Policiais cumprem mandado de busca e apreensão na "casa abandonada"
Um cachorro foi resgatado durante a visita dos agentes
Renata Lins
A Polícia Civil cumpriu um mandado de busca e apreensão em uma mansão abandonada em Higienópolis, bairro nobre de São Paulo. Os agentes investigam um possível abandono de incapaz, já que no imóvel mora uma idosa de 63 anos em situação precária. A casa ficou conhecida no podcast "A Mulher da Casa Abandonada" lançado para contar a história da moradora, que já teve o nome na lista de procurados do FBI, a polícia federal norte-americana, acusada de manter uma mulher brasileira em trabalho análogo à escravidão quando morava nos Estados Unidos.
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No portão da mansão havia uma multidão de pessoas. Jornalistas, policiais, vigilância sanitária, agentes da prefeitura, representantes de uma ONG (Organização Não Governamental) e curiosos cercaram o casarão. No local mora apenas a idosa Margarida Bonetti. Devido às condições quase insalubres do imóvel, a polícia investiga uma possível situação de abandono de incapaz.
"Realmente a gente constatou que as condições lá não são pra habitação, né. O cheiro é insuportável, não dá pra ficar lá dentro", afirma a delegada Vanessa Guimarães.
Dentro da mansão há lixo espalhado, acúmulo de caixas, restos de comida e muita sujeira. A polícia solicitou que um parente da idosa fosse até o local para que ela pudesse ser retirada de lá. "Ela sendo considerada uma pessoa idosa, que não tem mais condições de discernir nesse sentido, até pelas condições da casa a gente percebe isso, a responsabilidade é dos familiares, de acordo com o estatuto do idoso", continua Guimarães.
Ainda segundo a delegada, a idosa não quer deixar o imóvel e quis impedir a entrada da polícia: "O tempo todo ela é resistente, ela repete as mesmas palavras: sai da minha casa, respeita a minha privacidade, vocês não podem entrar aqui". Os agentes tiveram que pular a janela.
A investigação teve início depois que vizinhos da casa ligaram para várias delegacias dizendo que uma pessoa, que apresentava problemas de saúde mental, morava sozinha e precisava de ajuda. À época em que morava nos Estados Unidos foi investigada por manter uma mulher em situação análoga á escravidão e agredi-la constantemente. Enquanto o ex-marido, Renê Bonetti, foi julgado no país estrangeiro e preso durante a investigação do caso, ela voltou ao Brasil e não respondeu pelas acusações.
A ativista Luisa Mell também esteve no local e resgatou um cachorro que morava com a mulher. Na semana passada, ela já havia retirado outros dois animais do imóvel. Houve resistência e discussão. "Quando a gente entrou, ela veio e arrancou o cachorro da minha mão. Enfiou dentro da malha e começou a sufocar o cachorro", conta Mel.
Uma perícia foi realizada na mansão para saber as condições estruturais e de salubridade e se há a necessidade de interdição. Margarida deve ficar com os familiares.