Deputados criticam decisão de Lira de afastar jornalistas de plenário
Parlamentares da esquerda e da direita repudiaram decisão individual do presidente da Câmara
![Deputados criticam decisão de Lira de afastar jornalistas de plenário](/_next/image?url=https%3A%2F%2Fsbt-news-assets-prod.s3.sa-east-1.amazonaws.com%2FComite_de_imprensa_da_Camara_8f717dff04.jpg&w=1920&q=90)
Publicidade
Deputados de direita, de esquerda e de centro criticaram nesta 4ª feira (10 fev) a ordem do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de mudar o comitê de imprensa de lugar. O líder do Centrão quer retirar os jornalistas da sala localizada atrás do plenário Ulysses Guimarães, onde ocorrem as votações, para acomodá-los em uma sala sem janelas, no térreo do prédio do Congresso Nacional.
O objetivo de Lira é ocupar o espaço para instalar seu gabinete. Dessa maneira, ele poderia entrar no plenário, chegar e sair da Câmara sem ser abordado pela imprensa. Atualmente, para que chegue até sua sala ou até o plenário, o líder do Centrão tem que passar pelo Salão Verde, local onde transitam, além de repórteres, outros deputados e funcionários da Casa.
O comitê de imprensa funciona no mesmo lugar desde 1960, ainda no projeto de Oscar Niemeyer. Não à toa, a área foi pensada por ter fácil acesso ao plenário, aos parlamentares e apoiar a transparência na cobertura diária dos jornalistas. O local escolhido abrigava cerca de 25 pessoas. No entanto, mesmo durante a pandemia, há ao menos 40 profissionais da imprensa utilizando o espaço.
Para Hildo Rocha (MDB-BA), a decisão monocrática de Lira foi "antidemocrática". O deputado pediu que a transferência seja analisada também pelos parlamentares. "Mudar o comitê de imprensa, que funciona há 60 anos, no mesmo local... Se ouvisse os colegas deputados, vossa Excelência, que disse assim que assumiu, num discurso belíssimo, que iria ouvir a todos os colegas nas decisões dessas, agora tirar e botar lá embaixo", criticou.
O principal adversário de Lira na eleição, Baleia Rossi (MDB-SP), pediu que o líder do Centrão repense a decisão. "Conheço o presidente Arthur Lira há cinco anos e já atuamos em bons projetos para o país que mereceram ampla cobertura jornalística. Nesse sentido, peço, respeitosamente, que não mude o local de trabalho dos profissionais da imprensa na Câmara".
Segundo Érika Kokay (PT-DF), o presidente da Câmara "tem medo da imprensa" e, por isso, quer desalojar os jornalistas para "fugir da imprensa". "Não tem como justificar inclusive que aqui tem um sabujo do presidente da República [Jair Bolsonaro]", criticou.
A bancada do Psol protocolou um memorando contra a transferêcia do comitê. No texto, parlametares afirmaram que a mudança "resulta imediatamente na diminuição da transparência" da Câmara. "A Câmara, historicamente, privilegiou o trabalho da imprensa mantendo o livre acesso de jornalistas ao plenário e todos os recintos da Casa. Dezenas de jornalistas circulam pela Casa e tem o Comitê de Imprensa como seu local de trabalho. Dificultar o trabalho da imprensa resulta imediatamente na diminuição da transparência desta Casa e levanta suspeitas sobre os interesses que movem esta decisão", informou.
Para dar início às obras, marcadas para 5ª feira (11 fev), Lira ressucitou um projeto do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB-RJ), condenado na Lava-Jato por corrupção e lavagem de dinheiro. O processo já era conduzido pela aliada do líder do Centrão Soraya Santos (PL-RJ), que ocupava até janeiro deste ano a Primeira Secretaria, responsável por gerenciar os gastos da Casa Legislativa.
Diante dos questionamentos, Lira disse em plenário que a decisão já estava tomada. "Existe na Casa uma alteração de plano diretor, de reorganização de setores. Todos os partidos sabem das dificuldades que essa Casa vive com gabinetes sem banheiros para parlamentares, lideranças com espaços diminutos, outras lideranças com espaço sobrando. tem partidos que saíram de 70 deputados para 30, e continuam com espaço de 70", explicou.
