Comércio global deve desacelerar em 2022, diz ONU
Após recorde de US$ 28,5 trilhões em 2021, movimentações comerciais devem apresentar baixa
Depois de registrar recorde de crescimento em 2021, com movimentação de cerca de US$ 28,5 trilhões, o comércio global deve desacelerar neste ano. É o que apontam os economistas da Organização das Nações Unidas (ONU), em relatório divulgado nesta 6ª feira (18.fev).
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De acordo com a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), um dos motivos são os atrasos contínuos nas cadeias de suprimentos globais, que continuarão enfrentando pressões negativas geradas pela pandemia de covid-19.
Além disso, há preocupações com a inflação persistente nos Estados Unidos e com o setor imobiliário da China. Com a pressão do Federal Reserve (FED), o banco central dos EUA, para aumentar a taxa de juros, decorrido pelo aumento do custo da energia e o aumento do consumo, fizeram com que a inflação chegasse a um nível nunca visto em 30 anos.
Na China, o principal problema do setor imobiliário são as dívidas da incorporadora Evergrande, que tem cerca de US$ 300 bilhões em passivos totais. Recentemente, foi condenada a demolir dezenas de prédios no país. Para analistas, um colapso da Evergrande pode desencadear riscos mais amplos, prejudicando proprietários de imóveis e o sistema financeiro.
Queda de tendências
De acordo com os dados da Unctad, a tendência positiva para o comércio internacional em 2021 foi, em grande, parte resultado do aumento nos preços das commodities (mercadorias essenciais como soja, milho, trigo, óleo e minério de ferro). Além disso, a forte recuperação na demanda devido a pacotes de estímulo econômico.
O escritório da ONU aponta que o setor de serviços retornou aos níveis pré-pandemia no quarto trimestre de 2021. Já o comércio de bens permaneceu forte, aumentando quase US$ 200 bilhões e fechando em cerca de US$ 5,8 trilhões, batendo novo recorde. As exportações das nações de baixa renda superaram as dos países mais ricos no último trimestre do ano passado, em comparação com o mesmo período em 2020.
Já neste ano, os resultados podem não ser tão positivos. Segundo especialistas, os impulsionadores econômicos observados em 2021, provavelmente, serão menores. A Unctad também avalia que o comércio global pode ser afetado por um novo acordo comercial entre as economias da região do Leste Asiático e do Pacífico, a Parceria Econômica Regional Abrangente (Rcep).
O bloco entrou em vigor no primeiro dia do ano e deve aumentar o comércio entre os membros, "desviando o comércio de países não membros". Por fim, a Área de Livre Comércio Continental Africana também foi adicionada como um fator que pode resultar em mudanças na dinâmica do comércio global.