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Jornalismo

ANÁLISE: Vacinar com quem entende, por Carlos Nascimento

Leia a análise do âncora do SBT Brasil sobre a situação brasileira da vacinação durante a pandemia

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Brasileiro tem esperança de que a vacinação contra o coronavírus seja diferente do que aconteceu na pandemia. Foto: Unsplash
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O que todo brasileiro espera é que a vacinação contra a Covid 19 seja muito diferente da pandemia. Que o governo federal, os estaduais, as prefeituras, o Ministério da Saúde e todos os órgãos envolvidos atuem integrados, unidos e bem preparados.

Tivemos tempo, experiência,contato e exemplos suficientes de como lidar com o coronavírus. Se não aprendemos tudo o que devemos fazer sabemos bem o que não fazer. 

Mal a vacinação foi anunciada e começou o brasileirismo de levar vantagem. Alguns se acham melhores do que os outros e querem ser vacinados na frente, mesmo sem fazer parte dos grupos de risco. Que coisa feia ! Ainda mais partindo de quem partiu.

Os critérios de vacinação não podem ser políticos, classistas, regionalistas, corporativos e muito menos para atender interesses familiares ou de ligações com o poder. Chega de carteiradas.

Já era hora de termos um comitê de crise integrado por representantes de todos os setores  que participaram do combate ao vírus e adquiriram conhecimento, experiência e metodologia. Isso inclui os órgãos públicos, epidemiologistas, médicos, enfermeiros, hospitais, pesquisadores, laboratórios farmacêuticos públicos e privados, instituições científicas e brasileiros que atuaram na linha de frente internacional.

A vacinação contra a Covid 19 é antes de tudo uma questão médica, científica e epidemiológica. Depois entram a logística, o transporte, a armazenagem e a distribuição física da vacina. Não menos importantes, é claro.

Desde logo é necessário designar um responsável geral, escolhido pelos pares e com autoridade clínica, estratégica e operacional. Um líder capaz de cumprir a missão sem interferência política ou governamental, com independência e liberdade de ação. 

O primeiro passo deveria ter sido um  protocolo que estabelecesse os critérios para a compra das vacinas pela União e pelos estados. O que vimos foi uma tentativa de um poder querendo melar a iniciativa do outro, gesto tão inacreditável quanto inadmissível. A vacina é volumosa, cara e disputada e o dinheiro curto. Se o País não tiver competência para fazer a aquisição corremos o risco de ficar para trás e comprometer a imunização dos brasileiros. 

Se o chefe da vacinação for demitido ou substituído no meio da campanha - o que já aconteceu no início da pandemia  - estaremos ameaçando uma operação de vida ou morte para milhões de pessoas. 

Os políticos que se recolham ao seu quadrado e deem retaguarda, apoio e recursos a quem entende do riscado. É hora de defenderem a vida dos brasileiros e não de pensar em reeleição, prestígio, votos e salamaleques eleitorais. Muito menos de se tornarem  enciumados e vingativos porque seus opositores obtiveram êxito com a vacinação em suas regiões. Parece um absurdo escrever essas coisas, mas o Brasil já mostrou ao mundo que isso é possível. Como mostrou várias vezes que é possível vacinar em larga escala e rapidamente.

Um imperativo se impõe para o êxito da vacina : a comunicação. Se prosseguirmos nessa toada de cada autoridade dizer o que quer, sem compromisso com o povo brasileiro podem apostar no pior. O País investirá uma fortuna e vai sobrar vacina. Muita gente morrerá ao cair nessa armadilha da língua solta, por obra de quem fala o que não sabe.

Nem preciso citar nossos quase 180 mil mortos ou recorrer a estatísticas e histórias documentadas pela imprensa. Conheço família que perdeu o pai por fazer festa na hora errada.

Em outro caso, vergonhosamente ouvi pessoas dizerem : 

- "Meu parente morreu mas não foi do vírus. Era velho e tinha outras doenças. Ia morrer de qualquer jeito". 

E não foi uma vez só. 

A comunicação oficial da campanha deve informar todos os passos de maneira clara, esclarecer quem e porquê será vacinado em cada fase, quais as contraindicações, como funciona a vacina, quais as possibilidades de não fazer efeito, as possíveis reações e, o mais importante : deixar claro que tomar a vacina pode não ser obrigatório, mas é altamente recomendado pelas autoridades da saúde.  

Por incrível que pareça é necessário deixar isso claro.


*O jornalista Carlos Nascimento é âncora do SBT Brasil
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