"Não há mais senadores independentes na CPI", diz líder da minoria
Para Jean Paul Prates, "tropa de choque" do governo aumentou blindagem ao presidente Bolsonaro
Líder da minoria no Senado, Jean Paul Prates (PT-RN) afirma que "não há mais senadores independentes" na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid. Ao SBT News, o parlamentar diz que a "tropa de choque", como classifica os quatro membros do colegiado próximos ao Palácio do Planalto, aumentou a blindagem diretamente ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) -- e não necessariamente ao governo como um todo.
A comissão é formada por 11 parlamentares, sendo sete deles favoráveis à investigação contra as ações do governo no combate à pandemia, o "G7". Dos quatro restantes, apenas dois se dizem governistas: Ciro Nogueira (PP-PI) e Jorginho Mello (PL-SC). Já os senadores Eduardo Girão (Podemos-CE) e Marcos Rogério (DEM-RO) se dizem "independentes", mas batalharam para ampliar o escopo da CPI e incluir também repasses federais a estados e municípios, pleito do Executivo.
"Não existem mais senadores independentes na CPI. Pode até existir a postura independente no plenário do Senado, para matérias econômicas, etc. Mas aquelas pessoas que diziam 'eu apoio o governo, apesar de Bolsonaro', isso acabou. Na CPI só tem a tropa de choque de Bolsonaro, governante, pessoa física, responsável pelos seus atos. E o outro lado: pessoas que estão investigando a causa de tudo, entre elas as atitudes do presidente", declara o senador.
Para Prates, "não tem como dissociar os desmandos, o descontrole e as coisas que continuam acontecendo" de Bolsonaro. No entanto, afirma que a CPI não foi instalada para necessariamente desgastar a imagem do presidente da República. Segundo o senador, a gestão já está desgastada com o alto número de mortes por covid-19, pelo atraso nas vacinas e pelo desemprego.
"A CPI não foi criada pra desgastar ninguém. Ela foi criada por um clamor geral, inclusive de pessoas que votaram no Bolsonaro, que estavam preocupadas com o desenrolar das coisas, principalmente a partir de Manaus, que foi um fato emblemático, né? Temos que analisar como é que o país chegou neste caos. Então, eu acho que o desgaste já é hoje. O desgaste já está aí. A CPI vai simplesmente esclarecer e confirmar que não é fake news, nem imaginação da oposição."
O senador não é um dos membros da comissão, mas, como líder da minoria, tem algumas prerrogativas, como participar dos debates da CPI e apresentar requerimentos em nome de bancada. Ele só não tem o poder do voto. Essa foi a estratégia do PT para incluir, em vez de dois parlamentares -- Humberto costa (PT-PE) e Rogério Carvalho (PT-SE) --, quatro: Jean e Paulo Rocha (PT-PA), líder do partido na Casa.
Questionado se a instalação da CPI fortalece uma eventual candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência em 2022, Prates diz que o balanço da gestão do petista já o coloca na frente de Bolsonaro: "Com um desastre da administração no combate à pandemia, derrete qualquer governo. Não é a CPI que vai ajudar Lula, é o próprio Lula, a própria lembrança de um governo competente".