir dos debates como fez o Bolsonaro. A TV Cultura ofereceu um debate para os candidatos, ele já falou que não vai. Por quê///? Porque ele não tem ideia, não tem propostas, não tem perspectiva. Russomanno é marionete do Bolsonaro. A minha luta [é] para derrotar esse tipo de gente. Gente que não gosta de povo. Que não tem política para garantir direitos para o povo. Eu acredito que é necessário um projeto popular que inclua a população mais pobre e garanta os seus direitos.
Candidato, a gente está chegando no fim. Eu queria fazer uma pergunta para o senhor, voltando ao tema do racismo. O senhor fala na sua proposta de governo que a cidade não pode reverenciar ou homenagear "escravagistas, ditadores e seus lacaios". O senhor eleito, o senhor pretende, por exemplo, mudar nomes de ruas e praças para homenagear pessoas que o senhor se referiu aqui? Por exemplo, o Monumento às Bandeiras, no Ibirapuera, em São Paulo, tradicional. Ele não deixa de ser um movimento que homenageia a colonização. O senhor entende que esse tipo de monumento tem que ser retirado da cidade nesse combate ao racismo?
Eu vou te falar, eu fui vereador em São Paulo e aprovei uma lei como vereador que autorizava a mudança de nome de logradouro público, de ruas e de praças. Por quê? A cidade tem uma memória. Ela constrói a sua memória, que é a memória de um povo. Eu por exemplo, lutei para transformar a rua Sérgio Fleury, que é um fascista, ditador, um autoritário que torturou muita gente na Vila Leopoldina, aqui em São Paulo, mudar para Frei Tito, que foi vítima do Sérgio Fleury. Então eu acredito que a cidade tem que debater a sua perspectiva, o seu compromisso civilizatório. Tem conquistas que não são de "A", nem de "B". Não é de esquerda, nem de direita. São da civilização. Tudo aquilo que representa valores da violência, valores do racismo, valores antidemocráticos, eu defendo que sejam superados a partir de um debate público. Porque é pedagógico discutir esses temas da memória da cidade.
Candidato, nós já estamos chegando ao final dos 20 minutos, tempo que é padrão para todos os candidatos. Então eu vou pedir agora que o senhor faça as suas considerações finais.
Eu agradeço a Simone e Fabio a oportunidade de conversar com os amigos que acompanham o SBT. Lamento que a produção tenha gasto mais tempo para discutir fake news do que temas da cidade. Mas eu estou pronto para apresentar propostas para moradia, educação, saúde, emprego, esporte, cultura e lazer. Temos ideias para que São Paulo seja uma cidade melhor para todos. Agradeço muito a oportunidade do SBT, 65 é o meu número. Peço o voto de quem nos acompanha neste momento.
Muito obrigada, candidato. Só queria esclarecer que esses assuntos fizeram parte da nossa pauta porque eles foram assuntos investigados.
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Na entrevista, o candidato citou sua origem negra e periférica para responder às acusações de que teria recebido propina durante seu mandato como ministro dos Esportes do governo Lula. "Eu era ministro dos Esportes, nós tínhamos conquistado o direito de fazer Jogos Olímpicos, Olimpíadas, a Copa do Mundo. O Ministério dos Esportes era no auge da sua produção; e estava lá Orlando Silva, uma pessoa simples, como muitos que vivem no Brasil. Aliás: um homem negro em uma posição de grande destaque. Eu não tenho a menor dúvida de que tenham feito uma armação para me deslocar do cargo de poder. Não aconteceu nada, foi uma farsa, uma montagem", disse.
Leia abaixo a entrevista do candidato ao SBT News na íntegra aos jornalistas Simone Queiroz e Fábio Diamante - ou, se preferir, assista em vídeo.
SBT News: Essa é a primeira vez, na verdade, que o seu partido, PCdoB, lança uma candidatura própria para prefeitura de São Paulo. Em todas as vezes anteriores o seu partido se aliou ao PT, praticamente, ao partido de esquerda com chance de vitória. Por que a candidatura própria neste momento? Principalmente no momento em que se critica muito a divisão da esquerda, nesse momento em que a direita avança pelo país. Por que a candidatura própria?
ORLANDO SILVA: Veja, há uma mudança no ciclo da vida política do país. Ao nosso ver, aquele processo que começou com a luta pela redemocratização do país, a Constituinte, esse processo chegou ao final com a eleição de Bolsonaro em 2018. É uma hora que os partidos, as várias forças políticas, devem se apresentar para a sociedade. Um momento de transição no mundo, de muitas mudanças no mundo. E o PCdoB tomou a decisão de se colocar como alternativa na cidade de São Paulo.
