Manaus sofre com chuvas e deslizamentos
Quase mil e setecentas áreas de risco são monitoradas; prefeitura anuncia sistema de alerta
SBT Brasil
"Apagou tudo. Quando me tiraram, eu dei uma reanimada". A frase é do autônomo Felipe Silva, que sobreviveu a um dos desmoronamentos de terras que aconteceram recentemente em Manaus. Ele é marido da líder comunitária Sammya Maciel, e ajudava moradores a retirarem a água da chuva de dentro das casas quando foi soterrado.
"Quando me tiraram da lama eu só queria saber dela. Onde está a Sammya? Foi quando viram ela lá no alto, soterrada. A gente correu pra salvar ela, mas não deu".
Sammya foi arrastada por vários metros em meio aos escombros das casas e lama do barranco.
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Riscos de deslizamento
No ano passado, o governo federal contabilizou quase dois mil municípios, em todo o país, com riscos de deslizamentos. Manaus é um deles. O prefeito David Almeida anunciou a instalação de um sistema de monitoramento, nas próximas semanas, para alertar a população com antecedência.
"Com até seis horas de antecedência ele diz o local que vai chover, a quantidade que vai chover e o horário que vai chover. Então, a precisão é de aproximadamente 90%. Dessa forma a gente vai ter elementos suficientes para poder antecipar aos problemas que possam surgir futuramente", afirmou.
Ocupação ilegal
Quando uma área é ocupada ilegalmente, costuma-se retirar primeiro a vegetação. Sem a proteção natural das encostas, a situação piora ao longo dos anos. Manaus cresceu de forma desordenada. Boa parte dos bairros surgiu de invasões de terras, sem planejamento. E a ausência de políticas públicas reflete o risco de morte.
Para Helso do Carmo, especialista em políticas habitacionais, as áreas de risco são um reflexo da falta de projetos de moradia. "Se você colocar a mão na obra e começar a priorizar moradias populares, baixo financiamento sem honerar quem está mudando, eu acho que se resolve isto a médio prazo. Médio prazo eu boto aí uns 20 ou 30 anos, né? A curto prazo não tem como resolver isso", afirmou.
