Brasileiro precisa trabalhar cerca de 149 dias só para pagar tributos
Estudo do IBPT considerou rendimento médio de R$ 2.789, em 2021, para o cálculo
Karyn Souza
Os brasileiros vão precisar trabalhar cerca de 149 dias em 2022, isto é, até o dia 29 de maio, só para pagar os impostos, taxas e contribuições exigidas pelos governos Federal, Estadual e Municipal, ao longo deste ano. Foi o que concluiu um estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), com base no rendimento médio da população, em 2021, de R$ 2.789, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nesta faixa de renda, a carga tributária anual corresponde a 40,82% dos ganhos dos trabalhadores.
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O levantamento mostra ainda que a quantidade necessária de dias trabalhados para o pagamento de tributos varia de acordo com a renda dos contribuintes: pessoas com rendimento mensal de até R$ 3.000 terão que trabalhar 141 dias em 2022 para pagar impostos, ou seja, até 21 de maio; rendimentos entre R$ 3.000 e R$ 10.000, 157 dias - até 6 de junho; e rendas superiores a R$ 10.000, 150 dias - até 30 de maio.
A tabela abaixou mostra a incidência da carga tributária sobre cada faixa de renda, indicando o percentual de cada tipo de imposto e os dias necessários para pagá-los:
O estudo do IBPT também indicou que, considerando o rendimento médio da população em cada ano, a relação entre o período trabalhado e a tributação anual tem se mantido estável na última década, variando entre 140 e 153 dias no período de 2005 e 2022. A maior alta foi registrada entre os anos de 1994 e 2001, quando os dias de trabalho saltaram de 104 para 130. Já o ano em que se precisou trabalhar menos para arcar com os impostos foi 1988, quando foram necessários 73 dias.
O presidente executivo do IBPT, Dr João Eloi Olenike, explica que, apesar do crescente impacto da carga tributária no orçamento das famílias brasileiras, a pandemia fez com o número de dias se mantivesse estagnado em 149, entre 2021 e 2022. "O estudo foi feito considerando o período de base entre maio de 2021 e abril de 2022. Neste período, por conta do isolamento social necessário para o combater o coronavírus, houve uma retração na produção e circulação de riquezas do país, o que justifica o número de dias trabalhados ser o mesmo do estudo anterior (2021). A quantidade de dias trabalhados para pagar impostos segue estagnada nesse alto patamar nos últimos dois anos", destacou Olenike.
Tributação no Brasil e no Mundo
Dados da Secretaria do Tesouro Nacional mostram que, em 2021, a Carga Tributária Bruta do Governo Geral, que engloba as administrações federal, estadual e municipal, representou 33,9% do Produto Interno Bruto brasileiro, o equivalente a R$ 2,9 trilhões. O número corresponde ao maior patamar dese o início da série histórica da instituição, em 2010. O recorde anterior havia sido registrado em 2011, quando percentual chegou a 33,1% do PIB.
O último levantamento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, a OCDE, publicado em 2018, também aponta o Brasil como o país com a maior carga tributária, em relação ao PIB, entre as nações latino-americanas. Naquele ano, o tributos brasileiros representaram 32,5% de todas as riquezas do país, à frente de Uruguai (29,2%), Argentina (28,8%), a média de toda a América Latina (23,1%), Chile (21,1%) e México (16,1%).
Já em relação aos países membros da OCDE, a arrecadação registrada pelo Brasil, naquele ano, fica atrás da França (46%) e da média de toda organização (34,3%), mas supera o percentual dos Estados Unidos (24,3%).
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