Marina defende monitoramento mais rígido do que o exigido pela UE para desmatamento
Ministra reforçou meta em zerar taxa até 2030, pediu urgência para mudança climática e reforçou plano Safra de baixo carbono
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, defendeu nesta 3ª feira (21.nov) que o monitoramento de áreas desmatadas no país deve seguir sob comando do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em posição contrária a um possível acompanhamento de áreas na agricultura de forma independente.
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O posicionamento é mais rígido do que o exigido pela União Europeia no possível acordo comercial com o Mercosul. E diz respeito ao que é considerado desmatamento legal ou ilegal.
"Algumas exigências [da União Europeia] não são pertinentes, como por exemplo de que a aferição de área desmatada ilegalmente ou ilegal possa ser feita por qualquer mecanismo externo. Você pode até ter seus mecanismos ou aferição interna, mas isso não vale para qualificar a agricultura brasileira como sendo legal ou ilegal. Quem faz isso são as autoridades brasileiras que fornecem essas informações", declara Marina.
A afirmação vem um dia após uma nova negociação de parceria entre o Mercosul e União Europeia, em ligação feita pelo presidente Lula e a presidente da comissão europeia, Ursula von der Leyen. E foi dada em audiência da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, na Câmara dos Deputados. A ministra também reiterou apoio ao acordo entre os dois blocos.
"Aqueles que são contrários ao acordo do Mercosul com UE que arranjem outra desculpa. Porque nós estamos trabalhando e trabalhando sério, para que o Brasil não precise mais ser envergonhado", defendeu.
Safra carbono 1.0
Aos deputados, que em sua maioria apoiam o Agronegócio, a ministra também defendeu a adequação do plano Safra para que beneficie a agricultura de baixo carbono. O projeto de crédito é concedido pelo governo para fortalecer sistemas de produção agrícola, e vem com a intenção de fortalecer negócios que sejam ambientalmente sustentáveis.
Segundo a ministra, o programa vai funcionar em transição, começando por exigências básicas - como o Cadastro Ambiental Rural, que regulariza a produção. "É preciso fazer uma transição, um caminho. As coisas não acontecem em um passo de mágica. E, obviamente, é preciso ter incentivos", diz.
"Porque nós fizemos esse arranjo? Porque, primeiro, o Brasil de fato pode dar uma contribuição na segurança alimentar do planeta [...] Sustentabilidade econômica, social e ambiental. E procurando fazer que o Brasil não se torne aquele que vai ser cobrado, mas muito pelo contrário, aquele que lidera pelo exemplo", completa.
Mudanças Climáticas
Marina defendeu o enfrentamento às mudanças climáticas e disse que as mudanças ligadas ao clima - como tempestades, seca e calor também passam pela interferência humana: "é resultado da ação humana desde a revolução industrial". A ministra também conectou os temas com mudança na agricultura.
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