Mulheres investem valores mais altos do que os homens na Bolsa
Aplicação inicial pelo sexo feminino é, em média, de 3,37 vezes o que é aportado pelos homens

Guto Abranches
As mulheres investem valores superiores aos dos homens, em seus primeiros aportes na Bolsa de Valores. Dados da B3, a bolsa do Brasil, mostra que o aumento significativo dos investidores em mercado de renda variável nos últimos anos tem tido o efeito de "convencer" o sexo feminino a adentrar ao universo da renda variável "ao seu jeito": elas podem até levar mais tempo para tomar a decisão quanto ao investimento... mas entram com mais força na ciranda financeira.
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No primeiro trimestre deste ano havia 5,3 milhões de CPFs investindo em ações no mercado nacional. A cifra representa nada menos do que 23% de aumento em relação ao mesmo período do ano passado.
De maneira geral, os valores em custódia e o saldo médio dos investimentos têm registrado quedas de um trimestre para o outro. Quer dizer, muito mais gente investindo mas a valores menores.
Eles e elas
A proporção entre homens e mulheres investidores na bolsa vem se mantendo razoávelmente firme nos últimos anos -- homens com cerca de 75% de participação e mulheres com 25%. Mas com o passar do tempo, como a massa geral de aplicadores tem tido ganho significativo, é de se entender que em números absolutos a presença feminina também venha aumentando -- junto com o número de homens que passaram a investir.
O dado curioso aparece na avaliação do quanto cada mulher aplica em bolsa logo de cara: na comparação com os homens, as mulheres iniciam seus investimentos em ações com R$ 199,00 em média; já os homens fazem seu primeiro aporte com R$ 59,00 em média. Conclusão, as mulheres dão a largada nas apostas financeiras em bolsa com 3,37 vezes mais dinheiro do que os homens, em média.
"O valor que elas aportam, em média, em seu primeiro investimento, é relativamente maior. Enquanto o dos homens gira em torno de R$ 59, o das mulheres é de R$ 199. Uma das hipóteses é que as mulheres tendem a correr menos riscos e se preparam mais, inclusive poupando mais antes de investir" , Christianne Bariquelli, supte Educação/B3
Risco calculado
A tese da menor opção pelo risco -- daí o maior tempo de maturação da decisão -- por parte das mulheres, encontra amparo em outra constatação estatística. As mulheres ocupam espaço maior em investimentos como o Tesouro Direto, que se baseia em renda fixa, do que na renda variável. De acordo com os especialistas da B3, a participação feminina no TD vai a 39%, ou cerca de 14 pontos percentuais a mais do que na bolsa, a julgar pelos dados atuais. O que pode apontar uma tendência quanto à presença delas nestes mercados. "O Tesouro Direto é considerado, desde já, uma aplicação mais segura", pondera Christianne Bariquelli. E esse fato dialoga direto com a visão que muita gente tem sobre a presença feminina na sociedade: "As mulheres já são responsáveis pela gestão de boa parte dos lares brasileiros, estão também ocupando novos espaços no mercado de trabalho. Esse movimento é muito positivo e pode se refletir num maior equilíbrio nos investimentos ao longo dos anos", completa ela.
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