Publicidade

Variante indiana poderia ser evitada no Brasil? Especialistas respondem

Ainda em pesquisa, cepa tende a ser mais infecciosa; sete casos foram registrados no país até agora

Variante indiana poderia ser evitada no Brasil? Especialistas respondem
laboratório
Publicidade

Os primeiros casos da variante indiana da covid-19 foram confirmados no Brasil. Até esta 4ª feira (26.mai), sete pessoas foram diagnosticadas com a cepa, segundo o Ministério da Saúde. Outros três ainda estão em avaliação. E, com mais uma mudança no coronavírus, novos questionamentos aparecem: a chegada da variante poderia ter sido evitada no país? 

Especialistas consultados pelo SBT News consideram que o Brasil agiu de forma tardia para evitar a variante, que recebeu o nome de B.1.617. Também ponderam que o país não fez tudo o que podia para barrá-la. O não fechamento de fronteiras, a falta de controle em aeroportos e de cuidados para maior isolamento foram alguns dos pontos citados por infectologistas.

Para Wladimir Queiroz, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), o Brasil deveria ter adotado, com antecedência, a restrição de voos do país. "A gente vê que de todos os países que fecharam a fronteira, [foi] mesmo antes dessa variante do vírus. É uma situação que deveria ter sido feita imediatamente na hora que descobriram a variante indiana. Isso foi tomado tempos depois", afirma o médico. "Tem que se ter um super-controle de quem entra e sai de aeroportos", completa.

O mesmo é destacado pela infectologista Rachel Stucchi, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). "Ao longo desta pandemia, nós já deveríamos ter adotado medidas de bloqueios sanitários, como a maior parte das nações tem feito. E é algo que eu vejo com muita estranheza que o Brasil tenha dificuldade de fazer", pondera.

Stucchi também lembra que durante outras pandemias, como a do Ebola, o Brasil já havia adotado um bloqueio sanitário. "Era só, talvez, fazer uma adaptação", diz. A médica ainda alerta sobre a necessidade de mais testes na população e de cuidado com as estratégias de controle de mutações.

"Não restringir essa preocupação. Antes de o navio atracar no Maranhão, a gente já sabia que essa variante estava na Argentina, e nós não tomamos nenhuma providência também, de bloqueio sanitário, de controle, de tudo. O deslocamento entre Brasil e Argentina é intenso até a pé. Acho que nisso nós falhamos bastante", considera.

Maranhão

O estado citado pela infectologista é o que mais reúne casos da variante indiana até agora. A mutação do vírus foi identificada em seis pessoas da capital São Luís. O sétimo caso é de um homem de Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro. Outras três suspeitas são monitoradas em Minas Gerais e no Pará. Possibilidades no Distrito Federal e no Ceará foram descartadas, segundo o Ministério da Saúde.

No caso do Maranhão, a chegada do vírus foi associada a um navio que atracou no estado após ter passado por Malásia e África do Sul. Já o carioca identificado com a variante veio de um voo da Índia. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a entrada do passageiro se deu após os requisitos migratórios terem sido cumpridos. Ele teria testado negativo para covid-19 antes de embarcar para o Brasil. Mas, ao chegar em uma escala no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, fez um novo teste que deu positivo. 

"[Ele] recebeu o resultado positivo para covid-19 quando já estava no Rio de Janeiro. A Anvisa foi informada do resultado positivo pelo laboratório privado, seguindo o fluxo de informações existentes para casos positivos, e informou as autoridades competentes para que monitorassem o viajante, o que é previsto no plano de contingência", divulgou a agência em nota.    

O que se sabe sobre a variante

Wladimir Queiroz ressalta que, pela cepa ser recente, as características dela ainda são desconhecidas, mas a tendência é que seja mais transmissível. "O que a gente sabe é que ela se propaga mais facilmente. A ancestralidade dela já traz essa característica de ser transmissível. É tudo que se sabe até agora", declara.

