Anvisa suspende e pede investigação sobre uso de proxalutamida
Substância sem aprovação vinha sendo usada contra a covid-19 em unidades hospitalares
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou nesta 5ª feira (2.set) a suspensão da importação e do uso de proxalutamida em pesquisas no Brasil. A agência também determinou abertura de investigação sobre o uso da substância e de processo administrativa para apurar possíveis infrações sanitárias.
Segundo a Anvisa, a decisão foi tomada após diligências da Procuradoria da República no Rio Grande do Sul e da veiculação de notícias de que unidades hospitalares do estado estariam conduzindo pesquisas com a proxalutamida em seres humanos, contrariando estudos científicos.
Ainda de acordo com a agência, as medidas foram adotadas com base no princípio da precaução e não valem para estudos clínicos específicos que tenham sido aprovados pela própria Anvisa.
Além da instauração de um dossiê de investigação para obter mais informações sobre a compra e o uso da substância, e da instauração de processo administrativo para identificar possíveis infrações sanitárias, a Anvisa ainda vai notificar os serviços de saúde supostamente envolvidos na condução de pesquisas com a proxalutamida.
Desenvolvida na China e usada de forma experimental no tratamento de alguns tipos de câncer, como o de próstata, por sua capacidade de bloquear hormônios masculinos, a proxalutamida foi defendida em julho pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para o tratamento da covid-19. Antes, o chefe do Executivo apostava na cloroquina e na ivermectina, medicamentos sem eficácia contra o novo coronavírus.