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Economia

Franquias voltadas à saúde faturam 16% mais no 2º trimestre de 2023

Profissionais médicos e de odontologia buscam capacitação para abrir e gerenciar negócio próprio

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Franquias de saúde
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Paulo Barreto é dentista formado pela Universidade de Campinas (Unicamp) e atua na área há 19 anos. Depois de fazer várias especializações, viu o movimento de seu consultório particular aumentar vigorosamente. Para dar conta do atendimento e do dia a dia do negócio, admitiu que tinha que aprender ainda mais. "No meu caso, como a clínica começou a crescer de uma maneira bem rápida, o grande problema que eu tinha era na gestão, nos Recursos Humanos, treinamento, e fazer toda a estrutura funcionar de forma bem organizada. Nós, dentistas, temos a mania de trabalhar de uma maneira muito centralizada (nós e mais uma auxiliar) e isso é muito ruim, pouco produtivo. E à medida que a gente começa a crescer, a gente começa a enfrentar os desafios da gestão também", diagnostica ele.

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Já são mais de 560 mil médicos e quase 400 mil dentistas no Brasil, de acordo com a Demografia Médica no Brasil, do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), em um cenário que reúne cerca de 290 mil clínicas médicas e 45 mil clínicas odontológicas. Boa parte deles demandando formação para reduzir custos, girar valores e conduzir rotinas. Muita coisa que não se aprende na escola. Isto sem esquecer que o país enfrenta uma grande desigualdade também no aspecto de atendimento de saúde. Embora o Serviço Único de Saúde (SUS) seja referência mundial no acesso da população ao atendimento público de saúde, tem gente que não quer enfrentar filas ou esperar pelos cuidados. Os custos dos planos de saúde não são para todos. Muito menos nas clínicas particulares. Daí a explosão das franquias na área. 

Universo franquia

As franquias voltadas ao setor de saúde e bem estar experimentam crescimento expressivo do início do ano até agora: abertura de novas operações e faturamento estão em alta. Pesquisa de desempenho elaborada pela Associação Brasileira de Franchising (ABF) revela que a variação no segundo trimestre de 2023 sobre o mesmo intervalo do ano passado, representou um acréscimo de 11.062 operações de franchising no país, totalizando 188.878 operações. Crescimento de 6% em número de operações no país. 

No 2º trimestre deste ano, as empresas faturaram R$ 54,253 bilhões, considerados todos os setores. A cifra reflete um avanço de 12,9% sobre o mesmo período do ano passado. As projeções para o fechamento do ano falam em crescimento de até 12% no faturamento, sobre os R$ 211,5 bilhões de 2022. 

faturafranch

No caixa das sempresas ao longo de todo o primeiro semestre, entraram R$ 105,107 bilhões, ou 15% mais do que no período equivalente de 2022 (R$ 91,432). 

Recorte saúde

Quando olhados pelo recorte específico da área de Saúde e Bem Estar -- que inclui clínicas de atendimento odontológico e médico com assinatura mensal e pagamentos adicionais a cada tratamento em particular --  os números também são positivos. O 2º trimestre deste ano apurou 15,9% a mais no faturamento, ou R$ 13,353 bilhões contra R$ 11,516 bilhões do período equivalente de 2022. 

FRANQUIA EVOLUI

A julgar pelas cifras, a área oferece oportunidades de negócios com perspectivas interessantes. Mas há ponderações pertinentes quanto à entrega, em termos do atendimento prestado aos pacientes. "Como regra, essas empresas (franquias) buscam lucro, mas o objetivo principal deve ser ético, não pode prejudicar o foco, que é oferecer um serviço de qualidade", classifica o Dr. Julio Braga, do Coordenador de Ensino do Conselho Federal de Medicina. A força de atração exercida pela atividade do profissional 'empresário', obriga o setor a ser criterioso na regulação. 

"O meio de trabalho do médico, talvez seja o mais desregulado, de forma extrema. Mas na franqueada, normalmente, já tem uma regulamentação maior. O médico, habitualmente, não tem o perfil de empreendedor. Mas através desse sistema de franquias pode ser útil. Não existe conflito de interesse na maioria dessas empresas. Ainda assim, avaliamos e fiscalizamos a responsabilidade profissional, como as formas de tratamento, consultas, locais adequados, privacidade, quem é especialista", Julio Braga, CFM 

Apreender a empreender

A demanda por disciplinas e cursos que orientem no sentido de como organizar a gestão do negócio, mesmo para quem está mais habituado a bisturis e obturadores, tem surgido ainda na formação superior. Gestão, marketing e recursos humanos, por exemplo, não são abordados a fundo nas faculdades de saúde. De forma geral, o curso de Medicina se preocupa com aspectos humanos, biológicos e sociais, mas a publicidade e o empreendedorismo permanecem como lacunas cada vez mais demandadas pelos estudantes, já de olho em abrir negocios próprios. Sejam eles em associação com franqueadoras ou unidades de atendimento exclusivas.

A publicitária Gleice Oliveira percebeu a carência e visualizou a oportunidade de negócio -- e de diversificação para a formação dos médicos e dentistas. Na área há quase vinte anos, organizou uma plataforma chamada AConsultora Plus para oferecer consultoria e treinamento aos profissionais de saúde que querem também funcionar como empresários. 

"O profissional da saúde não foi preparado na faculdade e não tem conhecimento, quando o assunto é ter a própria empresa. Ele se vê como um profissional liberal, mas é preciso de um conhecimento mínimo, sobre honorários, impostos, legislação, contrato, como formar uma equipe e como se tornar visível. Existe um Conselho de Ética em cada área e, às vezes, acabam fazendo divulgações não permitidas. Então, esse profissional precisa de orientação, porque lida sozinho contra esse mercado", Gleice Oliveira, sócia-fundadora de AConsultora

São cerca de 80 videoaulas sobre atendimento ao cliente, marketing digital, vendas, administração e finanças. As palestras de profissionais de cada área também são oferecidos como produtos digitais, que facilitam o acesso e o acompanhamento. Os conteúdos tratam desde gestão e fluxo de caixa até práticas do dia-a-dia "ao abrir a porta do consultório", aponta a professora Gleice. "O bom atendimento é considerado fundamental para 94% dos clientes, mas apenas 11% deles se dizem satisfeitos, de acordo com pesquisa do portal Mercado & Consumo. Já o Manpower Group apurou que a falta de mão de obra qualificada no Brasil é de cerca de 81%, enquanto no resto do mundo a média é 75%: fica claro que, desde a recepcionista da clínica, os colaboradores têm que ser capacitados para dar o melhor atendimento", avalia Gleice.  

Posologia

"A área da saúde tem um alto faturamento, mas margem de lucro pequena, então precisa de uma boa gestão para funcionar bem. Há muitos prejuízos que ficam oscilando, inclusive em hospitais. É uma área que precisa de experiência em gestão. Para quem não tem experiência, pode ser uma melhor opção [a capacitação]", acrescenta o Dr Julio Braga, do CFM. 

Para o Dr. Paulo Barreto, a nova 'formação' ajudou. "O que eu sempre pretendo, quando eu adquiro os cursos, é melhorar áreas específicas da clínica, que geralmente impactam nos resultados totais, como: produtividade, faturamento, qualidade de entrega e relacionamento com o paciente. Você consegue resolver problemas, que nem sabia que existiam. Você detecta o consultório como um organismo completo: os processos, não tem que aparecer tanto o 'dentista dono'", acontece de uma forma orgânica. Sem falar no relacionamento com os pacientes", diz ele. 

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