Lula sobre benefícios: "Maior distribuição de dinheiro desde o Império"
Candidato do PT conversou com empresários na Federação das Indústrias de São Paulo
O candidato do PT à presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, foi recebido por um auditório lotado de empresários pesos-pesados na Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp). Uma fonte presente ao encontro observou que foi a "maior presença de público desde o início da série de conversas com presidenciáveis". Já estiveram nos salões da federação os candidatos Ciro Gomes (PDT), Luiz Felipe D'Ávila (Novo), Simone Tebet (MDB) e agora Lula (PT).
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Antes da conversa no auditório, o candidato teve uma reunião privada com o presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, e outros poucos interlocutores. Por mais que seja habitual entre a direção da entidade e os presidenciáveis convidados, observadores destacam a relação próxima entre Lula e Josué.
O pai do empresário, José Alencar Gomes da Silva, foi vice-presidente no governo Lula. José Alencar morreu, vítima de câncer, poucos meses depois de cumprir os dois mandatos como vice, e de deixar o governo, em março de 2011.
A conversa levou cerca de 45 minutos, e chegou a atrasar o ponto alto da visita de Lula aos industriais. A fala dele aos empresários, dispostos num anfiteatro que acabou pequeno para o tamanho da audiência. Ao lado do candidato a vice, Geraldo Alckmin (PSB), Lula fez questão de elogiar o companheiro de chapa, numa atitude que tem se tornado frequente: apontar a parceria do presente, como que a demonstrar que "as rusgas do passado entre PT e PSDB ficaram no passado. Já fomos adversários políticos. E, agora, eu e ele resolvemos compor uma chapa pra consertar esse país'', disse o petista.
Foram duas horas falando aos industriais. Houve perguntas formuladas pelos empresários. Houve aplausos dirigidos por eles ao petista. Houve promessas e críticas aos adversários, notadamente ao presidente Jair Bolsonaro (PL). "Ele está fazendo a maior distribuição de dinheiro desde o fim do Império pra ganhar a eleição", disse Lula sobre os benefícios sociais concedidos pelo governo federal.
Em determinado ponto, fez da crítica ponto de apoio na tentativa de aproximação com um importante setor da economia, amplamente pró Bolsonaro: o agronegócio.
"Eu queria saber por que o agronegócio gosta do Bolsonaro! O que ele fez pelo agronegócio? Nada!", afirmou o candidato petista.
E ressaltou ainda que a última grande medida adotada em favor dos produtores rurais foi implementada pelo seu governo. " Nós fizemos a securitização das dívidas dos produtores rurais. Depois disso, nada mais foi feito", alfinetou.
Reformas
Lula usou ainda o termo "desafio" para convocar os industriais a aprovar uma reforma tributária. "Cada um aqui tem uma bancada no Congresso. Quando tiver reforma tributária, nós vamos ter que aprová-la".
Até sobre reforma administrativa Lula respondeu aos empresários. O tema é sensível ao setor. O candidato não deixou de abordá-lo, mas foi lacônico. "É preciso fazer uma reforma administrativa", pontuou. Sobre a Reforma Trabalhista, já há algum tempo Lula tem defendido que é preciso revisar o texto e não revogá-lo --como chegou a pregar em tempos recentes.
Ao se encontrar com o setor produtivo mais poderoso do país, Lula demonstrou no discurso está atento aos aspectos que tocam particularmente aos industriais. E o fez de maneira a não confrontar os interesses da classe, ao mesmo tempo em que se mostrou afável ao apoio que espera dos representantes das fábricas.
Um industrial que é observador atento dos cenários político e econômico, descreveu, sem revelar a identidade, o ambiente entre o petista e os representantes do "PIB paulista", dizendo que "ele foi bem recebido, o ambiente chegou a ficar descontraído, foi aplaudido. A convivência foi simpática. Nenhuma animosidade, nenhuma hostilidade. E, além de tudo, o Lula falou boa parte das coisas com as quais os empresários querem trabalhar. Quando ele fala em previsibilidade, credibilidade. É isso", concluiu.
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