Trabalhadores se mobilizam contra suspensão das atividades da Caoa
Localizada em Jacareí (SP), unidade emprega mais de 600 funcionários que temem pelo desemprego

José Luiz Filho
Com as mãos erguidas, parte dos 627 funcionários da fábrica da Caoa Cherry de Jacareí (SP), aprovou a proposta apresentada pelo Sindicato dos Metalúrgicos à montadora, durante assembleia, realizada na manhã desta 6ª feira (6.mai). No documento, os trabalhadores fazem três exigências: licença remunerada no mês de maio, layoff - que consiste na suspensão temporária dos contratos com pagamento de salários com auxílio do governo entre junho e outubro e, depois desse período, estabilidade de três meses - e manutenção dos benefícios.
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Após o ato, o grupo com cerca de 200 trabalhadores seguiu em passeata pelas ruas do centro de Jacareí, até a prefeitura, onde fizeram uma nova manifestação. De acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, Weller Gonçalves, o município cedeu o terreno onde está localizada a fábrica da Caoa Chery, além de conceder isenção de impostos para que a montadora se instalasse no local.
"É preciso cobrar do prefeito, uma posição. Ele precisa participar dos esforços para que a Caoa Chery não encerre as atividades e demita os funcionários da fábrica", afirmou o líder sindical.
O acordo aprovado em assembleia foi a saída encontrada pelo sindicato para tentar evitar a demissão imediata de 485 trabalhadores da linha de montagem e do setor administrativo da unidade. Segundo a empresa, a planta inaugurada em 2015 não será fechada, mas terá as atividades suspensas, enquanto passa por adequações para produção de veículos híbridos e elétricos a partir de 2025. Mas não há nenhuma garantia sobre a retomadas dos trabalhos, motivo pelo qual a entidade de classe trata a medida como fechamento do complexo.
Atualmente, os operários são responsáveis pela montagem de três modelos da marca - Arrizo 6, Arrizo 6 Pró e Tigo 3X. Os dois sedans passarão a ser importados da China e o hatch será tirado de linha.
Casado e pai de um filho, Pedro Rocha, de 36 anos, trabalha na Caoa Chery em Jacareí desde 2014. Foi contratado antes mesmo do início da produção. O risco de perder o emprego e os benefícios o deixa assustado. "Tem muita gente desempregada, emprego está difícil. Ser demitido agora é muito duro", desabafou.
Um encontro entre representantes do sindicato e o prefeito Isaías Santana (PSDB) para discutir a pauta está marcado para as 15h de hoje. Os trabalhadores também prometem acampar, em vigília, na frente da unidade, enquanto durarem as negociações.
Desde 2015, esta é a sétima montadora de veículos que encerra a produção em, pelo menos, uma unidade no Brasil. Só a americana Ford encerrou quatro fábricas e deixou o país. Um movimento que afeta os empregos do seto. Segundo a própria Associação dos Fabricantes (Anfavea), nos últimos 9 anos, quase 38 mil vagas (37.962) diretas foram fechadas. Uma redução de 24% da força de trabalho na indústria automobilística.
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