Rios da região amazônica registram alta e deixam classificação de seca
Segundo o Serviço Geológico do Brasil, a subida das águas tem obtido marcas consistentes
Cristiane Ferreira
Após um longo período de estiagem severa, que causou diversos problemas à população, como o desabastecimento de alimentos, a falta de acesso a serviços de saúde e o encalhe de embarcações, o 58º Boletim de Alerta Hidrológico do Serviço Geológico do Brasil (SGB) , divulgado na 6ª feira (22.dez) trouxe evidências técnicas de que a maioria dos rios da Bacia do Amazonas saiu da classificação de seca.
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
“Em toda a Bacia do Amazonas, estamos nesse processo de enchente e subida de nível dos rios, como é o caso do Solimões, do Madeira e do Purus. O Alto Rio Negro ainda está na fase de vazante, com algumas subidas em razão das precipitações concentradas na Região Norte”, explica a pesquisadora em geociências Jussara Cury.
A coleta de dados
O estudo e a sua divulgação são de responsabilidade do Serviço Geológico do Brasil, autarquia ligada ao Ministério de Minas e Energia, que realiza a gestão e o monitoramento contínuo das bacias hidrográficas de todo o país, com a aplicação de tecnologias de para a coleta de dados, através da plataforma SACE, responsável por compilar as informações do monitoramento das chuvas e dos níveis dos rios brasileiros.
De acordo com o órgão, este trabalho facilita a previsão e o subsídio da tomada de decisões por parte da população e dos órgãos reguladores.
A tecnologia aplicada
O estudo que embasa os boletins é criado a partir da recepção e interpretação dos dados captados pelos transmissores via satélite ou da Rede Hidrometeorológica Nacional (RHN).
No caso da Bacia do Amazonas, o Monitoramento Hidrológico da Amazônia Ocidental é efetuado pela Superintendência Regional de Manaus, que acompanha as variações dos níveis de água nas estações fluviométricas, com foco em orientar os órgão de defesa civil nas decisões relacionadas aos potenciais danos decorrentes dos fenômenos hidrológicos extremos.
A Bacia do Rio Amazonas
Segundo o SGB, a estação do Rio Solimões em Tabatinga (AM registra normalidade, após a subida dos níveis de água e da concentração de chuva na região dos Andes, que afluem e contribuem para este rio, a média diária de subida registrada foi de 6 cm, e a cota alcançada no período avaliado foi de 8,26 m.
Na região de Itapéua (AM), o rio subiu 18 cm por dia, e a cota foi de 7,98 m. Em Manacapuru (AM), o Solimões apresentou subidas médias diárias de 19 cm e chegou à marca de 8,54 m.
Já no caso do Rio Negro, as classificações de “seca” e “seca extrema”, registradas em setembro e outubro, fizeram com que, mesmo com a recuperação, as águas ainda não atingissem a faixa de normalidade, registrando alta de 19 cm por dia e a cota de 17,29 m.
A indicação do boletim para o Rio Madeira foi de alta na região de Porto Velho (RO), com registro de 7,41 m. Na análise da Bacia do Rio Amazonas, o registro foi de 15 cm em Itacoatiara (AM), com a marca de 4,15 cm. Na cidade de Parintins (AM), o aumento foi de 9 cm, com marca de 10 cm.
A recuperação também foi observada no Pará, com altas em Óbidos, Almeirim e Santarém
Em Rio Branco (AC), o Rio Acre apresentou subidas acentuadas e chegou ao nível de 8,04 m. Enquanto isso, em Beruri (AM), o rio chegou a 10,45 m.
A Bacia do Rio Branco, em Roraima, registrou queda, com recessão média diária de 5 cm, na porção que fica em Boa Vista (RR). A cota observada nessa estação, foi de 43 cm.