Vacinação da covid-19 assegurou R$ 200 bi ao PIB, segundo FGV
Em contrapartida, país usou R$ 67 bilhões na compra de imunizantes
Pablo Valler
A cada R$ 1 investido em vacina contra covid-19, R$ 9 foram injetados no PIB do Brasil. É o que mostra um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) apresentado durante um evento online da farmacêutica Pfizer, nesta 4ª feira (8.jun).
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
Como resultado, R$ 200 bilhões foram incluídos na taxa de crescimento da economia. "É muito raro vermos um ativo financeiro desse tamanho", constatou o pesquisador, o economista Gesner Oliveira. "A vacina é um instrumento poderosísimo", avaliou.
Sem a vacinação, a retomada econômica não seria possível. Nem mesmo a retomada escolar. Em média, pelo país, adolescentes e crianças ficaram 178 dias sem aula, de acordo com o estudo. O Brasil foi o país que manteve escolas fechadas por mais tempo.
O estudo se dedicou aos efeitos sobre os mais jovens. Para a FGV, o Brasil retrocedeu 15 anos na alfabetização. Um levantamento sobre o quantas crianças de 6 e 7 anos de idade, atualmente, não sabem ler revelou um cenário preocupante.
Eram 40,8% delas em 2021. No ano anterior, 32,9%. Em 2019 bem menos, 25,1%. Os dados chamaram atenção da vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizaçõaes (SBIn), Isabella Ballalai, que defendeu uma prática comum em alguns países europeus.
"Onde se faz vacinação regular, não só em surtos, os índices de doenças são menores, índices incríveis. A vacinação escolar é a única maneira de ter essa garotada vacinada. Porque procurar pelos postos não vão", disse Ballalai, que também é pediatra.
A preocupação é válida. Entre janeiro e fevereiro de 2022 foram confirmados 21.357 casos em crianças. Já nos meses de novembro e dezembro de 2021 foram registrados 1.631. A comparação é da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (DIVE).
"As crianças adoecem com gravidade e transmite também", alertou Julia Spinardi, líder médica da Pfizer. "Por causa das campanhas, que davam prioridade aos idosos e pessoas com comorbidade, ficou a impressão de que a imunização é essencial só para eles".
Para as especialistas, agora que a oferta de vacinas está regulada, as crianças deveriam ser vacinadas em massa. "Acesso tem, mas falta empatia dos governos. Deveria ser como nos anos 80, 90, quando enfrentamos a poliomielite, o sarampo", disse Isabella.
"Naquela época, as pessoas ficavam felizes por ser imunizadas", completou Julia, reclamando que, hoje em dia, infelizmente, temos ainda as fake news atrapalhando o processo, precisamos fazer entender que as crianças precisam, elas também são importantes para a economia, elas são o futuro".