SP: Grupos tentam ocupar pelo menos 4 prédios após resultado das eleições
Houve confusão e famílias foram retiradas dos edifícios por agentes da Tropa de Choque
Pelo menos quatro prédios foram ocupados em São Paulo por famílias sem moradia, algumas ligadas ao movimento de Frente de Luta por Moradia (FLM). As invasões, que ocorreram no domingo (27) – logo após o resultado das eleições municipais –, provocaram a interdição de alguns trechos no centro da capital e acabaram em violência.
Por volta das 19h30, um grupo de 70 famílias invadiu um edifício localizado na Avenida 9 de Julho, no centro. A Tropa de Choque, da Polícia Militar, foi acionada para retirar as famílias, que inicialmente apresentaram resistência. Houve confusão e os policiais precisaram cercar o local e monitorar os arredores com auxílio do helicóptero Águia.
Equipes da Tropa de Choque entraram no prédio e, após alguns minutos, os ocupantes começaram a ser retirados do prédio. Ao lado de malas e cobertores, as famílias, a maioria mulheres e crianças, foram posicionadas na calçada ao lado do edifício, onde ficaram escoltadas pelos policiais. Depois, começaram a ser liberadas pelos agentes.
Cerca de uma hora depois, às 20h30, um segundo prédio foi ocupado na Rua São Bento, também no centro da capital. Na Rua Major Quedinho, houve confusão durante uma invasão em um edifício desocupado, pertencente à Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Uma rápida ação da Polícia Militar, contudo, evitou a ocupação.
Um quarto prédio, desta vez na Rua Mooca, zona leste da capital, foi ocupado por 73 pessoas, a maioria imigrantes nigerianos. O edifício, onde funcionava o Centro Temporário de Acolhida (CTA) da prefeitura, estava fechado para reforma. Por se tratar de um prédio pertencente à gestão municipal, além da Polícia Militar, equipes da Guarda Civil Metropolitana também foram mobilizadas.
No local, houve uma negociação entre agentes da GCM, integrantes da Secretaria Municipal de Habitação, assistentes sociais da Paróquia Nossa Senhora da Paz no Glicério e representantes das famílias. As partes chegaram em um acordo e os ocupantes aceitaram deixar o prédio até às 6h00 desta segunda-feira (28).
Segundo membros da FLM, que participaram das ocupações, as invasões não tiveram relação com a reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB), mas sim com a luta por moradia. Durante a retirada das famílias, no entanto, o grupo criticou a gestão do prefeito e do governador do estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
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“Contra o crime organizado, a polícia de Tarcísio e a GCM [Guarda Civil Metropolitana] de Nunes não fizeram absolutamente nada. Mas contra mulheres e crianças ocupando prédios abandonados e lutando por moradia digna, o cenário é de guerra. Enquanto houver imóveis abandonados e famílias sem casa, haverá luta por moradia”, disseram.