Jornalista russo leiloa medalha do Nobel da Paz para ajudar crianças ucranianas
Fundador do Novaya Gazeta, Dmitry Muratov, ganhou o prêmio por seus esforços para preservar a liberdade de expressão na Rússia
O jornalista russo Dmitry Muratov, ganhador do Prêmio Nobel da Paz, anunciou que irá leiloar sua medalha em prol das crianças ucranianas deslocadas pela invasão russa à Ucrânia. O valor arrecadado no leilão será enviado à Unicef.
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Premiado com a medalha de ouro em outubro de 2021, Muratov ajudou a fundar o jornal russo independente Novaya Gazeta e foi o editor-chefe da publicação até março, quando fechou em meio à repressão do Kremlin a jornalistas e à dissidência pública após o início da "operação militar especial" no país vizinho.
Em entrevista à Associated Press, Muratov disse estar particularmente preocupado com as crianças que ficaram órfãs por causa do conflito na Ucrânia.
A ideia da doação, disse ele, "é dar às crianças refugiadas uma chance de futuro". O leilão ocorrerá nesta 2ªfeira (20.jun), com lance inicial em US$ 500 mil -- valor recebido por ele ao ganhar o Nobel -- , e será feito pela casa Heritage Auctions, em Nova York, nos Estados Unidos.
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Os lances online começaram em 1º de junho para coincidir com a observância do Dia Internacional da Criança e, de acordo com a Heritage Auctions, devem ultrapassar a casa dos milhões. "É um negócio muito personalizado", disse Joshua Benesh, diretor de estratégia da Heritage Auctions. "Nem todo mundo no mundo tem um Prêmio Nobel para leiloar".
Muratov dividiu o Prêmio Nobel da Paz no ano passado com a jornalista Maria Ressa das Filipinas.
Os dois jornalistas, que receberam cada um suas próprias medalhas, foram homenageados por seus esforços para preservar a liberdade de expressão em seus respectivos países, apesar de serem atacados e assediados por seus governos, recebendo até mesmo ameaças de morte.
Muratov é critico da anexação da Crimeia pela Rússia em 2014 e a guerra lançada em fevereiro que fez com que quase 5 milhões de ucranianos fugissem para outros países em busca de segurança, criando a maior crise humanitária na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
* Com informações da Associated Press