Pesquisa mostra que variante de Manaus tem alto potencial de reinfecção
Estudo da Fiocruz alerta que distanciamento e vacinação são o caminho para evitar 3ª onda da covid
A variante P1, rebatizada de gamma pela Organização Mundial da Saúde (OMS), identificada em Manaus (AM), pode ser responsável por uma terceira onda da pandemia de covid-19 em que a maioria das pessoas estará vulnerável, incluindo aqueles que já tiveram a doença e não foram imunizados, ou receberam somente primeira dose. Duas doses de vacina são a única defesa contra ela.
Uma pesquisa conduzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Pernambuco aponta que a variante, que é a de maior circulação no Brasil, escapa dos anticorpos da infecção natural pelo novo coronavírus, mas não escapa das vacinas em uso no país, o que levanta o alerta para reinfecções e necessidade de manter o distanciamento social e de aceleração nas vacinações (somente 10,74% da população recebeu as duas doses).
Roberto Lins, coordenador do estudo e pesquisador da Fiocruz Pernambuco, diz que por enquanto as vacinas são a forma mais eficientes de imunização, pois são mais homogêneas que a natural.
"Há combustível para o Brasil explodir numa terceira onda. Só teremos segurança quando 75% da população tiver recebido duas doses de vacina. Quem já teve Covid-19 pode ter de novo, se não for vacinado. Essas variantes do vírus, que surgem e se espalham justamente devido à alta circulação, podem escapar da imunidade natural", explica.
Lins alerta que os anticorpos gerados na primeira onda não neutralizam algumas das novas cepas analisadas, em particular a gamma e a sul-africana (rebatizada de beta pela OMS), porque o vírus conseguiu se modificar significativamente.
"Se não reduzirmos a circulação do coronavírus, a gamma pode mudar tanto que teremos outra variante. Não há como saber quem é ou não suscetível. Precisamos proteger a todos", finaliza.