Metade dos professores já sofreu algum tipo de violência no Brasil, diz estudo
Dados também apontaram que oito em cada dez docentes já pensaram em abandonar a licenciatura
Um estudo do Sindicado das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior do Estado de São Paulo (Semesp) revelou que cerda da metade dos professores já sofreu algum tipo de violência. Os dados também apontaram que oito em cada dez docentes já pensaram em abandonar a licenciatura.
Há cinco anos, Kátia Sartori foi agredida por um aluno numa escola em que trabalhava em Campinas, no interior de São Paulo. Ela não esquece o ocorrido.
"Tive um aluno que já era bastante agressivo, ele tinha vários sinais de irritação. Naquele dia ele estava completamente irritado, levantou xingando tudo. Eu fui questioná-lo. Ele me empurrou, me jogou para cima das mesas da sala de aula e saiu", conta a professora, em entrevista ao SBT.
A pesquisa foi realizada tanto na rede pública quanto na rede privada de ensino. Cerca de metade dos professores relata ter sofrido algum tipo de violência no ambiente escolar. Além disso, 80% deles já pensaram em desistir da profissão.
"A grande maioria são agressões verbais, mas tem até casos de violência física, seja porque o professor chamou a atenção ou deu alguma nota ruim, etc.", disse Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Semesp.
Dos entrevistados, 95% disseram ter notado um aumento do desinteresse dos alunos pelo aprendizado – um ciclo vicioso que também pode causar uma queda do número de educadores a médio e longo prazo.
"A gente prevê que em 2040 teremos falta de uns 240 mil professores na educação básica devido ao desinteresse", alertou Capelato.
Para Kátia, esses problemas também podem interferir na perspectiva dos alunos em relação ao futuro.
"Esse nível de ansiedade é muito evidente. E acho que isso está combinado também com a questão da perspectiva. Perde-se um pouco dessa relação, com a importância do significado que eles estão vendo na escola", conclui.