Lira disse que "não há nenhum problema no lugar oferecido à imprensa". "Nesta Casa nós nunca cerceamos direito de ninguém, cobertura de ninguém. Estamos num momento de pandemia. Aqui nesta porta já não temos acesso à imprensa dentro do plenário. Quando isso era possível, nós tínhamos funcionários da imprensa no corredor deste plenário, sentados na cadeira, no cafezinho, no Salão Nobre, no Salão Negro", completou.
O objetivo de Lira é ocupar o espaço para instalar seu gabinete. Dessa maneira, ele poderia entrar no plenário, chegar e sair da Câmara sem ser abordado pela imprensa. Atualmente, para que chegue até sua sala ou até o plenário, o líder do Centrão tem que passar pelo Salão Verde, local onde transitam, além de repórteres, outros deputados e funcionários da Casa.
O comitê de imprensa funciona no mesmo lugar desde 1960, ainda no projeto de Oscar Niemeyer. Não à toa, a área foi pensada por ter fácil acesso ao plenário, aos parlamentares e apoiar a transparência na cobertura diária dos jornalistas. O local escolhido abrigava cerca de 25 pessoas. No entanto, mesmo durante a pandemia, há ao menos 40 profissionais da imprensa utilizando o espaço.
Para Hildo Rocha (MDB-BA), a decisão monocrática de Lira foi "antidemocrática". O deputado pediu que a transferência seja analisada também pelos parlamentares. "Mudar o comitê de imprensa, que funciona há 60 anos, no mesmo local... Se ouvisse os colegas deputados, vossa Excelência, que disse assim que assumiu, num discurso belíssimo, que iria ouvir a todos os colegas nas decisões dessas, agora tirar e botar lá embaixo", criticou.
O principal adversário de Lira na eleição, Baleia Rossi (MDB-SP), pediu que o líder do Centrão repense a decisão. "Conheço o presidente Arthur Lira há cinco anos e já atuamos em bons projetos para o país que mereceram ampla cobertura jornalística. Nesse sentido, peço, respeitosamente, que não mude o local de trabalho dos profissionais da imprensa na Câmara".
Segundo Érika Kokay (PT-DF), o presidente da Câmara "tem medo da imprensa" e, por isso, quer desalojar os jornalistas para "fugir da imprensa". "Não tem como justificar inclusive que aqui tem um sabujo do presidente da República [Jair Bolsonaro]", criticou.
A bancada do Psol protocolou um memorando contra a transferêcia do comitê. No texto, parlametares afirmaram que a mudança "resulta imediatamente na diminuição da transparência" da Câmara. "A Câmara, historicamente, privilegiou o trabalho da imprensa mantendo o livre acesso de jornalistas ao plenário e todos os recintos da Casa. Dezenas de jornalistas circulam pela Casa e tem o Comitê de Imprensa como seu local de trabalho. Dificultar o trabalho da imprensa resulta imediatamente na diminuição da transparência desta Casa e levanta suspeitas sobre os interesses que movem esta decisão", informou.
Outro lado
Para dar início às obras, marcadas para 5ª feira (11 fev), Lira ressucitou um projeto do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB-RJ), condenado na Lava-Jato por corrupção e lavagem de dinheiro. O processo já era conduzido pela aliada do líder do Centrão Soraya Santos (PL-RJ), que ocupava até janeiro deste ano a Primeira Secretaria, responsável por gerenciar os gastos da Casa Legislativa.
Diante dos questionamentos, Lira disse em plenário que a decisão já estava tomada. "Existe na Casa uma alteração de plano diretor, de reorganização de setores. Todos os partidos sabem das dificuldades que essa Casa vive com gabinetes sem banheiros para parlamentares, lideranças com espaços diminutos, outras lideranças com espaço sobrando. tem partidos que saíram de 70 deputados para 30, e continuam com espaço de 70", explicou.
Lira disse que "não há nenhum problema no lugar oferecido à imprensa". "Nesta Casa nós nunca cerceamos direito de ninguém, cobertura de ninguém. Estamos num momento de pandemia. Aqui nesta porta já não temos acesso à imprensa dentro do plenário. Quando isso era possível, nós tínhamos funcionários da imprensa no corredor deste plenário, sentados na cadeira, no cafezinho, no Salão Nobre, no Salão Negro", completou.
Publicidade