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Economia

Mercado financeiro oscila após quebra de bancos nos Estados Unidos

Especialista avalia que crise em instituições do Vale do Silício pode impactar juros no Brasil

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Quebra de bancos nos EUA
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A corrida por saques aos bancos regionais Silicon Valey Bank (SVB) e Signature Bank precipitou a aversão ao risco e pessimismo nos mercados internacionais. Por mais que as autoridades da economia americana tenham agido igualmente rápido, garantindo aos clientes a cobertura de seus depósitos nas instituições que foram fechadas, a extensão dos eventuais danos segue estimada. O Banco Central dos Estados Unidos (Federal Bank - Fed) e até o presidente Joe Biden vieram a público para garantir que o "sistema bancário é seguro" e que os correntistas não terão prejuízo. Mas a atual crise norte-americana pode impactar a taxa de juros do país e até no Brasil, conforme avaliam especialistas.

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Até o momento, a tendência é tratar a repercussão das "quebras" das instituições como tendo alcance limitado - notadamente impactando o setor de tecnologia. Os dois bancos foram assumidos por controladores da autoridade federal. Nesta 2ª feira (13.mar), os mercados americanos fecharam sem tendência definida, mas acompanhando atentamente os desdobramentos sobre a crise das instituições financeiras --  Dow Jones -0,28%; S&P 500 -0,15% e Nasdaq + 0,45%. No Brasil, o Ibovespa cedeu 0,48% aos 103.121. E o dólar fechou em dia de alta forte: + 1,16%, cotado para a venda a R$ 5,269.   

"Quando começa um ciclo de alta de juros muito fortes (como atualmente, nos EUA) o crédito fica mais restrito e a liquidez no mercado diminui muito. Além de que os títulos têm uma depreciação alta, elevada. E a partir dos clientes começarem principalmente a fazer saques, em função da baixa liquidez, os clientes começam a precisar desses recursos e o banco fica em situação muito difícil pra honrar os depósitos. Foi isso que aconteceu e por isso o banco veio a quebrar", avalia Heitor Martins, especialista em renda variável na Nexgen Capital.

O descasamento entre o total de depósitos no caixa do SVB e os ativos que a instituição efetivamente acumula para honrar compromissos, abriu um abismo de lastro financeiro, e o banco não teve como cumprir suas obrigações com clientes e outras instituições. 

Quebra eletrônica

Na semana passada o Silicon Valley Bank, focado em financiar empresas de alta tecnologia no Vale do Silício, experimentou  uma corrida bancária como não se via há mais de uma década  - em 2008 houve a crise dos subprime, que culminou com a quebra do Lehman Brothers.

"O SVB perdeu, na 5ª feira, 9 de março, cerca de US$ 42 bilhões de depósitos, ou uns US$4,2 bilhões por hora. Esse tipo de hemorragia é inédito e diz muito sobre essa nova era de crises bancárias em que a comunicação por meio das redes sociais exerce tanto um poder destrutivo, quanto outro de captura. No caso, de possível captura das autoridades responsáveis por estancar a sangria, submetidas à pressão exercida por depositantes sofisticados nas plataformas digitais", afirma a economista Monica De Bolle, do Peterson Institute e da Universidade Johns Hopkins. 

O raciocínio da economista retrata a rapidez da disseminação dos saques ao SVB e Signature Bank - a corrida bancária não resultou em filas, mas em operações eletrônicas às centenas nas plataformas - e a resposta igualmente acelerada de entes do governo federal americano. Foi o que afastou a preocupação com o risco sistêmico - contaminação de outros bancos - ao menos em termos mais imediatos. Mas, na visão de analistas, despertou no Banco Central americano outra ponderação. "Não seria viável aceitar um pouco mais de inflação em detrimento de deixar um setor muito exposto aos juros altos?", questiona Rodrigo Moliterno,  Head de Renda Variável da Veedha Investimentos.

Para os observadores da economia, a discussão no mínimo terá de ser colocada, uma vez que foi exatamente o menor acesso ao crédito - pelos juros altos - e a redução da liquidez do mercado que emparedaram o SVB, dizem analistas.

Agora, quem falava em juros de 6% ao ano nos Estados Unidos, começa a rever achando que os juros cheguem no máximo a 5% a.a. e podendo chegar a 5,70% a.a. no final do ano. "Seria algo como se a gente pudesse começar a pensar num possível corte de juros no segundo semestre no mercado americano. Essa crise do SVB fez talvez tirar o Fed da zona de conforto, pensar fora da caixa e em todos os impactos de como tá economia. Aqui [no Brasil] também passa a ter mais alívio, podendo até começarmos a pensar na possível redução dos nossos juros; então é uma conjuntura que do ruim pode sair uma coisa boa", completa Moliterno. 

Impacto no Brasil

Mais cedo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o Banco Central (BC) acompanha o colapso no Silicon Valley Bank e no Signature Bank para decidir se alguma providência será tomada, e que a instituição considera haver poucas informações sobre o tema. Haddad também avaliou a situação como grave, mas ponderou que não deve gerar uma crise sistêmica, como a de  2008, na quebra do Lehman Brothers.

"Tenho falado com o sistema financeiro brasileiro, estou falando com os bancos no Brasil, para saber qual a percepção de risco que eles estão tendo. O que eu posso adiantar, em primeiro lugar as informações ainda não são suficientes para saber o tamanho do problema. A ação do FED ao longo do fim de semana foi positiva, garantindo os depositantes", disse.

O titular da Fazenda fez as declarações a prefeitos, no mesmo dia em que considerou haver possibilidade de redução da taxa de juros no Brasil. Haddad disse haver "uma gordura", que abre espaço para a adoção da medida no país. "Eu diria que tem uma gordura no Brasil que permite a nós, tomando as providências que estão sendo tomadas e vêm sendo reconhecidas pelo Banco Central nas atas que ele divulga. Eu penso que nós temos aí um espaço que o mundo não tem", declarou.

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