Eu, inclusive, acho um pouco estranho esse diagnóstico de divisão de esquerda. Nós temos hoje, por exemplo, na disputa por São Paulo, o mesmo número de candidaturas de esquerda que havia em 2018 na disputa para presidente. Então é mais narrativa do que fato, a divisão da esquerda.
SIMONE QUEIROZ: Agora, candidato, vamos pensar bem. Quando o partido lança a candidatura a prefeito, consegue também dar mais atenção, mais destaque à candidatura dos vereadores. Pergunto ao senhor: no fundo, o PCdoB também não tem medo de cair na cláusula de barreira?
ORLANDO SILVA: Olha: eleger vereador, eleger deputado, eleger senador é um objetivo de todos os partidos. Ter representação no Poder Legislativo é algo muito importante, porque a Câmara de Vereadores é o lugar que nós damos voz à população. Apresentamos a reivindicação do povo, para que o poder público possa dar atenção a minha bancada de vereadores. Aliás, o PCdoB tem chapa completa de vereadores, eu peço para que nos acompanhem para votar 65 para vereador, que não tiver um nome, escolhido antecipadamente... É evidente que é parte da nossa estratégia para eleger bancada, e é mais que legítimo. Nós precisamos qualificar a política, qualificar o Poder Legislativo, e ter uma candidatura própria, sim, abre caminho para escolha de nomes, homens e mulheres, para representar o povo na Câmara de Vereadores, isso é muito legítimo e muito importante.
Candidato, queria falar um pouquinho da sua trajetória até aqui. O senhor, quando era ministro dos Esportes, o senhor deixou o cargo em 2011, depois de uma série de denúncias de corrupção, inclusive de pagamento de propina, que, segundo os acusadores, teriam sido feitos pessoalmente para o senhor na garagem do ministério. O senhor sai do ministério logo depois disso. Na sequência, o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) quebrou o seu sigilo bancário fiscal. O senhor não quer aproveitar e explicar para o eleitor o que houve?
Não houve nada. Houve uma farsa. Houve uma mentira. Fábio (Diamante, repórter do SBT), se você pesquisar nos jornais de 2011 - como a produção deve ter feito - e encontrar essas duas informações... eu vou acrescentar algumas novas informações. Dez anos depois, quase - dez anos depois, vou repetir - nunca fui convidado sequer para prestar um depoimento. Por quê? Porque era uma farsa, era uma grande armação.
Eu era ministro dos Esporte. Nós tínhamos conquistado o direito de fazer Jogos Olímpicos, Olimpíadas, a Copa do Mundo. O Ministério dos Esportes era no auge da sua produção - e estava lá Orlando Silva, uma pessoa simples, como muitos que vivem no Brasil. Aliás: um homem negro, em uma posição de grande destaque. Eu não tenho a menor dúvida de que tenham feito uma armação para me deslocar do cargo de poder. Não aconteceu nada, foi uma farsa, uma montagem. Infelizmente, teve grande eco. Ninguém falou depois que nada foi apresentado, que nada foi provado, que eu sequer fui ouvido. Essas são as coisas da política aqui no Brasil. Infelizmente, ainda existe esse tipo de fatos.
O senhor disse que dez anos depois dessa denúncia... Porém, mais recentemente, em 2017, o senhor foi citado na delação de Ricardo Saud, que era diretor financeiro do grupo J&F. Ele também disse que pagou propina para o senhor, que seria para o aproveitamento de campanha, sua campanha a Câmara dos Deputados em 2014. Essas investigações ainda não estão encerradas. Eu gostaria também, de ouvir o senhor sobre esse caso.
Eu não tenho nada a dizer. Porque, veja, a própria delação premiada, que ele fez, foi questionada pelo próprio Ministério Público, que havia validado a delação.
O problema é que no Brasil é assim que para fazer luta política o cara acusa o outro, sem responsabilidade. É por isso que uma série de processos, como o da Lava Jato, acaba caindo em descrédito, acaba sendo anulado, e isso faz com que a população se afaste da política, porque acha que todo mundo é igual.
Insisto: não tem nada que fique em pé, inclusive, nessa manifestação, o tempo vai mostrar. Infelizmente, enquanto não há o tempo para desmoralizar este acontecimento, fica como se fosse uma espada sobre a cabeça das pessoas. O tempo vai mostrar que eu tenho razão.
