Agro: novo método de estudo calcula potencial produtivo dos solos
A princípio, resultados preliminares mostram quais cidades são promissoras para cana-de-açúcar e soja
Depois de coletar 70 mil amostras de solo em todo o país, pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP), vão calcular o potencial produtivo de cada localidade.
O método foi desenvolvido por eles mesmos. De acordo com o engenheiro agrônomo Lucas Tadeu Greschuk, consiste em observar o comportamento da terra, que "possui uma capacidade inerente para atender às demandas das culturas em termos de disponibilidade de nutrientes e água, influenciando no processo fotossintético da planta e na fabricação de biomassa", explica. "Portanto, o potencial produtivo do solo, um indicador conhecido pela sigla SoilPP, se refere a sua capacidade de produzir biomassa em resposta à avaliação de seus atributos químicos, físicos e biológicos."
À princípio, os testes serão focados em descobrir quais localidades são mais propícias para o cultivo da soja e da cana-de-açúcar, que dominam as lavouras e tem grande importância econômica.
Para se descobrir se o solo é propício para a cultura, analisam-se informações sobre os "níveis de argila, areia, silte, carbono orgânico do solo, matéria orgânica do solo, acidez, saturação por alumínio, além da saturação de bases, delta pH, declividade do terreno, índice de intemperismo e outros", explica Greschuk. "Os atributos de cada uma delas receberam uma pontuação variando entre 0 a 100, todos eles foram integrados em um índice ponderado e, por fim, cada amostra teve uma pontuação SoilPP variando entre 60 a 100".
Os maiores valores SoilPP são daqueles solos com maior potencial produtivo. "São os que apresentam maior profundidade, boa drenagem, textura fina, sem rochas e alto valor nutricional para as plantas", diz o desenvolvedor.
Entre as comparações, foram usados dados do IBGE, os quais apresentam as condições de 2.304 municípios e aa produtividades para a soja e a cana-de-açúcar. "No caso da soja, baixos níveis de produtividade média municipal foram observados em 896 cidades produtoras, os quais poderiam ser aumentados", analisa o engenheiro agrônomo. "Para a cana-de-açúcar, 1.056 apresentaram baixos níveis de produtividade média municipal".
Ao ver os resultados por cidades e as especificações de solo em cada uma delas, o estudo consegue apontar se aquela localidade poderia aumentar a produtividade. "Mas isso também vai requerer um estudo mais aprofundado e também saber investigar quais fatores estão interferindo: genéticos, do solo (pedológico), climáticos ou incidência de pragas e doenças na produtividade das respectivas culturas", pondera o pesquisador.