Banco Central "não tem atribuição sobre a regulação de bets", afirma Galípolo
Indicado do presidente Lula para presidência do BC foi sabatinado na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado
Guilherme Resck
O diretor de política monetária do Banco Central (BC) e indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para presidir a instituição, Gabriel Galípolo, afirmou, nesta terça-feira (8), que o BC "não tem qualquer tipo de atribuição sobre a regulação" das apostas de cota fixa, popularmente conhecidas como bets.
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"Não é o papel do BC", acrescentou, em sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. Segundo ele, por outro lado, o Banco Central discute "qual é o impacto das bets do ponto de vista de consumo e para a atividade econômica do país".
"Eu lembro que começamos esse debate muito olhando para quanto a renda restava crescendo, quanto que a gente conseguia ver o reflexo desse crescimento da renda em consumo, em poupança".
Galípolo disse que, num primeiro momento, teve "uma grande desconfiança" sobre números referentes ao mercado de bets obtidos pelo BC , mas "a cada reunião aqueles números vinham se confirmando".
De acordo com um levantamento do Banco Central divulgado em 24 de setembro, beneficiários do programa Bolsa Família gastaram R$ 3 bilhões com empresas de apostas em agosto de 2024.
A função do BC em relação às bets, ressaltou Galípolo, é "muito mais tentar entender" qual é o impacto delas "em endividamento das famílias, como é que a gente consegue explicar a relação entre atividade econômica, despesas e o impacto para a inflação".
Reforma tributária
Após pergunta do senador Izalci Lucas (PL-DF), Galípolo disse que "constantemente" os diretores do Banco Central debatem a necessidade de a instituição se aprofundar em estudos para saber qual o impacto da reforma tributária nos preços de mercado.
"Não é simples, até porque a gente não tem a redação final [do projeto de regulamentação], a gente não sabe qual é a solução final, e mesmo com ela, como já disse um físico, fazer projeções são sempre muito difíceis, especialmente sobre o futuro", pontuou.
"Então é um processo de tentar tatear essas mudanças, mas com certeza é uma atenção que o BC tem tomado e dado e até provocado para que meios acadêmicos e outras instituições possam fazer estudos para que a gente possa reunir mais informações sobre esse tipo de impacto", acrescentou.