O senhor inclui, nesse grupo de acusações, o caso dos cartões corporativos quando o senhor era ministro? Só para relembrar para as pessoas, queria falar com isso com o senhor, tem 12 anos isso. O senhor usou ali o cartão corporativo como ministro dos Esportes para pagar uma tapioca, - foi um erro, o senhor mesmo disse que foi um engano. Mas isso puxou ali uma conta, que foi questionada, de mais de R$ 30 mil que foram pagos em hotel de luxo, com a presença de familiares do senhor e também em restaurante. Na época o senhor decidiu pagar, devolver esse dinheiro ao Tesouro, mesmo dizendo que não havia nenhuma ilegalidade ali. Por que o senhor pagou? Por que que o senhor devolveu o dinheiro se não havia nenhuma ilegalidade? Houve alguma imoralidade no episódio?
Olha, vou contar a história, já que é essa a pauta do SBT. Eu vou seguir a pauta de vocês.
Em fevereiro de 2008, foi feita uma matéria do jornal O Estado de S.Paulo, falando sobre um gasto indevido de R$ 7,80. Era acusação de corrupção, de uma compra de R$7,80. Detalhe: fevereiro de 2008. Esse gasto foi em agosto de 2007, e a minha assessoria identificou esse gasto em dezembro de 2007, antes da matéria. Não importa o valor, como era um gasto errado, eu confundi os cartões... de R$ 7,80, em dezembro de 2007, eu devolvi o dinheiro.
R$ 7,80: o Estadão fez uma matéria. Como era ridícula a acusação, eles foram investigar todos os gastos, chegaram ao ápice de dizer que eu tinha ido para um hotel com a minha família, no Copacabana Palace. Eu nunca tinha entrado no Copacabana Palace. Era um hotel chamado Plaza Copacabana. Aí disseram que era a família inteira, sabe por quê? Porque eu me hospedei com a minha mulher e uma criança de 6 meses, para ir até um evento onde eu fui premiado como Personalidade do Ano
O senhor usou o cartão [corporativo] para pagar a estadia da sua esposa?
Durante duas horas que eu fiquei, recebendo o prêmio, uma pessoa assistiu um bebê, um de seis anos [seis meses]. Eu voltei para lá e usei para pagar a minha estadia. Por que eu devolvi tudo? Porque eu fiquei tão indignado com a baixaria política que foi feita, que eu falei: "Sabe de uma coisa? Quanto que eu usei durante 5 anos?" R$ 36 mil, eu devolvi cada centavo. Para que não pairasse dúvida, não só sobre a minha honestidade, mas também sobre o meu compromisso com a bem utilização do dinheiro público.
Mas não é exatamente aí que levanta a dúvida? Quando o senhor pega algo que o senhor diz que é legal, que o senhor estava trabalhando, e o senhor devolve o dinheiro? Não é exatamente aí que fica a dúvida?
Não. É porque você não sabe, Fabio, como você fica indignado... A indignação de quem sofre injustiça, não sei se você já sofreu. Se um dia você sofrer, você vai ficar revoltado, você vai ficar indignado. R$7,80 deu causa à abertura de uma comissão parlamentar de inquérito no Congresso Nacional. É uma hipocrisia.
É uma vergonha você tratar temas e tratar histórias de pessoas nesse nível. Por isso que é lamentável. Eu sugiro que a produção investigue com calma cada detalhe da minha trajetória para saber de onde eu vim. Um menino que nasceu na periferia, que a vida inteira estudou em escola pública, que trabalhou aos 13 anos de idade como office boy, que foi criado por uma mãe solo, que é militante político em defesa da educação desde os 16 anos de idade, que já foi ministro de Estado, deputado federal e convidaria para visitar minha casa. Saber nas condições que eu vivo com muita dignidade, com muito orgulho. Porque eu sempre estive no lado do povo pobre, preto, da periferia e continuo lutando.
Incomoda muita gente quando vê um cara com a minha cara, que tem a cara do povo simples, trabalhador, ocupando espaço de poder. Eu sei que incomoda muita gente. Mas não tem jeito, tem que tolerar. E tem que tolerar um cara corajoso e que defende um projeto popular na cidade de São Paulo para governar para quem precisa, para dar chance a quem não tem chance.
Candidato, o senhor afirma no seu plano de governo que o senhor vai ter duas prioridades muito importantes: a retomada do emprego e a luta antirracista. Queria falar um pouco dessa luta antirracista. O senhor propõe que projetos e iniciativas estejam ligadas a várias secretarias. Como é que vai ser isso?
