Mais de metade dos alunos do ensino médio têm nível de aprendizagem abaixo do básico em matemática e português, revela pesquisa
Escolas buscam soluções para melhorar aprendizagem das matérias essenciais para vivência
Flavia Travassos
Lucio Sturm
Uma pesquisa do Instituto Todos pela Educação aponta que 59% dos alunos que cursam o ensino médio estão com o nível de aprendizagem em matemática abaixo do básico. Em língua portuguesa, o percentual é de 33%. Isso significa que muitos estudantes não conseguem escrever, interpretar textos nem fazer contas com precisão.
Apenas 5% dos alunos do 3º ano do ensino médio apresentaram aprendizagem considerada adequada em matemática. Já na rede privada, o resultado foi melhor: 30% conquistaram desempenho adequado no mesmo nível da educação básica.
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"Quando o estudante vem de uma aprendizagem comprometida quando jovem, ele carrega para o resto da vida. Eu estou falando de estudantes que no quinto ano não sabem ler nem escrever, ou que terminam o terceiro do ensino médio sem noções básicas de matemática. Isso é carregado para a vida, com impacto negativo", explica Manoela Miranda, do Instituto Todos Pela Educação.
Ranking
Os estados que concentram o maior número de estudantes do terceiro ano do ensino médio da rede pública com aprendizado abaixo do básico em língua portuguesa são: Bahia, Roraima, Amazonas e Maranhão, onde a situação é mais grave.
"Acho que é bem preocupante pensar que uma boa parte do nosso país não consegue fazer o básico. Isso pode piorar nosso futuro", reflete Felipe Ferrarezi, de 14 anos.
Outro dado preocupante é que o nível de aprendizagem de crianças pardas, pretas e indígenas é inferior ao de estudantes brancos. Essa diferença aumentou depois da pandemia da Covid-19. Os próprios alunos reconhecem o prejuízo.
"Foi muito difícil adaptar. Não conseguia prestar atenção direito, muita coisa atrapalhava", relembra Caue Aragão, de 14 anos.
Aula extra
Para tentar mudar essa realidade, uma escola municipal em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo, desenvolve projetos de apoio escolar, como o "Vestibulinho", para alunos do último ano do ensino médio. São quatro aulas a mais por semana, focadas em matemática e português.
"É potencializar essa aprendizagem. A gente perdeu muito no pós-pandemia, essa capacidade de aprender ficou um pouco esquecida por parte do aluno que ficou na pandemia com as aulas remotas", avalia Fabiano Augusto João, secretário de Educação de São Caetano do Sul.
Os estudantes sabem que investir hoje pode fazer toda a diferença amanhã. "É importante porque vai nos ajudar a agregar no conteúdo e futuramente no emprego", acredita Giovana Amaral, de 14 anos, aluna do nono ano.