Manejo permite crescimento da população de Pirarucu a 25% ao ano na Amazônia
Peixe que já correu risco de extinção e é símbolo da região, volta a beneficiar milhares de famílias de pescadores
Mayra Leal
A população do Pirarucu, um dos peixes que são símbolo da Amazônia, está crescendo 25% ao ano na região. O crescimento beneficia a mais de mil e seiscentos pescadores. E afasta cada vez mais o risco de extinção da espécie.
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Na região do médio Solimões, que compreende treze municípios do Amazonas, a pesca exploratória do pirarucu, um dos maiores peixes de água doce do Brasil e um símbolo da amazônia, deu lugar à atividade de manejo. O programa, coordenado pelo Instituto Mamirauá, ajudou a preservar a espécie, que chegou a ser ameaçada de extinção Mais de mil e seiscentos pescadores são beneficiados.
"O objetivo inicial era a regulamentação da pesca do pirarucu; a retomada da exploração comercial que aconteceu só que em níveis sustentáveis; essa era a nova proposta e isso já deu sinais de recuperação nos primeiros anos de manejo; a geração de renda e o objetivo da conservação" - Ana Cláudia Torres, coordendora do programa de manejo do instituto Mamirauá
Crescimento
Em vinte e quatro anos, a produção do pirarucu cresceu seiscentos e vinte por cento. Na amazônia, de acordo com o instituto, de dezembro a maio, no chamado período de defeso, a pesca é proibida. No resto do ano, só podem ser retirados da natureza pirarucus que medem mais de um metro e meio. Além disso, foram estabelecidas cotas de extração: até trinta por cento dos peixes adultos em cada lago.
O manejador Willian, da reserva de desenvolvimento sustentável Amanã, conta que o programa ajudou a organizar e a democratizar a pesca.
"Sem ser no manejo, não tem regra né, cada um tira o que pode tirar, não tá nem aí com a preocupação se vai ficar, se não vai ficar, quanto mais retirar pra ele melhor e dentro do manejo não, nós temos todo esse acompanhamento de vigilância, de contagem, não tirar além daquilo que o ambiente suporta" - William Carlos, manejador
Outra possibilidade de manejo legal do pirarucu é a piscicultura. No Pará, na cidade de Benevides, o peixe é produzido em tanques suspensos. A área é pequena, mas permite uma produção vasta.
"A gente consegue aí quase quarenta toneladas num pequeno espaço com quatorze, quinze tanques de lona suspensa que a gente tem agora: é um peixe fantástico, em doze anos você sai de duzentas gramas pra dez mil gramas, não tem outro peixe que consiga fazer isso tudo", diz o piscicultor Eduardo Arima.