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Nem arte marcial, muito menos arma

O debate sobre profissionais de segurança e atletas que usam equipamentos e técnicas fora do expediente

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Leandro
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As conquistas são inquestionáveis. Oito títulos mundiais em cinco categorias diferentes. Pódio em cinco Copas do Mundo e oito Pan-americanos na modalidade. O jiu-jitsu brasileiro, na atual geração, sempre teve um craque. Não só pelas conquistas, mas pela técnica detalhista e a disciplina que extrapolava o tatame. Era vista na rotina do homem de 32 anos que começou sua carreira em um projeto social da comunidade onde foi criado.

Nasceu para ser campeão. Morreu por ser valente

A atitude é questionável -- e por grandes amigos de Leandro Lo. Ele perdeu a vida ao ser baleado na cabeça por um policial de folga. Henrique Veloso reagiu depois de ser imobilizado pelo atleta, porque importunava um grupo de amigos chacoalhando a bebida sobre eles. Situação desagradável que, talvez, deveria ser controlada.

Ao ser proativo, Leandro ajudou o grupo. Porém, para o professor de jiu-jitsu, André Lara, se você está fora do tatame o ideal é fazer de conta que não conhece método algum de imobilização.

"Você deve ter a postura de um samurai. Você tem que ter paciência. Saber evitar a briga, a confusão. Nem sempre é fácil, o sangue esquenta. Mas, você, como faixa preta, tem que saber sair dessas situações", explica o professor.

Além da orientação, Lara também lamenta a perda do atleta e amigo. Provavelmente, Leandro ainda traria mais vitórias para a própria carreira e para o Brasil, onde era visto com um grande diferencial pela classe esportiva. "O exemplo deixado é o de dedicação à vida esportiva. Ele, no caso, se dedicava ao jiu-jitsu. Mas, qualquer esporte que ele entrasse, ele ia se destacar, porque era um grande atleta", avalia.

Leandro perdeu a vida. Henrique perdeu a razão

Ao matar Leandro, Henrique coloca em dúvida a Lei Federal nº 10.826, que fala sobre a arma de fogo "ser inerente à função de policial militar". Ou seja, o profisional pode permanecer armado em qualquer situação para "proteger" a si mesmo e aos cidadãos.

Entretanto, a legislação também fala sobre "princípios de razoabilidade e proporcionalidade" e cita que não haja "porte de armamento fora de serviço por policial que esteja se divertindo em ambiente fechado, onde a presença do público seja elevada".

As recomendações vão além. São específicas. Dizem sobre "evitar qualquer tipo de contrangimento a terceiros" e "não se valer da arma para ameaçar ou aferir vantagem". Henrique agiu de forma extrema e está ciente. Tanto que fugiu logo em seguida.

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