MPF vai apurar morte de trabalhador rural em emboscada no Pará
Denúncias indicam que crime foi cometido a mando de grileiros, que disputam terras com agricultores
Nara Bandeira
O Ministério Público Federal (MPF) pediu às autoridades paraenses informações sobre o assassinato de um trabalhador rural na comunidade de Divino Pai Eterno, em São Félix do Xingu, no sudeste do Pará. Segundo denúncias, Lindomar Dias de Souza, de 51 anos, foi morto em uma emboscada, encomendada por grileiros.
Mais de 160 famílias de trabalhadores rurais vivem na área que pertence à União e é alvo de grileiros. De acordo com a Comissão Patoral da Terra (CPT), desde 2015, 6 pessoas já foram assassinadas na comunidade.
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"A morte dele é consequência de um descaso do Incra. Em julho de 2022, houve uma decisão definitiva da Justiça Federal de Redenção, autorizando o Incra a promover imediatamente o assentamento das famílias na área", relata o advogado da CPT de Marabá, José Batista.
Só no ano passado, 47 pessoas foram mortas, em conflitos no campo, no Brasil. Número que representa um aumento de 30,55% em relação ao ano anterior - quando foram registradas 35 mortes.
A Secretaria de Segurança Pública do Pará informou que investiga o caso de São Félix do Xingu, e agentes especializados em conflitos agrários já estão na região. A Câmara de Conciliação Agrária do Incra, em Brasília, afirma que a superintendência do órgão, em Marabá, já foi acionada para acompanhar a situação.
O MPF cobra apuração urgente do caso e proteção às famílias que permanecem na região. "Enquanto esses projetos de reforma agrária não deslancharem, enquanto não acontecer uma efetiva distribuição dessas terras, esses assassinatos vão continuar, esses conflitos vão permanecer", argumenta o procurador da República, Rafael Martins.
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