Primeiro é importante que a gente compreenda que você não pode ter democracia numa sociedade com racismo, assim como não pode ter uma democracia com machismo. Nós temos que respeitar o lugar das mulheres, dos negros e de todos que constroem a vida no país.
Tem gente que se incomoda com isso. Falam assim: "Não, pra que isso? Por que essa diferença?" Eu respondo com um dado que saiu hoje no UOL, do Anuário da Segurança Pública do Brasil. De cada dez pessoas mortas pela polícia, oito são pessoas negras. É um exemplo. Poderia falar do emprego, do acesso ao mercado de trabalho, da renda média, que há uma diferença com relação à população negra. Eu falo de atravessar todo os programas é porque nós temos, por exemplo, na educação que é efetivado o ensino da História da África, da cultura afro-brasileira, que é uma lei mas que na prática não é respeitada. Então, a gente tem que ter na educação, no mercado de trabalho, estimular a política de cotas, estimular o setor privado a fazer como é nos Estados Unidos. Lá você tem nas empresas privadas política de estímulo para incorporação, inclusão econômica da população negra.
Então eu creio que, quando eu falo de atravessar tudo, é porque eu creio que tem muitas faces para que nós possamos superar o racismo. O poder público pode ajudar. Nós vamos criar uma Defensoria Pública Municipal para não deixar que crimes de racismo fiquem impunes, para que o chamado "auto de resistência" não oculte a violência policial e até exigir que estabelecimentos comerciais se responsabilizem solidariamente por crime de racismo. Para mim isso é muito importante. Emprego é um tema que... Me perdoe, Fabio, quando você aparece na tela, eu imagino que já está na hora da gente finalizar. Emprego é um tema para nós muito importante porque a covid-19 vai deixar, infelizmente, um rastro de destruição na nossa economia.
Vamos falar exatamente disso. O senhor fala também da questão do desemprego e o senhor faz uma meta de criar 300 mil empregos com frente de trabalho da construção civil, na área da limpeza, combate de vetores, reformas de calçadas. Quais setores mais? São Paulo também é muito forte na questão dos serviços, tecnologia. O senhor vai atacar esses setores especificamente ou o senhor pretende ampliar isso?
Então, frente de trabalho é uma linha própria na geração de emprego. Se você observar, Fabio, na história da humanidade, sempre que você tem tragédias como a Covid produziu aqui, o Estado tem um papel importante na retomada da atividade econômica. Frente de trabalho, eu chamo a atenção para ocupar jovens, porque desemprego é muito grave, mas entre jovens é sempre o dobro da população adulta. Por isso, frente de trabalho, ocupam-se jovens em muitas atividades. A construção civil é um capítulo à parte, porque é uma cadeia produtiva que gera muito emprego direto e emprego indireto. A ideia é infraestrutura urbana, equipamentos sociais como escolas, postos de saúde, pequenas obras nos bairros, como você se referiu aí nas calçadas, que têm impacto na mobilidade, tem impactos na acessibilidade e também tem impacto na geração de emprego.
Então, você tem muitas frentes para que nós possamos atacar. E a sua referência, Fabio, a São Paulo como um local em que há desenvolvimento científico e tecnológico, eu utilizo o meu plano de governo com a perspectiva de reindustrializar a cidade de São Paulo.Todo mundo olha pra São Paulo como a locomotiva do país, como o lugar da indústria. Mas se você anda na Vila Prudente, Santo Amaro, na Mooca, no Brás, no Ipiranga, você vê verdadeiros cemitérios de fábricas. E essa reindustrialização deve se basear na indústria 4.0. Porque nós temos aqui o maior polo científico da América Latina. Só que essa ciência está desconectada da produção econômica. E a prefeitura pode ser um mecanismo de encontro para que nós possamos aproximar a nossa produção científica das nossas necessidades econômicas. São Paulo tem que estar ligado em economia digital, tem que estar ligado em economia criativa, tem que estar ligado em indústria baseada em automação, assim nós podemos situar a nossa cidade entre aquelas que puxam o desenvolvimento econômico do país.
Candidato, existe alguma possibilidade de se formar uma frente ampla de esquerda em apoio ao candidato de esquerda que estiver em melhor posição nas pesquisas, ainda no primeiro turno?
