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Política para os juros nos EUA deixa intensidade das altas indefinida

Ata do Banco Central americano sugere ao mesmo tempo preocupação com preços e com atividade econômica

Política para os juros nos EUA deixa intensidade das altas indefinida
Sigla do Fomc
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Desde a última reunião do Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) que decidiu a taxa de juros americana, os investidores escolheram a nova "pergunta do milhão de dólares": até onde vai a alta dos juros nos Estados Unidos? E mais: quanto tempo ela vai ficar nesse nível? Nesta 4ª feira (17.ago), houve um encontro para que o Comitê apresentasse ao mercado os motivos que o levaram a puxar os juros para o intervalo entre 2,25% a.a e 2,50% a.a., na reunião do final de julho. Só que a pergunta... continua valendo. 

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De maneira geral, os analistas viram no documento do Fomc uma sinalização de que a política monetária com altas de juros vai continuar. O que muda um pouco é a interpretação sobre qual seria o objetivo com a continuidade do ciclo. Com inflação ainda elevada, tornou-se comum ouvir entre os observadores do cenário a avaliação de que a taxa atual (entre 2,25% e 2,50% a.a.) pode ser considerada a "da neutralidade" e, portanto, para baixar preços os juros têm que subir. Mas também há quem já enxergue uma preocupação cada vez maior do Banco Central Americano (Federal Reserve), que o Fomc integra, em não subir demais a taxa para não inibir a atividade econômica. "A ata do Fomc de julho mostrou que a discussão foi muito influenciada pelos dados mais fracos de atividade dos dias até a reunião", aponta Débora Nogueira, economista-chefe da Tenax Capital. Ou seja, está colocada entre os executivos do Comitê a discussão de fundo: como equilibrar preços com atividade? "Falaram que já havia evidências de que as ações de política e a comunicação estavam começando a afetar os setores mais sensíveis a juros. Muitos destacaram o risco de um aperto além do necessário para restaurar a estabilidade de preço", completa Débora.

Ajuste em progresso

Para o economista chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, o foco vai se ajustando. "Análises sobre a atividade mais 'fragilizada' e potenciais desdobramentos para o mercado de trabalho estiveram presentes no comentário", pontua ele. Para, a seguir, indicar o caminho das próximas decisões. O Federal Reserve volta a se reunir em setembro pra discutir a política monetária (juros). "Mantemos a avaliação de que a autoridade irá subir o juro em 50bps [0,50pp] na próxima reunião e conduzirá a taxa até o intervalo de 3,75%-4,00%. Mesmo que os preços tenham perdido ímpeto, permanecerão fortes e o mercado de trabalho, ainda que sensibilizado por uma atividade menos robusta, custará a romper para cima os 4% de taxa de desemprego." Em outras palavras, a preocupação com a inflação deve prevalecer. 

Vai depender

De fato, não há uma sinalização mais acabada sobre os juros capaz de responder o quanto sobem e por quanto tempo. Mesmo sobre a próxima decisão, que sai na reunião do mês que vem, o calibre da provável alta divide os analistas. E ainda tem a questão da duração do ciclo. "O passo que eles vão usar na próxima reunião vai depender dos dados, então ou é 0,50pp ou é 0,75pp. Não está claro se ele vai manter o passo de 0,75pp [que foi o teor da elevação na reunião do Fomc, no fim de julho]. O mercado inclusive prevê que ele reduza o passo pra 50", analisa Marília Fontes, sócia da Nord Research. A executiva observa ainda outro aspecto da Ata do Fomc que toca na questão da inflação: a redução dos preços da commodities no mercado internacional, já um indicativo da apreensão mundo afora com o risco de uma recessão. Fator relevante mas não determinante no enfrentamento dos preços no cenário doméstico dos Estados Unidos. "Outra coisa que o documento apontou foi que a queda nas commodities não foi vista como suficiente para controlar a inflação. É que a inflação está muito mais espalhada, não está concentrada nas commodities. Está nos serviços, aluguéis e tal. Então a queda nas commodities não seria suficiente pra fazer eles pararem de subir a taxa de juros", entende Marília. 

Horizonte próximo

"A próxima é 0,50pp e o plano de vôo é terminar entre 3,5% e 4% o ciclo atual de altas." Alexandre Mathias, CEO da Kilima é categórico. As contas já estão feitas e batem com as de grande parte dos gestores de finanças. Nos cálculos, além das cifras, os sinais econômicos do cenário como um todo. "Os membros do Fed reconhecem que os gastos e a produção arrefeceram, mas enfatizam que o mercado de trabalho permanece forte com ganhos de emprego robustos e a taxa de desemprego baixa o que implica que uma recessão, se houver, não está no horizonte próximo", diz Mathias.

Fechamento do dia: Dow Jones -0,50%; Nasdaq -1,25%; S&P 500 - 0,72%. No Brasil o Ibovespa subiu 0,17% até os 113.707 pontos. Dólar + 0,53% cotado a R$ 5,168.

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