Bolso pesado em 2022: mercado tem projeções pessimistas para o ano
Inflação dispara e outros índices devem afetar população de baixa e média renda
A projeção dos analistas para a inflação deste ano subiu de 5,09% para 5,15%. Isso significa que o poder de compra da população de baixa e média renda deve cair ainda mais em 2022. Além disso, outros índices divulgados pelo boletim "Focus", do Banco Central do Brasil, nesta 2ª feira (24.jan), indicam que as perspectivas econômicas para este ano estão longe de serem otimistas.
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O IPVA e os preços dos aluguéis, por exemplo, também devem subir consideravelmente em 2022. O economista Felipe Queiroz, pesquisador da Unicamp, explica que, no caso dos aluguéis, há um peso muito forte do câmbio, já que ele está ligado aos IGP's, índices gerais de preço calculados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), geralmente utilizados para calcular os reajustes do mercado imobiliário.
A projeção para a taxa de câmbio no fim de 2022 está em R$ 5,60. "Se os contratos de aluguéis forem ajustados de acordo com o IGP, os valores vão subir muito. O mesmo princípio vale para o IPVA e para outros tributos que são reajustados de acordo com a inflação", afirma Queiroz.
Para o economista, a consequência da perspectiva econômica neoliberal adotada pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) é que as variáveis determinantes para o desenvolvimento do país ficam condicionadas ao ânimo, ao interesse do mercado. Se as expectativas do mercado forem positivas em relação ao país, há uma projeção de crescimento. Se forem negativas, há fuga de capitais, baixo investimento e, consequentemente, baixo crescimento.
Assim, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, índice que serve para medir a evolução da economia, também tem queda. Segundo o boletim Focus, a projeção para o crescimento do PIB é de apenas 0,29%.
"É um crescimento muito baixo levando em consideração o tamanho, a dimensão e a importância econômica, política e geopolítica do Brasil", ressalta Queiroz. "A forte pressão inflacionária acaba contribuindo pra que o crescimento seja ainda pior, porque há um aumento dos custos generalizados e a projeção de inflação excede o teto da meta. Isso mostra um descontrole total das instituições em relação ao compromisso com o crescimento e desenvolvimento do país", acrescenta.
A conjunção desses fatores, o economista explica, faz com que a população, especialmente a de menor renda, acabe pagando muito mais caro pela má gestão da política macroeconômica do que os grandes investidores ou aqueles que têm poder aquisitivo maior.
"Isso porque quem vive de salário mínimo irá gastar de 80% a 95% da renda com itens da cesta básica, enquanto um investidor não gastará nem 10%", pontua Queiroz.