Balanço do BC em 2022 é aprovado pelo CMN: saldo é negativo em R$ 298 bi
Conselho Monetário não toca no aumento da meta de inflação; definição tem que sair até o meio do ano
A primeira reunião do Conselho Monetário Nacional no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terminou sem que fosse discutida a possível elevação da meta de inflação. Neste sentido, o encontro fez confirmar a postura já adotada pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que disse recentemente que o tema não seria tratado nesta reunião. A primeira data para o encontro era final de janeiro, mas houve um reagendamento para esta 5ª feira (16.fev).
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O encontro foi cercado de muita expectativa, por ocorrer em meio às fortes críticas feitas pelo presidente Lula à atual política de juros elevados para controlar a alta de preços. A taxa referencial de juros da economia brasileira, a Selic, está hoje em 13,75% e mantém este patamar desde agosto do ano passado. O próprio presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, autoridade normalmente distante das entrevistas e das aparições públicas, concedeu uma rara entrevista à televisão, no programa Roda Viva, da TV Cultura, na 2ª feira (13.fev), onde se posicionou contra a ideia de elevar a meta de inflação [o que, teoricamente, permitiria alguma folga também para reduzir os juros]. A repercussão em mídia foi intensa.
No dia seguinte, em seminário promovido pelo banco BTG Pactual, Campos Neto disse que o ministro Haddad tem tido muito boa vontade em atuar à frente da economia e em falar sobre o novo arcabouço fiscal a ser definido. E pediu que os investidores, o "mercado", tenham também mais "boa vontade com o governo Lula". A posição foi entendida como um aceno pacificador em direção ao Palácio do Planalto e aos críticos da atual política de juros internos ao governo federal.
Aprovação do balanço do Banco Central
Após a reunião do CMN - que durou pouco mais de vinte minutos - foi divulgado em entrevista coletiva o balanço financeiro do BC no ano passado. Em 2022, o Banco Central apresentou resultado negativo de R$ 298,5 bilhões. O resultado foi aprovado pelo CMN. Confira na ilustração do BC abaixo.
"Do resultado negativo apurado no exercício de 2022, R$ 179,1 bilhões serão cobertos mediante reversão de reserva de resultado e R$ 82,8 bilhões serão cobertos por redução do patrimônio institucional do Banco Central. O saldo remanescente de R$ 36,6 bilhões será coberto pelo Tesouro Nacional, conforme previsto no art. 4º, § 3º, da Lei nº 13.820/2019. A empresa de auditoria independente manifestou-se com parecer sobre as demonstrações financeiras de 2022 sem qualquer ressalva. As demonstrações financeiras estão disponíveis no site do BC na internet", diz a nota do BC.
Regulamentações
O Conselho Monetário regulamentou ainda o funcionamento de confederações de cooperativas de crédito, de modo que essas sociedades passam a ser autorizadas a funcionar e a ser fiscalizadas pela autarquia. Entre os serviços que passam a ser disponibilizados estão a prestação de serviços de processamento e armazenamento de dados e computação em nuvem e da disponibilização de rede de caixas eletrônicos, bem como os serviços de assessoria jurídica e contábil.
Os bancos comerciais e múltiplos também tiveram a sua regulamentação atualizada. Entre as mudanças, os investidores brasileiros associados a estas instituições terão maior acesso ao mercado global de títulos e valores mobiliários, sem a necessidade de manutenção de contas no exterior.
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