Alta do PIB no primeiro trimestre pode chegar a 1,6%, dizem analistas

Economistas e analistas de mercado financeiro estão otimistas com relação ao resultado do Produto Interno Bruto (PIB) que sai nesta 5ª feira (2.jun) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). De maneira geral, os números revelam uma expectativa de alta ao redor de 1% ou até 1,6% para o período entre janeiro e março de 2022. O movimento de recuperação tem surpreendido pela intensidade. Tanto que há analistas que não escondem que alguns fatores têm induzido uma flagrante revisão nas contas. "No início do ano havia até o temor por um desempenho negativo ou perto de zero no primeiro TRI", avalia Rodrigo Nishida, economista da LCA Consultores. " Agora praticamente dobramos o nosso número inicial, para 1,6% de estimativa para o resultado que sai amanhã", esclarece.

Uma das explicações para a virada na chave da economia - e nas contas das instituições em geral - vem do setor de Serviços. Durante a pandemia da Covid-19, muitos estabelecimentos como bares, restaurantes, hotéis e salões de tratamentos estéticos, por exemplo, estiveram fechados total ou parcialmente, reduzindo drásticamente os negócios. No momento em que a população respira um pouco mais livre dos cuidados sanitários, toda a demanda reprimida volta ao mercado.

"A vacinação relativamente alta permitiu uma flexibilização da pandemia. As pessoas voltaram a ir ao cinema, bares, restaurantes, shoppings, etc", aponta Simão Silber, professor de Economia da USP..

Também chama atenção a durabilidade do fator Serviços. No quarto trimestre de 2021 o setor já tinha ajudado na alta de 0,5% e também colaborou agora. Além disso, Serviços tem o peso de responder por cerca de 63% da economia, e esta recuperação duradoura influencia com gosto os números da atividade. O quanto durar este fôlego, melhor para o PIB.

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Setor externo

Outro fator a impulsionar o desempenho do PIB, ainda que de forma mais modesta do que Serviços, é o setor externo. Os resultados resilientes da balança comercial aparecem também nas contas do 1º TRI como empurrão favorável. E este é, já há bastante tempo, um vetor que, se não surpreende com subidas bruscas, também não tem situações de ladeira-abaixo inesperadas. A regularidade das trocas com os parceiros comerciais do Brasil com saldo constantemente superavitário para o país são motivo de perspectivas no azul para os economistas. " As commodities têm se mantido com preços em bom nível e sem atrair importações tão fortes", calcula André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos. "Na ponta do lápis, nosso número para o primeiro PIB do ano é 1,3%", diz ele. 

O fator Bebê

Em relação aos demais períodos do ano, os economistas até têm opiniões variáveis. Mais em função dos números do que em relação ao rumo que o PIB deve tomar. É que a partir já do 2º TRI, os cálculos apontam uma tendência de desempenho mais comedido. Isso pra dizer o mínimo. E há pressões já contratadas para atuar sobre o andar da economia. Uma delas é a ação da taxa de juros, em movimento de alta desde o ano passado. Uma hora essa pressão dá resultado. "É o efeito bebê", classifica o professor de Economia da USP, Simão Silber. Ele comenta que um processo de aumento de juros, da aplicação até o resultado, leva aí seus seis, sete, até nove meses...."É como uma gravidez. Passada a gestação, nasce a criança que, no caso agora, terá como atribuição conter a inflação, mas também o DNA de segurar a evolução da economia". 

O professor não está desacompanhado. Há analistas de mercado que  falam até em PIB próximo do zero já no segundo trimestre. Tudo em consequência do esgotamento da força de fatores como o pós-pandemia sobre serviços. "De abril a junho devemos ter não mais do que 0,6% de crescimento. E o segundo semestre inteiro no zero, sem crescer nada", argumenta Étore Sanchez, economista chefe da Ativa Corretora que conta com alta de 0,9% a ser divulgada nesta 5ª. A conferir.