Simone (Queiroz, repórter do SBT), ou a frente é ampla ou a frente é de esquerda. Frente ampla de esquerda é uma contradição em si mesma.
Quem defende frente ampla, e eu defendo frente ampla, defende uma frente ampla anti-Bolsonaro. Porque a nosso ver, o Bolsonaro é o mal maior que o Brasil vive hoje. Pela desorientação da sua política econômica. Não tem rumo. Quando eleito, a expectativa era crescer 2,5% da economia. Não cresceu nem 1% em 2019. O Paulo Guedes não tem a menor noção de como conduzir a economia do país. E o Bolsonaro é esse desastre político. Desmoraliza o país no mundo inteiro. A Amazônia em chamas, o Pantanal em chamas, e ele diz que está tudo bem. Então, o nosso problema é construir uma frente ampla política para derrotar esse viés conservador, reacionário, do Bolsonaro. Frente de esquerda é um outro assunto.
Quando o senhor está falando em frente ampla, por exemplo, que o senhor defende, o senhor inclui o PSDB? O senhor dá o abraço pro João Dória, por exemplo, para combater o Jair Bolsonaro?
Eu sou oposição ao João Doria. Eu votei contra o João Doria. Eu sou oposição ao Bruno Covas. O João Doria não é candidato. A eleição de governador será em 2022, mas eu farei de tudo para derrotar Celso Russomanno, que é o candidato de Jair Bolsonaro. Celso Russomanno, que é um pastel de vento. Ele deu uma entrevista ontem na Folha de S.Paulo, e o que ele mais falou foi: "Não sei. Não vou responder. Não é o meu assunto". Quer dizer, é ridículo. Ele quer fugir dos debates como fez o Bolsonaro. A TV Cultura ofereceu um debate para os candidatos, ele já falou que não vai. Por quê///? Porque ele não tem ideia, não tem propostas, não tem perspectiva. Russomanno é marionete do Bolsonaro. A minha luta [é] para derrotar esse tipo de gente. Gente que não gosta de povo. Que não tem política para garantir direitos para o povo. Eu acredito que é necessário um projeto popular que inclua a população mais pobre e garanta os seus direitos.
Candidato, a gente está chegando no fim. Eu queria fazer uma pergunta para o senhor, voltando ao tema do racismo. O senhor fala na sua proposta de governo que a cidade não pode reverenciar ou homenagear "escravagistas, ditadores e seus lacaios". O senhor eleito, o senhor pretende, por exemplo, mudar nomes de ruas e praças para homenagear pessoas que o senhor se referiu aqui? Por exemplo, o Monumento às Bandeiras, no Ibirapuera, em São Paulo, tradicional. Ele não deixa de ser um movimento que homenageia a colonização. O senhor entende que esse tipo de monumento tem que ser retirado da cidade nesse combate ao racismo?
Eu vou te falar, eu fui vereador em São Paulo e aprovei uma lei como vereador que autorizava a mudança de nome de logradouro público, de ruas e de praças. Por quê? A cidade tem uma memória. Ela constrói a sua memória, que é a memória de um povo. Eu por exemplo, lutei para transformar a rua Sérgio Fleury, que é um fascista, ditador, um autoritário que torturou muita gente na Vila Leopoldina, aqui em São Paulo, mudar para Frei Tito, que foi vítima do Sérgio Fleury. Então eu acredito que a cidade tem que debater a sua perspectiva, o seu compromisso civilizatório. Tem conquistas que não são de "A", nem de "B". Não é de esquerda, nem de direita. São da civilização. Tudo aquilo que representa valores da violência, valores do racismo, valores antidemocráticos, eu defendo que sejam superados a partir de um debate público. Porque é pedagógico discutir esses temas da memória da cidade.
Candidato, nós já estamos chegando ao final dos 20 minutos, tempo que é padrão para todos os candidatos. Então eu vou pedir agora que o senhor faça as suas considerações finais.
Eu agradeço a Simone e Fabio a oportunidade de conversar com os amigos que acompanham o SBT. Lamento que a produção tenha gasto mais tempo para discutir fake news do que temas da cidade. Mas eu estou pronto para apresentar propostas para moradia, educação, saúde, emprego, esporte, cultura e lazer. Temos ideias para que São Paulo seja uma cidade melhor para todos. Agradeço muito a oportunidade do SBT, 65 é o meu número. Peço o voto de quem nos acompanha neste momento.
Muito obrigada, candidato. Só queria esclarecer que esses assuntos fizeram parte da nossa pauta porque eles foram assuntos investigados.
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