PRF intensifica fiscalização de caminhoneiros na Rodovia Presidente Dutra
Operação "Descanso Legal" quer garantir a segurança nas estradas e evitar acidentes causados por fadiga e uso de substâncias ilícitas

Flavia Travassos
Agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) realizaram uma operação especial na rodovia Presidente Dutra, em Arujá, na região metropolitana de São Paulo. A ação, chamada "Descanso Legal", teve como foco a fiscalização de veículos de carga e as condições de trabalho dos motoristas.
Durante a operação, os agentes verificaram equipamentos de segurança obrigatórios, como freios e faixas refletivas, além de inspecionar o tacógrafo, dispositivo que registra o tempo de direção e descanso dos caminhoneiros. De acordo com a legislação, os motoristas devem dirigir no máximo 5 horas e meia seguidas, com um intervalo de 30 minutos. No período de 24 horas, é exigido um descanso ininterrupto de 11 horas.
+ Caminhoneiro indignado com julgamento de Bolsonaro bate em viaturas da PRF no DF
Fadiga e uso de substâncias ilícitas preocupam autoridades
Além da fadiga, outro problema identificado na fiscalização foi o uso de substâncias ilícitas por alguns motoristas para suportar longas jornadas. Entre os produtos mais comuns estão rebites (anfetaminas), cocaína e até mesmo álcool. Um agente da PRF destacou a gravidade da situação.
"Muitos motoristas recorrem a substâncias ilícitas como rebite, cocaína e anfetaminas para enfrentar a rotina exaustiva. Nossa fiscalização busca evitar esse tipo de comportamento perigoso."
Segundo a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), um em cada oito caminhoneiros está com o exame toxicológico vencido. Especialistas alertam que dirigir sob efeito de substâncias químicas e sem descanso triplica o risco de acidentes.
O coordenador do SOS Estradas, Rodolfo Rizzotto, reforçou o perigo desse cenário. "Tem motoristas dirigindo 16, 20, até 26 horas seguidas. Eles perdem a noção do risco e os reflexos, podendo apagar a qualquer momento", disse.
Aumento nos acidentes graves
Dados da PRF apontam um aumento de 6,3% nos acidentes graves com caminhões no último ano. O número de vítimas fatais cresceu ainda mais, com um aumento de 11,2%.
Um dos casos mais graves ocorreu em Teófilo Otoni, Minas Gerais, onde 39 pessoas morreram após a colisão entre uma carreta e um ônibus. Exames comprovaram que o caminhoneiro responsável pela batida havia consumido cocaína, ecstasy e álcool.
Caminhoneiros reconhecem a importância do descanso
Carlos Eduardo, caminhoneiro há 14 anos, estava em viagem de Curitiba para São José dos Campos, percorrendo mais de 500 km. Apesar de ter parado para descansar, foi orientado pelos agentes a fazer mais uma pausa. Sem questionar, ele acatou a recomendação. "O descanso é tudo na viagem", afirmou.
A fiscalização na rodovia Presidente Dutra segue intensificada, buscando garantir mais segurança nas estradas e reduzir o número de acidentes causados pela exaustão dos motoristas.