Mercado financeiro no Brasil dispara com eleição em 2º turno
Ibovespa sobe 5,54%, a maior alta em mais de 2 anos; eleição obriga ambos os candidatos a guinada ao centro
O mercado financeiro não deixou por menos: aproveitou desde logo cedo a 2ª feira (03.out) pós-primeiro turno, para descarregar sinais de aprovação à continuidade da disputa pela presidência da República. As análises da recomposição do Congresso, das alianças possíveis para a retomada das campanhas e o cenário externo igualmente foram considerados.
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De início o fato de a eleição não ter sido definida no domingo (02.out) já agradou. A chance de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sagrar-se vencedor em primeiro turno não era a opção favorita de uma parte significativa do mercado financeiro. Se não pelo perfil do candidato, seu partido e suas coalisões mais estritamente, mas por considerar que uma decisão tão absoluta e direta assim teria o poder de facultar ao vencedor menor necessidade de recomposição. Pra ficar mais claro: Lula tenderia a não se aproximar mais dos eleitores e partidos de centro, por já ter cacifado a vitória.
Com a briga ainda a todo vapor - e mais tensa do que se imaginava antes da primeira votação --, os investidores e analistas acreditam ser obrigatório o aceno mais moderado. E a busca tende a começar já, de olho no segundo turno. Mas vai além. "Com o perfil do congresso extremamente Bolsonarista, Lula em eventual mandato terá que se aproximar de todos partidos, inclusive de desafetos recentes, crescendo a chance de o MDB declarar apoio formal ao ex-presidente", é a aposta de Étore Sanchez, economista chefe da Ativa Investimentos.
Bolsonaro reeleito ou Lula eleito
Mas a guinada ao centro não é destino imaginado apenas para Lula. O presidente Jair Bolsonaro (PL), igualmente, teria que abrandar o discurso, diluindo os radicalismos. Em se tratando de Bolsonaro, parece mais difícil, imprevisível até. Mas a julgar pela postura dele na primeira declaração depois de consolidada a realização do segundo turno, não é impossível. "A gente sabe que tem gente que quer mudança. Sabe que tem mudança que vem, e piora", disse Bolsonaro em anúncio muito mais ponderado do que o habitual.
" Bolsonaro já é governo. Se ele vencer, será a continuidade do que o mercado já está vendo. Do ponto de vista da agenda econômica isso traz alguma segurança", diz o cientista político e sócio da Tendências Consultoria, Rafael Cortez.
Sobe e desce
Levando em conta todas estas apostas, o Ibovespa não perdeu tempo. Abriu e só fez subir. Uma hora depois do início do pregão a alta era de 3,60%. Às duas da tarde já avançava 4,51%, aos 115 mil pontos. No fechamento, cravou +5,54% aos 116.134 pontos, maior alta desde abril de 2020. Papéis de empresas ligadas ao governo federal dispararam. Petrobras teve boas puxadas com as ações preferenciais (PETR4) EM + 7,99%; ordinárias (PETR3) com alta de 8,86%; Banco do Brasil foi a + 7,63%.
Na linha contrária o dólar desceu a ladeira: - 4,10% cotado a R$ 5,173 na venda.
Lá fora
No conjunto da obra, o cenário internacional também turbinou as oscilações. Os países produtores de petróleo, reunidos na Organização dos Países Exportadores (OPEP), sugeriram a possibilidade de redução na produção em torno de um milhão de barris dia, pra segurar os preços. De outro lado, a chance de haver um cessar-fogo na guerra da Ucrânia também mexeu com outros mercados ligados à energia.
No cenário norte americano dia de otimismo, com uma interpretação de que a atividade econômica estaria dando sinais de arrefecimento. Para bons entendedores, sinais - ainda que sutis - de menores juros no horizonte. E lá se foi o Dow Jones para + 2,66%; Nasdaq + 2,27% e S&P 500 em + 1,54%. O otimismo também colaborou com o dia no azul no mercado brasileiro.