Pinacoteca de SP encerra o ano com exposição que revela o trabalho por trás do Carnaval
Mostra reúne 200 obras e 70 artistas, exaltando a força criativa e os bastidores da maior festa popular do Brasil


Paula Rodrigues
A Pinacoteca de São Paulo encerra o ano em ritmo de samba.
A última exposição de 2025 do museu, “Trabalho de Carnaval”, mergulha nos bastidores da folia para revelar o universo invisível das mãos que constroem a festa.
Com curadoria de Ana Maria Maia e Renato Menezes, a mostra traz 200 obras entre adereços, projetos de decoração, fotografias e vídeos que transformam o edifício Pina Contemporânea em um grande ateliê da cultura popular brasileira.
Assinadas por 70 artistas de diferentes gerações e origens, entre eles Alberto Pitta, Bajado, Bárbara Wagner, Ilu Obá de Min, Heitor dos Prazeres, Juarez Paraíso, Lita Cerqueira, Maria Apparecida Urbano, Rafa Bqueer e Rosa Magalhães, as obras formam um mosaico de cor, suor e ancestralidade.

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Quatro núcleos, quatro visões do Carnaval
Dividida em quatro núcleos: Fantasia, Trabalho, Poder e Cidade, a exposição propõe uma leitura ampla do Carnaval, que vai muito além da avenida.
No núcleo Fantasia, o destaque vai para os projetos e croquis que materializam a imaginação. Ali, os visitantes encontram os estudos de J. Cunha para o Carnaval de Salvador e de Joana Lira para as decorações do Recife, um convite para mergulhar na arte de sonhar com a festa antes mesmo dela existir.
O núcleo Trabalho lança luz sobre quem faz o espetáculo acontecer: costureiras, ferreiros, artistas e carnavalescos. As obras reunidas tratam das condições de trabalho e da representatividade desses profissionais, muitas vezes esquecidos quando os confetes se dissolvem no asfalto.
Já em Cidade, o Carnaval se espalha pelas ruas, becos e ladeiras. Fotografias de Diego Nigro, feitas no Galo da Madrugada (2025), revelam o pulsar coletivo dos blocos e cortejos, o corpo urbano tomado pela alegria.
Encerrando o percurso, o núcleo Poder celebra os momentos em que o povo toma o trono: trabalhadores dos canaviais se transformam em reis e rainhas do maracatu, mulheres negras e grupos periféricos ocupam o centro da festa e da história. +Musical "O Admirável Sertão de Zé Ramalho" celebra 100 apresentações e chega ao Rio com entrada franca
O Carnaval como trabalho, arte e resistência
“Trabalho de Carnaval” é, ao mesmo tempo, um convite à festa e uma reflexão sobre ela.
A mostra resgata o Carnaval como cadeia produtiva, movimento social e ato político, feito pelas mãos de quem costura, pinta, inventa e dança.
Ao atravessar a exposição, o visitante percebe que o brilho das fantasias também carrega o peso da invisibilidade de quem as cria.
"Trabalhos de Carnaval"
- Edifício Pina Contemporânea - Grande Galeria | Av. Tiradentes, 273, Luz, São Paulo
- até 12/04/2026 (Quarta, Quinta, Sexta, Sábado, Domingo)
- de quarta a segunda, das 10h às 18h (entrada até 17h)
- Ingressos a partir de R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada). Entrada gratuita aos sábados









