Alta taxa de juros é pior problema da construção para 37% dos empresários
Segundo Sondagem da CNI confiança do setor na economia está na marca de 50 pontos: compasso de espera
Guto Abranches
A avaliação do empresariado da indústria de construção nacional, a respeito dos primeiros quatro meses do ano, é mais negativa, mais intensa e mais disseminada do que no último quadrimestre do ano passado. Nos primeiros quatro meses de 2023, a Sondagem Indústria da Construção, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), ouviu 356 empresários entre pequenos (136), médios (141) e grandes (79). Em relação às condições atuais da economia brasileira, o índice marca 37,8 pontos; quando se trata de cada empresa, individualmente, a percepção dos responsáveis reside em 46,6 pontos. Todo indicador abaixo de 50 pontos aponta no sentido da menor confiança/piora das condições de cada quesito observado.
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Culpa dos juros
Em cada grupo de 10 empresários, praticamente 4 responsabilizam o impacto da taxa Selic pela desaceleração da atividade: 37,4% das empresas não hesitam em assinalar os juros como um dos três principais problemas enfrentados pelo setor no período. Isto significa uma crescimento de 6,8 pontos percentuais em relação aos quatro últimos meses de 2022.
A carga tributária é lembrada em segundo lugar pelos construtores (23%). E a falta ou alto custo da matéria-prima vem em terceiro. Este quesito preocupava 8,2% dos empresários da área antes da pandemia, e agora avançou para 21,3% - embora tenha decrescido na comparação com o final do ano passado.
Confira o gráfico abaixo:
A intenção de investimento da indústria da construção recuou 5,5 pontos em abril ( para 39,8 pontos) depois de subir por dois meses seguidos. Em relação à média do ano passado, o indicador é 4,6 pontos inferior.
Marcando passo
A confiança do empresário do setor caiu 1,1 ponto, e cravou os 50 pontos. Esta marca estabelece que pontuação acima de cinquenta, indica confiança entre os construtores; abaixo, reflete falta de confiança. Na análise do empresariado do setor, pode-se dizer que a economia encontra-se em compasso de espera. As condições atuais da economia são avaliadas como negativas desde janeiro deste ano. Em abril, o Índice de Condições Atuais caiu 2,1 pontos, para 43,7 pontos, menor valor desde abril de 2021.
Há algum nível de otimismo sustentado por perspectivas positivas para os próximos meses, do ponto de vista da empresa. O índice que afere este item está em 53,1 pontos, após queda de 0,7 ponto. As expectativas para a economia brasileira estão no negativo desde novembro de 2022.
Atividade e emprego
O índice do nível de atividade ficou em 49,5 pontos em março, registrando avanço de 3,5 pontos com relação a fevereiro. O índice, próximo da linha divisória dos 50 pontos que separa aumento de queda do nível de atividade, sinaliza que o recuo da atividade foi pouco intenso e disseminado. Confira.
Já no recorte sobre o número de empregados, a marca ficou em 49,2 pontos, representando aumento de 1,6 ponto ante fevereiro. A queda do emprego em março foi a menos intensa e disseminada em cinco meses. Veja abaixo.
Mesmo em recuperação, o nivelamento do emprego na indústria da construção ainda está abaixo da régua dos 50 pontos, o que aponta percepção menos confiante do empresariado. A linha divisória dos 50 pontos é o que separa a confiança da desconfiança, nos vários indicadores.
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