Aluguéis sobem quase 53% em Porto Alegre, diz Secovi
Gasto mensal pesa no bolso de quem ainda não comprou imóvel

Lenise Slawski
O valor dos aluguéis aumentou quase 53% nos últimos cinco anos em Porto Alegre, segundo levantamento do Sindicato da Habitação (Secovi). O impacto atinge principalmente quem ainda não conseguiu comprar um imóvel e precisa continuar no mercado de locação. A situação levou muitos inquilinos a mudar de endereço ou renegociar contratos para tentar aliviar o peso no orçamento.
A consultora de imóveis Alana Rafaela Almeida da Silva, moradora da zona sul da capital, precisou se mudar em 2024 depois de receber uma proposta de reajuste de quase 50% no valor do aluguel.
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"No final do terceiro ano, eu estava pagando em torno de R$ 1,7 mil e o reajuste foi para cerca de R$ 2,5 mil. É muita coisa, uma diferença bem expressiva", contou. Ela optou por um apartamento menor e mais novo, que coubesse no orçamento.
Enchente e juros

De acordo com o Secovi, a valorização de imóveis em regiões não afetadas pela enchente de 2024 também influenciou na elevação dos preços. Ao mesmo tempo, os altos juros em financiamentos de longo prazo reduziram o número de contratos de compra, aumentando a procura por imóveis para alugar e pressionando os valores.
"O setor aquece e os preços sobem quando a demanda por aluguel é maior que a oferta", explicou Moacyr Schukster, vice-presidente do Secovi.
Dados do último Censo do IBGE mostram que cerca de 20% da população gaúcha, percentual semelhante ao da capital, vive de aluguel. Para esses inquilinos, a recomendação de especialistas é tentar negociar.
"A taxa de aceitação de contrapropostas por parte dos proprietários é alta. Negociar é vantajoso para os dois lados", afirmou Tiago Seltenreich, gerente comercial de aluguéis de uma imobiliária da cidade.
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Alana tentou esse caminho, mas não houve acordo. "Em outros pontos, a gente teve que se apertar para conseguir morar em um lugar mais confortável. Tem que abrir mão de algumas coisas", relatou.
O cenário reforça a importância do diálogo entre inquilinos e proprietários diante dos reajustes, que vêm superando os índices inflacionários tradicionais e exigindo mais planejamento das famílias.