A infectologista Joana D'arc Gonçalves, mestre em medicina tropical pela Universidade de Brasília (UnB), também avalia que a cepa pode ser mais transmissível. E ressalta que variações do vírus podem fazer com que a doença se torne mais agressiva: "É sempre uma incógnita o que vai acontecer quando se tem uma variante dessas."

A epidemiologista considera a possibilidade de um novo aumento de casos de covid-19 no Brasil, além de indicar a complicação de outras doenças que podem aparecer devido à cepa: "Não há só a possibilidade de terceira onda, mas também outras questões associadas a essa infecção na Índia", diz.

Para controlar o aumento de casos e infecções, Joana D'arc reforça a necessidade dos cuidados tradicionais para o coronavírus. "Cada medida restritiva é falha, mas a gente tem que fazer um somatório de todas para controle. Higiene das mãos, distanciamento, lockdown dependendo do momento. Ações restritivas". Além, é claro, da aceleração do ritmo de vacinação.

Leia mais:

Publicidade
Publicidade

Assuntos relacionados

portalnews
coronavírus
variante
covid-19
variante indiana
cepa indiana
guilherme-resck
lis-cappi
india

Últimas notícias

Valdemar Costa Neto volta a pedir a Moraes para falar com Bolsonaro

Valdemar Costa Neto volta a pedir a Moraes para falar com Bolsonaro

O dirigente do PL e o ex-presidente foram proibidos de ter contato em fevereiro após decisão do ministro do STF
2 meses da tragédia no Sul: mais de 6 mil pessoas ainda não podem voltar para casa

2 meses da tragédia no Sul: mais de 6 mil pessoas ainda não podem voltar para casa

Cerca de 158 abrigos permanecem ativos desde que as chuvas assolaram o Estado
Moraes mantém prisão de idosa suspeita de participar dos atos de 8 de janeiro

Moraes mantém prisão de idosa suspeita de participar dos atos de 8 de janeiro

Fátima de Tubarão foi presa durante a Operação Lesa Pátria em janeiro de 2023
Prefeitura de SP suspende rodízio de veículos e decreta ponto facultativo nesta quarta-feira (3)

Prefeitura de SP suspende rodízio de veículos e decreta ponto facultativo nesta quarta-feira (3)

A ação é após decisão sobre a paralisação de motoristas de ônibus
Mais de 100 pessoas morrem esmagadas após celebração religiosa na Índia

Mais de 100 pessoas morrem esmagadas após celebração religiosa na Índia

Testemunhas relataram que local de cerimônia hindu tinha uma única e estreita saída. Autoridades responsabilizaram superlotação pela tragédia
Plano Real trouxe investimentos e foi pré-requisito para privatizações no Brasil

Plano Real trouxe investimentos e foi pré-requisito para privatizações no Brasil

Nos anos posteriores à implementação do plano, país desestatizou empresas como a Telebras, que era responsável pelo sistema de telefonia
Dólar chega a R$ 5,70, Lula fala que não é "normal" e convoca reunião

Dólar chega a R$ 5,70, Lula fala que não é "normal" e convoca reunião

Roberto Campos Neto, atual presidente do Banco Central, afirmou que as altas têm mais a ver com “ruídos” do que com fundamentos da economia
STF derruba norma que proibia escolas de abordarem questões de gênero em Blumenau (SC)

STF derruba norma que proibia escolas de abordarem questões de gênero em Blumenau (SC)

Por unanimidade, o Supremo Tribunal Federal concluiu que a proibição viola o princípio constitucional da dignidade humana
Polícia de São Paulo prende quadrilha suspeita de fraudar leilões de carros

Polícia de São Paulo prende quadrilha suspeita de fraudar leilões de carros

O grupo criminoso enganava os clientes clonando sites verdadeiros de leilão de veículos
Caso Corinthians e Vaidebet: intermediário diz desconhecer movimentação de mais de R$ 1 milhão

Caso Corinthians e Vaidebet: intermediário diz desconhecer movimentação de mais de R$ 1 milhão

Alex Cassundé, que deve ser indiciado em breve por lavagem de dinheiro, deixou brechas em seu depoimento
Publicidade
Publicidade