Entenda investigação de esquema de pirâmide envolvendo Tirullipa e Deolane
Nas redes sociais, influenciadores comentaram o caso
SBT News
A polícia investiga um suposto esquema de pirâmide envolvendo uma empresa que vende cursos que ensinariam a ganhar dinheiro com apostas esportivas - principalmente no futebol. Entre os investigados estão influenciadores digitais.
Acostumados a fazer rir e espalhar glamour nas redes sociais, o humorista Tirullipa e a DJ e advogada Deolane Bezerra precisaram explicar por que viraram caso de polícia. "O que estão fazendo comigo é uma covardia muito grande. Fake news a notícia que saiu", afirmou Tirullipa diante do caso.
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Segundo a polícia, ambos, e outros influenciadores, são suspeitos de cometer crime contra a economia popular e lavagem de dinheiro em parceria com a Betzord, empresa de apostas esportivas online. Um dos proprietários da instituição é o também influenciador Lucas Tilty, o Preto da Favela. Nas redes sociais, ele conta com mais de 1,6 milhão de seguidores.
As apostas, por sua vez, seriam uma fachada. A empresa, que vende cursos para ensinar os consumidores a fazer apostas, na verdade, estaria promovendo uma pirâmide - crime em que as vítimas são convencidas a pôr dinheiro com a falsa promessa de receber muito mais depois. No caso, para reaverem o dinheiro, as pessoas também tinham que vender cursos. Ao todo, o crime movimentou R$ 200 milhões.
O humorista, a advogada e também Matheus Yurley ganharam dinheiro da Betzord para divulgar o negócio da empresa, que tinha o objetivo de influenciar as pessoas a adquirirem os produtos com a falsa ideia de que se tornariam ricos, como os golpistas.
Na época, um consumidor se queixou no site Reclame Aqui citando Tirullipa, dizendo que era enganação. Com mandado de busca e apreensão, nesta 4ª feira (13.jul), a polícia esteve na casa dos influenciadores. A Justiça autorizou a quebra de sigilo bancário e analisa agora se Tirullipa e Deolane têm como justificar a riqueza que ostentam.
Em nota, a Betzord afirmou que sempre atuou de forma correta e que está contribuindo com as investigações. O sócio Lucas Tilty também se defendeu."Eu estou muito tranquilo mediante isso porque nossa empresa é séria, sólida, tem tudo declarado, paga os impostos certinho", pontuou.
Os investigados passaram as últimas horas postando vídeos. Deolane chegou a fazer uma propaganda. Já Tirullipa disse que vai buscar o aconchego da família. O humorista, filho do palhaço e deputado federal Tiririca, acostumado ao riso, foi às lágrimas. Em nota, sua assessoria jurídica disse que ele "não possui qualquer envolvimento com a empresa investigada por suposto crime contra a economia popular e associação criminosa". "Além disso, não figura como investigado no inquérito. Vale destacar que o artista realizou apenas uma ação de divulgação pontual e única, no ano de 2021, para a empresa investigada. Ressalta-se ainda, que todos os valores e itens apreendidos em sua casa são provenientes do seu trabalho, legalmente declarados e já estão sendo devolvidos ao artista, que segue contribuindo com toda a investigação e à disposição da justiça!".
A assessoria jurídica de Deolane, por sua vez, ressalta que a advogada é citada "apenas como averiguada [no inquério], em decorrência de um suposto patrocínio da empresa investigada", que teria ocorrido no ano passado. O comunicado, que é assinado pela advogada Adélia de Jesus Soares, afirma ainda que todos os contratos firmados com a influenciadora passam por "rigoroso processo de avaliação de idoneidade", e que os produtos por ela divulgados são avaliados sob "o crivo da legalidade".
Betzord
Além de Lucas Tilty, Matheus Gomes e Rafael Gomes também são sócios da Betzord - e investigados. Assim como Tylty, o último é influenciador digital. Ele tem 600 mil seguidores. A empresa não só contratou influenciadores para promoverem o produto (rôbo e curso para apostas), mas também promoveu eventos, como o Carnazord. Este foi realizado em fevereiro deste ano, com o fechamento do resort Vila Galé, na Bahia, e teve show da cantora Claudia Leite no encerramento.
O ex-jogador de futebol Ronaldinho Gaúcho também promove o produto da Betzord. Recentemete, Tylty chegou a dizer que ele é outro sócio da empresa. As investigações da polícia apontam que o público-alvo da companhia é a população vulnerável economicamente e que a Betzord a faz acreditar que terá seus problemas financeiros resolvidos com a compra do produto. A empresa oferece ainda aos clientes um curso para vender curso.
A investigação contra a empresa e os influenciadores ocorre no âmbito da operação Vale dos Reis, cuja segunda fase foi encerrada na 3ª feira (12.jul). O nome é uma analogia ao planalto de Gizé no Egito, onde ficam as pirâmides mais famosas da história.