Testes da vacina da Janssen no Brasil descartam efeitos colaterais
Segundo médico responsável pelos testes no RS, nenhum dos voluntários no estado teve reações
André Anelli
O infectologista que coordenada os testes clínicos da Janssen em Porto Alegre, André Luiz Machado, diz que nenhum dos 250 voluntários vacinados com o imunizante da farmacêutica na capital gaúcha apresentou efeitos colaterais, como coágulos sanguíneos. O Hospital Nossa Senhora da Conceição, onde foram feitas as aplicações, é um dos 28 centros de saúde no país que realizam a fase três de testes da vacina, em um total de 7.650 voluntários.
O resultado, obtido após 14 dias de vacinação do grupo no Rio Grande do Sul, mostra que o imunizante da Janssen pode não ter relação com casos de formação de coágulos sanguíneos, como observado nos Estados Unidos. A Agência regulatória de Alimentos e Medicamentos (FDA) e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças do país recomendaram a suspensão temporária da aplicação da vacina, após o registro de seis casos graves de formação dos coágulos, cerca de duas semanas após a imunização.
Nos Estados Unidos, cerca de 7 milhões de pessoas foram vacinadas com o imunizante da Janssen. Com a ocorrência dos seis casos de formação de coágulos, a incidência do problema seria menor do que uma em um milhão. Para o infectologista que coordena os testes no Rio Grande do Sul, ainda que os casos isolados fossem relacionados ao imunizante, o risco-benefício compensaria a vacinação. "O benefício da estratégia vacinal de prevenção suplanta qualquer risco. Mulheres que usam anticoncepcional têm o risco de até 0,12% de evento embólico. Fumantes têm o risco de até 0,18%. A própria condição da covid-19 favorece eventos embólicos em 16% dos casos", disse.
Mesmo descartando a ligação dos coágulos com a vacina, os voluntários que participaram dos testes no Rio Grande do Sul e nas outras 27 unidades de saúde continuam em acompanhamento. No Brasil, a Anvisa já aprovou o uso emergencial da vacina da Janssen, com a vantagem de ser a única, até agora, a exigir somente uma aplicação contra a covid-19. Antes mesmo da aprovação pela agência, o Governo Federal já havia adquirido 38 milhões de doses, que devem ser entregues no segundo semestre.
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