Haddad defende que governo abra 'caixa-preta' de benefícios fiscais
Ministros da Fazenda e Planejamento e presidente do BC debatem juros, inflação e crescimento econômico
Israel de Carvalho
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta 5ª feira (27.abr), que a economia brasileira está há 10 anos com crescimento econômico aquém do potencial efetivo e que é preciso recuperar a capacidade de investimento do estado brasileiro. O ministro ainda afirmou que se a economia continuar desacelerando, o Brasil poderá enfrentar problemas fiscais. As declarações foram dadas pelo ministro durante um debate promovido pelo Senado sobre juros, inflação e crescimento econômico. Também participaram, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet e o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, dentre outras autoridades.
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Haddad afirmou que o corte de despesas pode ser alcançado pelo corte de gasto tributário, isto é, combatendo a renúncia fiscal. O ministro ainda defendeu a reforma tributária, que acredita ser um dos caminhos que proporcione o Brasil zerar as contas e que venha a ter superávit a partir de 2025.
"Atribuo ao sistema tributário grande parte da ineficiência da nossa economia. Você vai perdendo competitividade porque afasta quem mais produz. Reforma tributária não é questão lateral", destacou em sessão no Senado. Para ele, "se determinados parafusos forem apertados", o país pode voltar a crescer.
Caixa preta
Haddad também defendeu que o governo abra o que chamou de "caixa-preta" dos benefícios fiscais a fim de aumentar a arrecadação federal.
"Se é o caso de, em virtude do orçamento aprovado no ano passado, tomar medidas saneadoras para recuperar as finanças públicas, para onde olhar? Qual é a maneira correta de fazer o ajuste sem penalizar aqueles que dependem do SUS, da escola pública, da segurança pública, da assistência social? A maneira que nós escolhemos de fazer o ajuste foi abrindo a caixa-preta das renúncias fiscais, o chamado gasto tributário", afirmou.
Campos Neto
O presidente do Banco Central, mais uma vez, reconheceu a alta taxa de juros do Brasil, que atualmente está em 13,75% e é muito criticada pelo governo, mas apontou motivos para que a taxa esteja no patamar atual.
Além de dizer que o juro, apesar de alto, já foi maior e hoje está mais baixo que na média da história, também falou que a inflação alta se controla com maior taxa de juros. O presidente do BC também apontou outras razões para o juro atual:
- Há baixa recuperação de crédito na parte estrutural da economia
- Endividamento brasileiro está alto
- Há baixo indíce de poupança
- Presença de indicadores de risco
Campos Neto também afirmou que o BC faz um trabalho técnico, com um quadro "altamente capacitado", que busca cumprir e estabilidade de preço, sempre "com menor custo possível para a sociedade".
"Temos caminhado na direção correta e temos que garantir a estabilidade de preços e não conseguimos ela com inflação descontrolada", disse.
Segundo Campos Neto, o BC também tem uma preocupação "enorme" com a agenda social e citou programas de inclusão e educação financeira nas escolas.
Simone Tebet
Já a ministra do Planejamento afirmou que a autonomia do BC é importante para a estabilddiade econômica, mas pontuou que a autarquia não pode considerar que suas ações são apenas técnicas, são também "decisões que interferem na política", destacou.
Afirmou que o Brasil tem crescido, em média, menos de 1% nas últimas três décadas, portanto, tem de haver equilíbrio e é preciso "planejar o futuro e ter políticas econômicas certeiras".
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