CGU aponta recebimento indevido de auxílio por 2 milhões de pessoas
Ajuda foi dada pelo governo em 2020, quando somente serviços essenciais estavam abertos

SBT Brasil
A Controladoria-Geral da União identificou indícios de irregularidade no pagamento do auxílio emergencial de R$ 300 em 2020. Quase dois milhões de pessoas receberam o benefício indevidamente.
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A maior parte dos pagamentos indevidos (821.991) foram para trabalhadores com carteira assinada e para pessoas que já recebiam o bolsa família (442.175) e ultrapassaram o teto máximo pelo governo federal. Houve também pagamentos para pessoas que já morreram (15.751).
Dos quase R$ 809 milhões pagos irregularmente, o Ministério da Cidadania diz ter recuperado pouco mais de 44 milhões, cerca de 5% do total. As irregularidades podem ser ainda maiores. O Tribunal de Contas da União apontou que um bilhão e R$ 200 milhões em benefícios foram pagos indevidamente para 620 mil pessoas em abril de 2020, no começo da pandemia.
Para o especialista em contas públicas, César Bergo, a maioria dos casos aponta para má fé do beneficiário, mas o economista também avalia que faltou controle e planejamento por parte do governo federal. "Você podia cruzar informações do SUS, da previdência, informações do Ministério do Trabalho, mas não foi suficiente pelo que nós vimos. Eu acredito que houve sim uma negligência, imprudência, sim. A falha deve ser apurada e evitada porque isso é dinheiro do contribuinte e são valores que fazem falta para o país", afirma.
O Ministério da Cidadania contesta os números e diz que a auditoria da CGU não considerou os benefícios cancelados. Também justificou que o relatório chegou tarde demais, depois que a última parcela já havia sido paga, em outubro do ano passado. Mesmo assim, a pasta garantiu que vai solicitar aos infratores a devolução dos recursos. E disse ainda que já trabalha na prevenção de novas fraudes junto ao Ministério da Justiça e Segurança Pública.